Celeiro de Bênçãos

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CAPÍTULO 58

Perto de Deus

Onde te encontres, o que faças, para onde fujas, estarás sempre perto de Deus. Por mais te rebeles em face do resultado dos julgamentos infelizes e precipitados, exames das circunstâncias e aparências, serás surpreendido pela presença de Deus. Face às conquistas enobrecedoras da inteligência e aos labores persistentes do sentimento engrandecido, não esqueças de que te encontras perto de Deus. Suportando o fardo das provações e desaires, jugulado a injustiças que te maceram e a aflições superlativas que te desanimam, recorda que estás, mesmo assim, perto de Deus. Quando a infâmia te ferir o imo, dilacerando as mais caras aspirações, ou quando o estrugir da tempestade moral danificar a tua paz, ou quando experimentando insuportável soledade do sentimento, no cárcere de indizível amargura, conserva a coragem, pois estás ainda assim perto de Deus. Surpreendido pelas contingências amargantes da vida em cujo carro segues no rumo da perfeição, confia, pois, perto de Deus, todas as coisas assumem configurações valiosas, se souberes conduzir o próprio comportamento... Afirmas que pagas alto preço de sofrimento pelo caminho humano em que jornadeias e asseveras que as dificuldades te assessoram sempre, travestindo-se e corporificando-se em várias expressões, o que atesta estares relegado ao abandono, ao esquecimento... Indagas, após a tragédia, onde estava o divino auxílio que te não alcançou e como considerar a celeste providência diante dos lastimáveis acontecimentos que te feriram amarga, profundamente?!... Confrontas a tua com outras vidas e facultas a demorada fixação da mágoa nos tecidos sutis do sentimento intoxicando-te a pouco e pouco, refletindo que saldas incalculável débito para sofreres tanto, irrompendo, caudalosa, a revolta interior que tisna lucidez e alegria, fazendo-te calceta... Não obstante, estás perto de Deus e tudo quanto acontece recebe dele a sanção. Não te equivoques com a precipitação de julgamento ou a alucinada interpretação das leis. O que te parece felicidade em muita gente, apenas parece. O júbilo dos outros, possívelmente não seja legítima alegria. A fortuna, a saúde, a fama, o destaque são pesada canga que nem toda criatura consegue suportar. Há muitos que estão destroçados pela constrição e peso dessa carga, aspirando à paz e lutando por necessário repouso interior. Conquistaram o mundo e perderam-se. Possuem muito e se fizeram possuir pelas coisas e fatores que os escravizam. Segue renovado, sem embargo à posição que ocupes, o lugar em que estejas, as penas que experimentes. O mal que te acontecer não é o pior, antes o mínimo que consegues suportar. As duras provas que sofras não serão as mais severas que te estão reservadas pelo impositivo da reencarnação. És espírito endividado, em rota redentora, sublimando-te e exercitando aprimoramento, corrigindo defeitos, ampliando aspirações.

Ausculta, desse modo, o pulsar da vida e exulta, seja como seja a tua existência, pois, seguindo sem receio, alcançarás a meta da felicidade sempre perto de Deus.



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