Revista espírita — Jornal de estudos psicológicos — 1863
Versão para cópiaCapítulo XXXV
Abril - Variedades
Abril
Temas Relacionados:
Lê-se em o Siècle de 23 de março de 1862:
O casal C..., residente na Rua Notre-Dame de Nazareth, tinha dois filhos, um garoto de quinze meses e uma menina de cinco anos, que nunca eram vistos, pois ninguém ia à casa deles. Só uma vez a viram, amarrada pelas axilas e pendurada numa porta, e com frequência ouviam gemidos saindo do apartamento. Correu o boato de que ela sofria um tratamento odioso. O comissário de polícia foi até lá e teve que usar da força para entrar.
Aos olhos das pessoas que entraram apresentou-se um espetáculo horroroso. A pobre menina estava sem camisa e sem meias, apenas com um vestidinho indiano de uma sujeira repugnante. A carne dos pés havia aderido ao couro dos sapatos. Ela estava sentada num urinol, apoiada numa caixa amarrada com cordas que passavam pelas alças. Ressalta do inquérito que há vários meses ela estava nessa posição, o que havia produzido uma hérnia do reto; que os pais se levantavam à noite para atormentar a vítima; que a despertavam com pancadas, a mulher com tenazes e o cabo do espanador, e o marido com uma corda. Às perguntas do comissário, o marido respondeu: “Senhor, eu sou muito religioso. Minha filha fazia mal as preces, por isso quis corrigi-la.”
Que diria o autor do artigo supracitado sobre os suicidas de Tours, se se imputasse à religião esta barbaridade de gente que se diz muito religiosa? O ato daquela mãe que matou seus cinco filhos para mandá-los mais cedo ao Céu? O da jovem criada que, tomando ao pé da letra o ensino do Cristo: “Se tua mão direita te escandaliza, corta-a”, cortou a mão a golpes de machado? Ele responderia que não basta dizer-se religioso, mas que é preciso sê-lo na boa acepção; que não se deve tirar uma consequência geral de um fato isolado. Nós somos desta opinião, e lhe mandamos esta resposta a respeito de suas imputações contra o Espiritismo, a propósito de pessoas que dele tomam apenas o nome.
O casal C..., residente na Rua Notre-Dame de Nazareth, tinha dois filhos, um garoto de quinze meses e uma menina de cinco anos, que nunca eram vistos, pois ninguém ia à casa deles. Só uma vez a viram, amarrada pelas axilas e pendurada numa porta, e com frequência ouviam gemidos saindo do apartamento. Correu o boato de que ela sofria um tratamento odioso. O comissário de polícia foi até lá e teve que usar da força para entrar.
Aos olhos das pessoas que entraram apresentou-se um espetáculo horroroso. A pobre menina estava sem camisa e sem meias, apenas com um vestidinho indiano de uma sujeira repugnante. A carne dos pés havia aderido ao couro dos sapatos. Ela estava sentada num urinol, apoiada numa caixa amarrada com cordas que passavam pelas alças. Ressalta do inquérito que há vários meses ela estava nessa posição, o que havia produzido uma hérnia do reto; que os pais se levantavam à noite para atormentar a vítima; que a despertavam com pancadas, a mulher com tenazes e o cabo do espanador, e o marido com uma corda. Às perguntas do comissário, o marido respondeu: “Senhor, eu sou muito religioso. Minha filha fazia mal as preces, por isso quis corrigi-la.”
Que diria o autor do artigo supracitado sobre os suicidas de Tours, se se imputasse à religião esta barbaridade de gente que se diz muito religiosa? O ato daquela mãe que matou seus cinco filhos para mandá-los mais cedo ao Céu? O da jovem criada que, tomando ao pé da letra o ensino do Cristo: “Se tua mão direita te escandaliza, corta-a”, cortou a mão a golpes de machado? Ele responderia que não basta dizer-se religioso, mas que é preciso sê-lo na boa acepção; que não se deve tirar uma consequência geral de um fato isolado. Nós somos desta opinião, e lhe mandamos esta resposta a respeito de suas imputações contra o Espiritismo, a propósito de pessoas que dele tomam apenas o nome.