Revista espírita — Jornal de estudos psicológicos — 1865
Versão para cópiaCapítulo LXXVI
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Vossos filhos e vossas filhas profetizarão
O Sr. Delanne, que muitos de nossos leitores já conhecem, tem um filho de oito anos. Esse menino, que a cada instante ouve falar do Espiritismo em sua família, e que muitas vezes assiste às reuniões dirigidas por seu pai e sua mãe, assim cedo se viu iniciado na Doutrina, e surpreende pela justeza com que discute os seus princípios. Isto nada tem de surpreendente, pois é a penas o eco das ideias com que foi embalado. Mas, não é esse o objetivo deste artigo: é apenas a introdução no tema do fato que vamos relatar e que tem cabida nas circunstâncias atuais.
As reuniões do Sr. Delanne são graves, sérias e conduzidas com uma ordem perfeita, como devem ser todas aquelas nas quais se quer colher frutos. Embora as comunicações escritas ali ocupem o primeiro lugar, eles também se ocupam, acessoriamente e a título de instrução complementar, de manifestações físicas e tiptológicas, porém a título de ensinamento, e nunca como objeto de curiosidade. Dirigidas com método e recolhimento e sempre apoiadas em algumas explicações teóricas, elas estão nas condições desejadas para levar à convicção, pelas impressões que produzem. É em tais condições que as manifestações físicas são realmente úteis; elas falam ao espírito e impõem silêncio à troça. A gente se sente em presença de um fenômeno cuja profundidade se entrevê e que até afasta a ideia da brincadeira. Se estas espécies de manifestações, de que tanto se tem abusado, fossem sempre apresentadas dessa maneira, em vez de serem um divertimento e pretexto para perguntas fúteis, a crítica não as teria taxado de charlatanice. Infelizmente, muitas vezes dão ensejo a isso.
O filho do Sr. Delanne muitas vezes participara dessas manifestações e, influenciado pelo bom exemplo, as considerava como coisa séria.
Um dia ele se achava em casa de uma pessoa conhecida e brincava no pátio da casa com sua priminha de cinco anos e dois meninos, um de sete e outro de quatro anos. Uma senhora que morava no rés-do-chão os convidou a entrar em sua casa e lhes deu bombons. As crianças, como se pode imaginar, não se fizeram de rogadas.
A senhora perguntou ao filho do Sr. Delanne:
─ Como te chamas, meu filho?
─ Eu me chamo Gabriel, senhora.
─ Que faz teu pai?
─ Senhora, meu pai é espírita.
─ Eu não conheço essa profissão.
─ Mas, senhora, não é uma profissão; meu pai não é pago para isto, ele o faz com desinteresse e para fazer o bem aos homens.
─ Meu rapazinho, não sei o que queres dizer.
─ Como! Jamais ouvistes falar das mesas girantes?
─ Então, meu amigo, bem gostaria que teu pai estivesse aqui para fazê-las girar.
─ Não precisa, senhora, eu mesmo tenho o poder de fazê-las girar.
─ Então, queres experimentar e me mostrar como se procede?
─ Com muito prazer, senhora.
Dito isto, ele se sentou ao pé de uma mesinha da sala e fez se sentarem os seus três amiguinhos; e eis os quatro gravemente pondo as mãos sobre a mesa. Gabriel fez uma evocação, em tom muito sério e com recolhimento. Mal terminou, para grande estupefação da senhora e das crianças, a mesa ergueu-se e bateu com força.
─ Perguntai, senhora, disse Gabriel, quem vem responder pela mesa.
A vizinha interrogou e a mesa soletrou as palavras: teu pai. A senhora empalideceu de emoção. Ela continuou:
─ Então, meu pai, podes dizer se devo mandar a carta que acabo de escrever?
─ Sim, sem falta, respondeu a mesa.
─ Para me provar que és tu, meu bom pai, que estás aí, poderias dizer-me há quantos anos estás morto?
Logo a mesa bateu oito pancadas bem acentuadas. Estava correto o número de anos.
─ Poderias dizer-me teu nome e o da cidade onde morreste?
A mesa soletrou esses dois nomes.
As lágrimas jorraram dos olhos daquela senhora, que não pôde continuar, aterrada por essa revelação e dominada pela emoção.
Seguramente este fato desafia toda suspeita de preparação do instrumento, de ideia preconcebida e de charlatanismo. Também não se podem pôr os dois nomes soletrados à conta do acaso. Duvidamos muito que essa senhora tivesse recebido tamanha impressão numa das sessões dos Srs. Davenport, ou em qualquer outra do mesmo gênero. Ademais, não é a primeira vez que a mediunidade se revela em crianças, na intimidade das famílias. Não é o cumprimento daquelas palavras proféticas: Vossos filhos e vossas filhas profetizarão? (At2:17 ).
As reuniões do Sr. Delanne são graves, sérias e conduzidas com uma ordem perfeita, como devem ser todas aquelas nas quais se quer colher frutos. Embora as comunicações escritas ali ocupem o primeiro lugar, eles também se ocupam, acessoriamente e a título de instrução complementar, de manifestações físicas e tiptológicas, porém a título de ensinamento, e nunca como objeto de curiosidade. Dirigidas com método e recolhimento e sempre apoiadas em algumas explicações teóricas, elas estão nas condições desejadas para levar à convicção, pelas impressões que produzem. É em tais condições que as manifestações físicas são realmente úteis; elas falam ao espírito e impõem silêncio à troça. A gente se sente em presença de um fenômeno cuja profundidade se entrevê e que até afasta a ideia da brincadeira. Se estas espécies de manifestações, de que tanto se tem abusado, fossem sempre apresentadas dessa maneira, em vez de serem um divertimento e pretexto para perguntas fúteis, a crítica não as teria taxado de charlatanice. Infelizmente, muitas vezes dão ensejo a isso.
O filho do Sr. Delanne muitas vezes participara dessas manifestações e, influenciado pelo bom exemplo, as considerava como coisa séria.
Um dia ele se achava em casa de uma pessoa conhecida e brincava no pátio da casa com sua priminha de cinco anos e dois meninos, um de sete e outro de quatro anos. Uma senhora que morava no rés-do-chão os convidou a entrar em sua casa e lhes deu bombons. As crianças, como se pode imaginar, não se fizeram de rogadas.
A senhora perguntou ao filho do Sr. Delanne:
─ Como te chamas, meu filho?
─ Eu me chamo Gabriel, senhora.
─ Que faz teu pai?
─ Senhora, meu pai é espírita.
─ Eu não conheço essa profissão.
─ Mas, senhora, não é uma profissão; meu pai não é pago para isto, ele o faz com desinteresse e para fazer o bem aos homens.
─ Meu rapazinho, não sei o que queres dizer.
─ Como! Jamais ouvistes falar das mesas girantes?
─ Então, meu amigo, bem gostaria que teu pai estivesse aqui para fazê-las girar.
─ Não precisa, senhora, eu mesmo tenho o poder de fazê-las girar.
─ Então, queres experimentar e me mostrar como se procede?
─ Com muito prazer, senhora.
Dito isto, ele se sentou ao pé de uma mesinha da sala e fez se sentarem os seus três amiguinhos; e eis os quatro gravemente pondo as mãos sobre a mesa. Gabriel fez uma evocação, em tom muito sério e com recolhimento. Mal terminou, para grande estupefação da senhora e das crianças, a mesa ergueu-se e bateu com força.
─ Perguntai, senhora, disse Gabriel, quem vem responder pela mesa.
A vizinha interrogou e a mesa soletrou as palavras: teu pai. A senhora empalideceu de emoção. Ela continuou:
─ Então, meu pai, podes dizer se devo mandar a carta que acabo de escrever?
─ Sim, sem falta, respondeu a mesa.
─ Para me provar que és tu, meu bom pai, que estás aí, poderias dizer-me há quantos anos estás morto?
Logo a mesa bateu oito pancadas bem acentuadas. Estava correto o número de anos.
─ Poderias dizer-me teu nome e o da cidade onde morreste?
A mesa soletrou esses dois nomes.
As lágrimas jorraram dos olhos daquela senhora, que não pôde continuar, aterrada por essa revelação e dominada pela emoção.
Seguramente este fato desafia toda suspeita de preparação do instrumento, de ideia preconcebida e de charlatanismo. Também não se podem pôr os dois nomes soletrados à conta do acaso. Duvidamos muito que essa senhora tivesse recebido tamanha impressão numa das sessões dos Srs. Davenport, ou em qualquer outra do mesmo gênero. Ademais, não é a primeira vez que a mediunidade se revela em crianças, na intimidade das famílias. Não é o cumprimento daquelas palavras proféticas: Vossos filhos e vossas filhas profetizarão? (At
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