Atendimento Fraterno

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CAPÍTULO 4
Ilustração tribal

PERFIL DO ATENDENTE FRATERNO


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Equipe do Projeto Uma descoberta importante feita por profissionais da Psicologia foi que a eficácia da ajuda possível de ser prestada a alguém por um terapeuta não depende tanto da escola psicológica a que o mesmo está vinculado mas, sobretudo, a valores subjetivos relacionados com o seu comportamento — diríamos, seu carisma, o amor que irradia — que o torna uma pessoa dotada de qualidades inter-pessoais relevantes e qualidades intímas (força interior) que o credenciam para o trabalho.


Em sendo uma pessoa tolerante (sem ser conivente), expressará um respeito e uma aceitação incondicionais em relação ao ajudado, separando sempre o ser, o Espírito, da problemática que o inquieta, que deverá ser vista como um jugo, um acessório incômodo que a personalidade assumiu e, portanto, temporário, que nada tem a ver com aquele ser de humanas paixões, mas de essência divina,

que lhe cabe amar com todas as veras de seu sentimento.

De posse dessa compreensão terá facilidade em ser autêntico (sem ser grosseiro), pois no espaço do Atendimento Fraterno não há campo para dissimulação da parte de quem atende, que deverá expressar sentimentos com sinceridade e interesse real de ajudar.

Quando dizemos sinceridade, não estamos aconselhando que a pretexto de ser real, se deixe de guardar as conveniências e o bom tom.

O atendente fraterno será sempre uma pessoa comedida e discreta, dosando aquela informação cujo teor integral o ajudado não teria ainda condições de suportar. Somente assim ele inspirará confiança e perceberá adequadamente os sentimentos e emoções do outro a quem ajuda, recebendo a inspiração dos bons Espíritos e transformando aquela vivência confusa e deformada da pessoa a quem atende em algo compreensível e passível de renovação.

É um dos objetivos do Atendimento Fraterno levar o atendido a essa compreensão de si mesmo (ainda que em níveis superficiais, no início) para que ele atendido — seja capaz de flexibilizar suas crenças pouco racionais e lógicas e alterar os seus valores, a forma de ver a vida e a própria situação, tornando-se mais otimista, para, a partir daí, fazer uma programação de vida, traçar um roteiro evolutivo que envolva a superação das dificuldades na ocasião apresentadas.

Não cabe ao atendente fraterno passar receitas prontas, encaminhar soluções que saiam exclusivamente de sua cabeça. É preciso a adesão, a "cumplicidade" do atendido, que deverá estar disposto a assumir a rédea da própria vida. Bom mesmo será quando o ajudado tomar a orientação que recebe (discretamente) como uma descoberta sua, porque, nesse caso, ele se aplicará com mais energia ao esforço pela superação de obstáculos.

Voltaremos a esse assunto mais adiante, no capítulo seguinte.

É da responsabilidade da Direção da Casa estabelecer o perfil ideal do atendente fraterno, que será passado ao Coordenador do serviço que, por sua vez, se incumbirá de organizar um processo seletivo capaz de identificar esses valores humanos e incorporá-los ao trabalho.

Digamos que um perfil apropriado englobaria duas ordens de requisitos: os humanos básicos e os de natureza doutrinária.

Entre os primeiros alinham-se as seguintes qualidades: saber ajudar-se, ou seja, a pessoa já ter uma equação de vida bem delineada; interesse fraternal por outras pessoas, que sintetizaremos com a expressão: gostar de gente; bom repertório de conhecimentos, não apenas do ponto de vista informativo mas também vivencial; hábito de oração e de estudo — oração para mantê-lo na sintonia com os bons Espíritos, e estudo para mantê-lo atualizado e em condição de compreender as pessoas; ser pessoa moralizada, ou seja, estar conscientemente vivendo mais em função da essência — o Espírito — que da aparência — a vida transitória do corpo e dos prazeres —; equanimidade, ponderação, equilíbrio emocional, paciência e segurança, que constituem um leque de conquistas emocionais e psíquicas que o capacitam a lidar com situações desafiadoras.

Entre os requisitos doutrinários ou relacionados com a vivência espírita incluiríamos: integração nas atividades do Centro e conhecimento da sua estrutura de funcionamento; familiaridade com o Evangelho de Jesus; conhecimento da Doutrina Espírita — obras básicas da Codificação e obras complementares sobre mediunidade e obsessão/desobsessão, especialmente as de André Luiz e de Manoel Philomeno de Miranda; obras sobre educação e comportamento humano — e, por fim, competência para aplicar passes.

No primeiro grupo de requisitos, os referentes às qualidades humanas, inúmeras outras além das apresentadas poderiam ser aventadas. Em verdade, toda e qualquer qualidade humana soma para a eficiência do atendimento.

A nossa intenção não é, nem poderia ser, esgotálas, mas levantar o rol das principais, segundo nossa óptica.

Algumas qualidades e requisitos não foram inclui-dos por estarem relacionados com o próprio crescimento do atendente na tarefa e que se adquirem com a prática. Entre estes está a empatia que é o sentir dentro, ou seja profundamente, a sensibilidade para intuir ou perceber a experiência do outro. Este tema será objeto de um estudo mais detalhado no capítulo 7.

O Atendimento Fraterno, conquanto seja uma atividade que requer dos atendentes a posse de habilidades interpessoais, na dinâmica da Casa Espírita assume um caráter eminentemente inspirativo, em que atendentes e atendidos são auxiliados pelos bons Espíritos que se vinculam à tarefa, os primeiros, recebendo intuições quanto à natureza dos problemas enfocados e as sugestões a serem fornecidas para a solução dos mesmos e os segundos, recebendo o apoio emocional indispensável, a fim de que tenham confiança para se desvelarem.



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