Espelhos da Alma: Uma Jornada Terapêutica

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CAPÍTULO 6
Ilustração tribal

PROBLEMATICIDADE OBSESSIVA


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A pugna se arrastava por mais de um decênio.

A portadora da alienação espiritual transitara por diversas Casas Espíritas. Submetera-se à terapêutica do passe, da água fluidificada; asseverava orar, estudar a Doutrina, participava dos labores mediúnicos...

O problema, não obstante, continuava.

Esclarecia viver assaltada por estranhas afeições, suportando com estoicismo astenia, desequilíbrio nervoso, palpitações.

Não raro se encontrava em crises, quais os extrasístoles que atestavam graves distúrbios circulatórios.

Era um sofrimento de longo porte.


Numa das reuniões especializadas, diante do verdugo desencarnado, responsável pela parasitose psíquica, após diálogo comovedor, como sucedera reiteradas vezes antes, o diretor dos trabalhos arrematou com humildade:

—Reconheço a minha ineficácia com você. Tentei os melhores argumentos de que me senti capaz; meditei com profundidade procurando encontrar em você um ponto vulnerável, sem qualquer êxito... Impossibilitado de lograr resultados, entrego-o a Jesus, a Ele suplicando tomar conta de você... "é pena que você deseje deter nas mãos a justiça que lhe não cabe executar.

Não compreendo porque o irmão a perturba, há tanto e se compraz nesse ciúme... " - Há um engano em tudo isto - redarguiu o desencarnado - pois hoje, graças à sua honestidade para comigo e para consigo própria, desejo esclarecer em definitivo. "A princípio odiei-a, sim.

Há razões que não convém aqui reexaminar... Lentamente, porém, ouvindo as narrações que se fazem nesta Sociedade, as respostas que colhi nos violentos diálogos que travei, mudei de opinião. Percebi que, perseguindo, não me desforçava, por sofrer, também... "Mudei intimamente, procurei reformar-me, comprometi-me deixá-la por conta da vida... Não logrei objetivo. Ela não me libertou. Detestando-me, evoca-me, prende-me nas teias do seu pensamento revoltado, culpa-me, injuria-me.

Ela, sim, que hoje não me libera... Peça-lhe, por Deus, para deixarme em paz. Não mais sou seu obsessor. Agora sou por ela obsidiado... " Calando-se, o espírito comunicante desprendeu-se do médium, cessando o transe.

Havia no ar, nos assistentes, expectativa e estupor.

À hora reservada aos comentários críticos dos labores da noite, o diretor narrou à enferma a ocorrência e interrogou-a, quanto à veracidade ou não das informações recebidas.

Para surpresa geral, a paciente, submissa e humilde, desvelou-se, passando a agredir verbalmente o opositor desencarnado, revelando a animosidade que mantinha em relação ao sofrimento e como desejava, a seu turno, desfocar-se do que afirmava serem os males que ele lhe infrigira nos demorados anos de luta...

Guardando a calma e a bondade, porém, o intérprete do Evangelho passou à doutrinação da encarnada, mais convicto de que, na problemática das obsessões, o incurso mais gravemente na dívida é sempre a aparente vítima que transita pelo corpo físico, em reajuste.

Nenhuma técnica de desobsessão surte efeito naquele paciente que não se renova nem se aprimora internamente.

Dor é sempre bênção que ninguém deve desconsiderar.

Obsessores e obsidiados são membros da mesma injunção dolorosa, recuperando-se perante a vida.

Ajudar uns e outros é compromisso de todos nós, igualmente necessitados de ajuda e esclarecimento.



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