Revista espírita — Jornal de estudos psicológicos — 1866
Versão para cópiaCapítulo XLVI
Junho - Notícias bibliográficas
Junho
Notícias bibliográficas
Os Evangelhos explicados (Pelo Sr. Roustaing) (1)
Esta obra compreende a explicação e a interpretação dos Evangelhos, artigo por artigo, com a ajuda de comunicações ditadas pelos Espíritos. É um trabalho considerável que tem, para os espíritas, o mérito de não estar, em nenhum ponto, em contradição com a doutrina ensinada em O Livro dos Espíritos e O Livro dos Médiuns. As partes correspondentes às que tratamos em O Evangelho segundo o Espiritismo o são em sentido análogo. Ademais, como nos limitamos às máximas morais que, com raras exceções, são geralmente claras, estas não poderiam ser interpretadas de diversas maneiras; assim, jamais foram assunto para controvérsias religiosas. É por esta razão que por aí começamos, a fim de ser aceito sem contestação, esperando, quanto ao resto, que a opinião geral estivesse mais familiarizada com a ideia espírita.
O autor desta nova obra julgou que deveria seguir um outro caminho. Em vez de proceder gradualmente, ele quis atingir a meta de um salto. Assim, tratou certas questões que não julgamos oportuno abordar ainda, e das quais, por consequência, lhe deixamos a responsabilidade, como aos Espíritos que as comentaram. Consequente com o nosso princípio, que consiste em regular a nossa marcha pelo desenvolvimento da opinião, até nova ordem não daremos às suas teorias nem aprovação nem desaprovação, deixando ao tempo o trabalho de sancioná-las ou contraditá-las. Convém, pois, considerar essas explicações como opiniões pessoais dos Espíritos que as formularam, opiniões que podem ser justas ou falsas, e que, em todo caso, necessitam da sanção do controle universal, e até mais ampla confirmação, não poderiam ser consideradas como partes integrantes da Doutrina Espírita.
Quando tratarmos destas questões fá-lo-emos decididamente. É que então teremos recolhido documentos bastante numerosos nos ensinos dados de todos os lados pelos Espíritos, a fim de poder falar afirmativamente e ter a certeza de estar de acordo com a maioria. É assim que temos feito, todas as vezes que se trata de formular um princípio capital. Dissemos cem vezes que para nós a opinião de um Espírito, seja qual for o nome que ele traga, tem apenas o valor de uma opinião individual. Nosso critério está na concordância universal, corroborada por uma rigorosa lógica, para as coisas que não podemos controlar com os próprios olhos. De que nos serviria dar prematuramente uma doutrina como uma verdade absoluta, se mais tarde devesse ser combatida pela generalidade dos Espíritos?
Dissemos que o livro do Sr. Roustaing não se afasta dos princípios do Livro dos Espíritos e do Livro dos Médiuns. Nossas observações são feitas sobre a aplicação desses mesmos princípios à interpretação de certos fatos. É assim, por exemplo, que ele dá ao Cristo, em vez de um corpo carnal, um corpo fluídico concretizado, com todas as aparências da materialidade e dele faz um agênere. Aos olhos dos homens que não tivessem então podido compreender sua natureza espiritual, ele deve ter passado EM APARÊNCIA ─ expressão incessantemente repetida no curso de toda a obra ─ por todas as vicissitudes da Humanidade. Assim seria explicado o mistério de seu nascimento: Maria teria tido apenas as aparências da gravidez. Posto como premissa e pedra angular, este ponto é a base em que ele se apoia para a explicação de todos os fatos extraordinários ou miraculosos da vida de Jesus.
Sem dúvida, nisto nada há de materialmente impossível para quem quer que conheça as propriedades do envoltório perispiritual. Sem nos pronunciarmos pró ou contra essa teoria, diremos que ela é no mínimo hipotética, e que se um dia fosse reconhecida errônea, por falta de base, o edifício desabaria. Esperamos, pois, os numerosos comentários que ela não deixará de provocar da parte dos Espíritos, e que contribuirão para elucidar a questão. Sem prejulgá-la, diremos que já foram feitas objeções sérias a essa teoria e que, em nossa opinião, os fatos podem ser perfeitamente explicados sem sair das condições da humanidade corporal.
Estas observações, subordinadas à sanção do futuro, em nada diminuem a importância da obra que, ao lado de coisas duvidosas, em nosso ponto de vista, encerra outras incontestavelmente boas e verdadeiras, e será consultada com proveito pelos espíritas sérios.
Se o conteúdo de um livro é o principal, a forma não deve ser desdenhada, pois contribui com algo para o sucesso. Achamos que certas partes são desenvolvidas muito extensamente, sem proveito para a clareza. A nosso ver, se fosse limitada ao estritamente necessário, a obra poderia ter sido reduzida a dois, ou mesmo a um só volume, e teria ganho em popularidade.
O autor desta nova obra julgou que deveria seguir um outro caminho. Em vez de proceder gradualmente, ele quis atingir a meta de um salto. Assim, tratou certas questões que não julgamos oportuno abordar ainda, e das quais, por consequência, lhe deixamos a responsabilidade, como aos Espíritos que as comentaram. Consequente com o nosso princípio, que consiste em regular a nossa marcha pelo desenvolvimento da opinião, até nova ordem não daremos às suas teorias nem aprovação nem desaprovação, deixando ao tempo o trabalho de sancioná-las ou contraditá-las. Convém, pois, considerar essas explicações como opiniões pessoais dos Espíritos que as formularam, opiniões que podem ser justas ou falsas, e que, em todo caso, necessitam da sanção do controle universal, e até mais ampla confirmação, não poderiam ser consideradas como partes integrantes da Doutrina Espírita.
Quando tratarmos destas questões fá-lo-emos decididamente. É que então teremos recolhido documentos bastante numerosos nos ensinos dados de todos os lados pelos Espíritos, a fim de poder falar afirmativamente e ter a certeza de estar de acordo com a maioria. É assim que temos feito, todas as vezes que se trata de formular um princípio capital. Dissemos cem vezes que para nós a opinião de um Espírito, seja qual for o nome que ele traga, tem apenas o valor de uma opinião individual. Nosso critério está na concordância universal, corroborada por uma rigorosa lógica, para as coisas que não podemos controlar com os próprios olhos. De que nos serviria dar prematuramente uma doutrina como uma verdade absoluta, se mais tarde devesse ser combatida pela generalidade dos Espíritos?
Dissemos que o livro do Sr. Roustaing não se afasta dos princípios do Livro dos Espíritos e do Livro dos Médiuns. Nossas observações são feitas sobre a aplicação desses mesmos princípios à interpretação de certos fatos. É assim, por exemplo, que ele dá ao Cristo, em vez de um corpo carnal, um corpo fluídico concretizado, com todas as aparências da materialidade e dele faz um agênere. Aos olhos dos homens que não tivessem então podido compreender sua natureza espiritual, ele deve ter passado EM APARÊNCIA ─ expressão incessantemente repetida no curso de toda a obra ─ por todas as vicissitudes da Humanidade. Assim seria explicado o mistério de seu nascimento: Maria teria tido apenas as aparências da gravidez. Posto como premissa e pedra angular, este ponto é a base em que ele se apoia para a explicação de todos os fatos extraordinários ou miraculosos da vida de Jesus.
Sem dúvida, nisto nada há de materialmente impossível para quem quer que conheça as propriedades do envoltório perispiritual. Sem nos pronunciarmos pró ou contra essa teoria, diremos que ela é no mínimo hipotética, e que se um dia fosse reconhecida errônea, por falta de base, o edifício desabaria. Esperamos, pois, os numerosos comentários que ela não deixará de provocar da parte dos Espíritos, e que contribuirão para elucidar a questão. Sem prejulgá-la, diremos que já foram feitas objeções sérias a essa teoria e que, em nossa opinião, os fatos podem ser perfeitamente explicados sem sair das condições da humanidade corporal.
Estas observações, subordinadas à sanção do futuro, em nada diminuem a importância da obra que, ao lado de coisas duvidosas, em nosso ponto de vista, encerra outras incontestavelmente boas e verdadeiras, e será consultada com proveito pelos espíritas sérios.
Se o conteúdo de um livro é o principal, a forma não deve ser desdenhada, pois contribui com algo para o sucesso. Achamos que certas partes são desenvolvidas muito extensamente, sem proveito para a clareza. A nosso ver, se fosse limitada ao estritamente necessário, a obra poderia ter sido reduzida a dois, ou mesmo a um só volume, e teria ganho em popularidade.
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(1) Os Quatro Evangelhos, seguidos dos mandamentos explicados em espírito e em verdade pelos evangelistas, assistidos pelos apóstolos. Recolhidos e postos em ordem por J. B. Roustaing, advogado na corte imperial de Bordeaux, antigo chefe da ordem. — 3 vols. in-12 — Pr. 10 fr. 50 Paris, Librairie centrale, 24, boulevard des italiens. — Bordeaux, todos os livreiros.