Atendimento Fraterno
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O SABER OUVIR
No desempenho da função do atendente fraterno, um fator muito importante é a qualidade do ato da audição: —ouvir bem.
Normalmente, as pessoas, embora procurando escutar atentamente, só se inteiram da metade do que ouvem. No período de minutos conservam somente um percentual muito baixo daquilo que ouviram.
Considerando-se a variedade e a qualidade de fatores que influem sobre a audição, ouvir é a habilidade mais descuidada da Comunicação Humana.
Retiramos de texto de autor anônimo os seguintes preciosos ensinamentos: "Ouvir é mais produtivo que falar, em todos os níveis.
A pessoa que sabe ouvir é mais simpática, conquista o interlocutor e, acima de tudo acrescenta ao seu próprio patrimônio cultural, a informação que o outro exterioriza".
Equipe do Projeto "Interromper constitui violação do principal objeto da comunicação humana na audição: fazer com que o outro fale.
Observações e comentários podem ser guardados até o final da exposição, quando sempre haverá tempo para dirimir dúvidas. " "Ouvir é renunciar.
É a mais alta forma de altruísmo, em tudo quanto essa palavra significa de amor e atenção ao próximo. " "O ato de ouvir, exige, de quem ouve, associar-se a quem fala.
É necessário empenho de quem fala para fazer-se compreender. " "Qualquer pessoa pode melhorar sua capacidade para ouvir.
Ouvir é uma técnica mental que pode ser aperfeiçoada em treinamento e prática. " Na predisposição para o ato de ouvir influem fatores fisicos e mentais.
FATORES FÍSICOS
—Temperatura: tanto o calor como o frio excessivos prejudicam a audição.
O calor irrita, e a irritação produz mal-estar, indisposição e cansaço. Por sua vez, o frio excessivo deprime levando a um baixo índice no ato de ouvir.
—Ruído: quando intenso, perturba a audição da mesma forma que o silêncio absoluto. Foram realizadas experiências com pessoas por técnicos em Comunicação Humana na área da audição, chegando-se à conclusão de não existir grande diferença no rendimento do ato de ouvir em ambiente barulhento ou silencioso, a depender da capacidade de ouvir bem de cada pessoa.
—Iluminação: local demasiadamente iluminado perturba a expressão facial e os gestos da pessoa que está falando, concorrendo para prejudicar a audição. Conveniente evitar-se a meia-luz, tratando-se de narrativas sérias, como no caso do Atendimento Fraterno, quando se exige a atenção de quem ouve e um controle e acompanhamento das expressões corporais do atendido.
Iluminação normal, portanto.
—Meio-ambiente: a preocupação com a preparação ambiental é imprescindível, não somente no seu aspecto físico, mas, sobretudo, no âmbito da psicosfera do local onde ocorre a relação de ajuda, pois os Mentores Espirituais do trabalho ajudam os atendentes, através da inspiração e da intuição.
Deve ser, portanto, um local onde não haja o transitar de pessoas, nem tampouco atividades incompatíveis com tarefas de ordem espiritual.
—Condições de Saúde: a capacidade de atenção de quem está ouvindo é afetada no processo da Comunicação Humana quando qualquer estado anormal de saúde física ou psicológica se implanta.
Por isso é recomendável que o Atendente Fraterno abstenha-se da tarefa quando doente ou mal humorado.
Em se tratando de deficiência auditiva, da parte do atendente ou do atendido, a relação de ajuda fica comprometida.
Por este motivo o aparelho auditivo deve merecer por parte do Atendente Fraterno uma avaliação periódica.
A deficiência inconsciente exerce influência sobre o sistema nervoso provocando reações imprevisíveis durante o inter-relacionamento.
Quem ouve mal, e não sabe, irrita-se com facilidade.
FATORES MENTAIS
—Indiferença: o atendente desinteressado não ouve bem. Nada pesa mais no auto-amor do atendido do que a indiferença com que está sendo ouvido. Quando se consegue deixar de lado o egoísmo, com o objetivo de ouvir, descobre-se que as pessoas merecem a nossa atenção e têm dificuldades e problemas que pretendem compartilhar conosco.
—Impaciência: o ato de ouvir exige, de quem ouve, associar-se a quem fala, e vice-versa. Necessário empenho de quem fala para fazer-se compreendido, e de quem ouve para compreender.
Qualquer emoção perturba o processo da audição. As impaciências são todas emocionais, portanto, desajustadoras do equilíbrio nervoso de quem está ouvindo.
—Preconceito: o antagonismo apaixonado impossibilita o ato de ouvir bem. A concordância irrefletida, também. A maior dificuldade na audição está na pessoa comportar-se objetivamente. Na sua impossibilidade, deve-se tentar a empatia, fazendo uma projeção imaginativa para colocar-se no lugar de quem está falando.
O preconceito distorce a audição e o ouvinte passa a concentrarse na procura de detalhes, de minúcias reais ou imagináveis, que lhe permitam refutar ou aceitar o que ouve.
—Preocupação: a palavra significa ocupação antecipada. Preocupar é prender a atenção em pensamentos que fervilham na mente da pessoa que está ouvindo. Com atenção presa a uma ocupação antecipada, não será possível ouvir bem. A audição é uma ocupação interna e exige atenção total. A preocupação é intermitente e, por norma, não se deve ouvir o atendido quando o ouvinte estiver preocupado.
Trata-se do silêncio mental que o atendente se deve esforçar por adquirir.
—Ansiedade: Um hábito que deve ser corrigido, O ouvinte ansioso para provar a sua rapidez de conclusão, antecipa as palavras do interlocutor, dizendo: "Já sei o que você vai dizer".
Como não poderia deixar de ser, equivoca-se por precipitação, enganando-se quanto ao que iria dizer a pessoa que faz a narrativa.
Isto demonstra dificuldade de concentração, provocando uma atenção difusa (e não dirigida) com características de desinteresse, indiferença e uma série de fatores que concorrem para se ouvir mal, sem que exista na pessoa que está ouvindo qualquer defeito do aparelho auditivo.
Como as pessoas estão mais propensas a falar do que a ouvir, habituadas a interromper, acontece um efeito desagradável, quando dois individuos resolvem falar ao mesmo tempo, convencidos de que se farão ouvir levantando o timbre de suas vozes.
EXERCÍCIO PRÁTICO
Consiste em um método bem simples, mas de resultados positivos, promover leituras de textos em voz alta, enquanto os demais concentram-se no que está sendo lido.
No final, cada um dos candidatos é convidado a fazer um resumo do que se acabou de ouvir.
Os resultados são comparados e comentados entre todos.
A experiência é repetida, até que o nível de compreensão e reprodução seja considerado satisfatório pelo grupo.
Bibliografia:
J. R. Whitakev Penteado. A Técnica da Comunicação Humana — Livraria Pioneira Editora.