Leis Morais da Vida

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CAPÍTULO 31

INTERCÂMBIO SOCIAL

O homem, inquestionavelmente, é um ser gregário, organizado pela emoção para a vida em sociedade.

O seu insulamento, a pretexto de servir a Deus.

constitui uma violência à lei natural, caracterizando-se por uma fuga injustificável às responsabilidades do dia a dia.

Graças à dinâmica da atualidade, diminuem as antigas incursões ao isolacionismo, seja nas regiões desérticas para onde o homem fugia a buscar meditação, seja no silêncio das clausuras e monastérios onde pensava perderse em contemplação.

O Cristianismo possui o extraordinário objetivo de criar uma sociedade equilibrada, na qual todos os seus membros sejam solidários entre si.

Negar o mundo" do conceito evangélico, não significa abandoná-lo, antes criar condições novas, a fim de modificar-lhe as estruturas negativas e egoísticas, engendrando recursos que o transformem em reduto de esperança, de paz, perfeito símile do "reino dos céus", a que se reportava Jesus.

A vivência cristã se caracteriza pelo clima de convivência social em regime de fraternidade, no qual todos se ajudam e se socorrem, dirimindo dificuldades e consertando problemas.

Viver o Cristo é também conviver com o próximo, aceitando-o conforme suas imperfeições, sem constituir-lhe fiscal ou pretender corrigi-lo, antes acompanhando-o com bondade, inspirando-o ao despertamento e à mudança de conduta de motu proprio.

A reforma pessoal de alguém inspira confiança, gera simpatia, modifica o meio e renova os cômpares com quem cada um se afina.

Isolar-se, portanto, a pretexto de servir ao bem não passa de uma experiência na qual o egoísmo predomina, longe da luta que forja heróis e constrói os santos da abnegação e da caridade.


* * *

Criaturas bem intencionadas sonham com comunidades espiritualizadas, perfeitas, onde se possa viver em regime da mais pura santificação.

Assim tocadas programam colmeias, organizam comitês para tal fim, e os mais ambiciosos laboram por cidades onde o mal não exista e todos se amem. .

Em verdade, tal ambição, nobre por enquanto impraticável senão totalmente irrealizável, representa uma reminiscência ancestral das antigas comunidades religiosas onde o atavismo criou necessidades de elevação num mundo especial, longe das realidades objetivas entre os homens em evolução.

Jesus, porém, deu-nos o exemplo.

Desceu das Regiões Felizes ao vale das aflições, a fim de ajudar.

Não convocou os privilegiados, antes convidou os infelizes, os rebeldes e rejeitados, suportando suas mazelas e assim mesmo os amando.

No Colégio íntimo esteve a braços com as sistemáticas dúvidas dos amigos, suas ambições infantis, suas querelas frívolas, suas disputas.

Não se afastou deles, embora suas imperfeições, não se rebelou contra eles. Ajudou-os, íncansavelmente, até os momentos extremos, quando, sofrendo, no Getsemani, surpreendeu-os, mais de uma vez, a dormir.

E retornou ao convívio deles, quando atemorizados, a sustentá-los e animá-los, a fim de que não deperecessem na fé, nem na dedicação em que se fizeram mais tarde dignos do seu Mestre, em face dos testemunhos libertadores a que se entregaram.


* * *

Atesta a tua confiança no Senhor e a excelência da tua fé mediante a convivência com os irmãos mais inditosos do que tu mesmo.

Sê-lhes a lâmpada acesa a clarificar-lhes a marcha.

Nada esperes dos outros.

Sê tu quem ajuda, desculpa, compreende.

Se eles te enganam ou te traem, se censuram-te ou exigem-te o que te não dão, ama-os mais, sofre-os mais, porquanto são mais carecentes de socorro e amor do que supões.

Se conseguires conviver pacificamente com os amigos difíceis e fazê-los companheiros, terás logrado êxito, porquanto Jesus em teu coração estará sempre refletido no trato, no intercâmbio social com os que te buscam e com os quais ascendes na direção de Deus.



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