Espírito e Vida

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CAPÍTULO 13

COM DIGNIDADE

O verdadeiro espírita jamais deixará de fazer o bem. Lenir corações aflitos, consolar, acalmar desesperos, operar reformas morais, essa a sua missão. É nisso tambem que encontrará satisfação real.


O LIVRO DOS MÉDIUNS 1a parte, Capítulo 3o — Item 30.

Queixosos expelem, intermináveis, o amargor das aflições, cultivando-as, no entanto, prazerosamente.

Conhecem os meios de libertação do sofrimento e se afervoram à insânia.

Pessimistas espalham fartamente a indigência moral a que se apegam, embora saibam que a esperança agasalhada no imo lhes concederia tranquilidade.

Enfermos insistem na descrição dos males a que se vinculam, apesar de identificarem nominalmente os antídotos para as mazelas que descrevem.

Viciados lamentam a própria "sina", enquanto se firmam nos propósitos da auto-piedade sem o menor esforço pela recuperação deles mesmos.

Sabem dos métodos curadores mas prosseguem inveterados.

Inquietos comentam a instabilidade emocional de que são vítimas, solicitando excusas, todavia perseveram na sementeira da irresponsabilidade como se ignorassem os males que praticam.

Mendigos da piedade exibem chagas imaginárias e enredam-se em problemas que estão longe de possuir.

Entretanto, podendo seguir a rota da ação enobrecedora, insistem no círculo estreito da infelicidade que engendram.

Outros mais, acalentando viciações mentais diversas formam a caravana dos cômodos da realização superior, aguardando comiseração e socorro que, no entanto, se negam a aceitar.

Solicitam auxílio dos outros e possuem em si mesmos os recursos necessários para o equilíbrio.

Desejam cooperação sem a ideia de oferecer pelo menos receptividade.

Pedem e não doam sequer a quota mínima de esperança.

São os que aprenderam felicidade pelas vias tormentosas da fraude.

Preferem o parasitismo.

Agradam-se em viver assim, vítimas hipotéticas da vida e da Lei Divina, herdeiros, porém, da preguiça que elegem como nubente ideal.

Estão sempre contra, do outro lado, revoltados, quando a migalha da compaixão real de alguém ou da falsa piedade geral não lhes chega à arca da insatisfação.

Junto a ele ajuda em silêncio, sem perda de tempo.

Convivendo ao lado deles, ora em silêncio para não te identificares com a sua vibração.

Fazendo o exame de consciência habitual, corrige as disposições mentais quando amolentadas para te não incorporares à malta deles.

Confunde-se amor, a todo instante, com sentimentalismo injustificável e pretende-se que o Evangelho, apresentando o amor como o excelente filão da vida, seja um valhacouto de caracteres irresponsáveis e espíritos fáceis.

Se assim fosse, seria o mesmo que transformar a ordem do Universo, em nome do amor ao capricho dos tíbios e dos parvos.

Em passagem alguma da Boa Nova, encontramos o Rabi na usança da falsa piedade ou na acomodação com a indolência.

Construtor do Orbe, não pode ser considerado um incipiente.

Administrador da Terra, não poderia ser confundido com um acolhedor de néscios.

Foi, por excelência, a ação dinâmica.

De atitudes firmes e caráter diamantino em hora alguma se manifestou como um fraco ou fez a apologia da cobardia.

Se proferiu a morte, fê-lo pelo heroísmo de não chafurdar as coisas elevadas do espírito indômito com as dissipações do corpo frágil.

Se se deixou conduzir a um julgamento arbitrário, fê-lo para não postergar os direitos de exemplificar o valor da verdade, passando-os a mãos acumpliciadas com a criminalidade.

Se permitiu docilmente a traição de um amigo, teve em mente lecionar vigilância, oração e dignidade, prescrevendo, em silêncio, que sublimação é tarefa pessoal, intransferível.

Se conviveu com a gente dita de "má vida" ensinou, através disso, que as aparências físicas não refletem as realidades básicas da existência.

E em todo instante foi forte: na multidão, em soledade; no aparente triunfo, no abandono aparente; pregando a esperança, sorvendo o vinagre e o fel; no instante supremo, na ressurreição insuperável.

A mensagem que nos legou, ofertou-no-la vibrante, estoica.

O Evangelho é repositório de força, vitalidade, vida.

Vazado em termos de meiguice mudou a rota dos tempos.

Desvelado, agora, pelos Espíritos 1mortais, modificará a face do Orbe. "Reconhece-se o verdadeiro espírita — disse Allan Kardec — pela sua transformação moral, pelos esforços que emprega para domar suas inclinações mas Imanado ao espírito do Espiritismo que te liberta da ignorância e das sombras, elevando o padrão moral da tua vida, preserva-o dos que o utilizam com chocarrice e deles se servem como arrimo para esconderem as misérias espirituais em que se comprazem.

De referência ao amor, não dês lugar à zombaria e não zombes, não agasalhes supertições nem permitas paralelísmos deprimentes, não te concedas leviandades nem perfilhes dissipações alheias, subestimando esse Consolador que enxuga suores e lágrimas mas que, acima de tudo prescreve dignidade na luta, inspirada no Herói da Ação Incessante, como normativa segura para a construção de um Mundo Melhor e de uma humanidade ditosa.



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