Tormentos da Obsessão

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CAPÍTULO 19

DISTÚRBIO DEPRESSIVO

Os momentos, uns após outros, enriqueciam-me com as experiências adquiridas no Hospital espiritual.

As diferentes vidas que prosseguiam buscando o rumo de segurança, e que ali se encontravam ou eram trazidas para atendimento, constituíam-me um laboratório expressivo para preciosas conquistas iluminativas.

Edmundo permanecia-me nas reflexões, que me facultavam compreender o amor de Nosso Pai na sua essência mais elevada, sempre vigilante e misericordioso, não se detendo nas defecções daqueles a quem socorre, porém, ajudando-os sem cessar.

Assim pensando, refletia a respeito das incontáveis concessões de que fora objeto durante a existência anterior, e de que, somente, a pouco e pouco, me dava conta na vida após a morte.

Como consequência desse conhecimento, o júbilo era-me intenso e a gratidão a Deus tornava-se-me um constante hino de louvor.

Após visitar os irmãos, Ambrósio, que se renovava mui lentamente, Agenor, que prosseguia adormecido, porém agora menos agitado, Honório, em refazimento vagaroso, mas seguro, prossegui observando as terapias energéticas aplicadas no pavilhão.

Detinha-me especialmente na observância dos pacientes mais agitados, compreendendo cada vez melhor o alto significado do trabalho anônimo de muitos Espíritos abnegados, que escolheram essas atividades socorristas tomados pela afetividade em favor do próximo.

Não se escusavam dedicar-se à caridade em tempo integral mediante a assistência fraternal aos portadores de alienação mental e àqueloutros portadores de sequelas das obsessões prolongadas.

Gentis e pacientes, movimentavam-se em silêncio, interiorizados nos deveres que lhes diziam respeito, constituindo-se verdadeiros exemplos de psicoterapeutas do amor em jubiloso serviço de elevação pessoal.

Tanto devotamento facultava-me entender quanto me encontro distante da santificação, por me faltarem os recursos indispensáveis ao serviço libertador.

Não obstante, tornava-se-me estímulo para prosseguir na busca de informações que pudessem elucidar os enigmas do comportamento humano durante a vilegiatura carnal, assim facilitando a ascensão de todos os interessados no processo evolutivo.

A assistência fraternal de Alberto, o seu conhecimento dos diversos setores socorristas do Nosocômio, eram-me fatores de encorajamento para a aprendizagem, impulsionando-me ao avanço.

Nesse ínterim, fui convidado por Dr. Ignácio a participar de um ato solene, quando um estudioso dos transtornos psicológicos deveria proferir uma conferência sobre o fascinante e grave tema do distúrbio depressivo.

Enquanto estava na Terra, as informações a respeito do assunto eram relativamente escassas, sendo mais abundantes entre os estudiosos da psiquiatria e da psicologia, sem maior divulgação em relação aos leigos.

Passadas algumas décadas após a desencarnação, podia constatar que os avanços na pesquisa das gêneses e terapêuticas dessa síndrome haviam avançado muito, e, no mundo espiritual, sendo o conhecimento mais profundo, facultava respostas próprias para o que podemos denominar quase de epidemia na atualidade do convulsionado planeta de provas...

Assim, aguardei com interesse redobrado a ocasião para participar do magno evento.

À hora aprazada dirigimo-nos, Alberto e eu, ao Auditório ao ar livre, onde teria lugar o significativo cometimento.

Tratava-se de um recinto de amplas proporções com capacidade para aproximadamente mil pessoas e a sua edificação recordava os anfiteatros greco-romanos, que facultavam uma bela visão do palco de qualquer lugar onde se estivesse, O entardecer estava deslumbrante, abençoado por favônios perfumados, enquanto os convidados assentavam-se nas arquibancadas semicirculares.

O expositor adentrou-se no recinto acompanhado por Eurípedes, Dr. Ignácio e outros nobres Espíritos que eu não conhecia pessoalmente. Apresentava um semblante calmo e demonstrava na face que houvera desencarnado com mais de setenta anos...

Jovial e de agradável expressão, foi conduzido à parte central, tomando parte na mesa da cerimônia presidida pelo fundador do Nosocômio.

Encontravam-se presentes médicos especializados no estudo da psique, enfermeiros e trabalhadores dos diversos departamentos do Hospital, interessados nos esclarecimentos que seriam oferecidos pelo culto conferencista e muitos outros Espíritos especialmente convidados.

Após expressiva exoração ao Senhor da Vida, a todos sensibilizando, Eurípedes fez breve apresentação do cientista-orador, esclarecendo que o mesmo exercera a profissão de psiquiatra enquanto reencarnado na Terra, havendo oferecido expressivo contributo à psicanálise e à psicologia, e que se encontrava liberado do corpo havia mais de trinta anos, dando prosseguimento às pesquisas em torno da mente e da emoção humana como resultado dos processos da evolução espiritual.

Sem mais delongas, o esclarecido médico acercou-se da tribuna, detevese em breve silêncio durante o qual exteriorizou uma suave claridade que o emoldurou delicadamente.


Em seguida, deu início à conferência, saudando-nos a todos com jovialidade e adentrando-se no tema:

— A depressão, também identificada anteriormente como melancolia, é conhecida na Humanidade desde recuados tempos, por estar associada ao comportamento psicológico do ser humano.

A Bíblia, especialmente no Livro de Jó, dentre outros, nos apresenta vários exemplos desse distúrbio que ora aflige incontável número de criaturas terrestres.

Podemos identificá-la na Grécia antiga, considerada como sendo uma punição infligida pelos deuses aos seres humanos em consequência dos seus atos incorretos.

Encontramo-la, desse modo, também presente no século 4º a.C., graças a diversas referências feitas por Hipócrates. Mais tarde, no século 2º a.C., Galeno estudou esse transtorno como sendo resultado do desequilíbrio dos quatro humores: sangue, bílis amarela, bílis negra e fleuma, que seriam responsáveis pelo bem-estar e pela saúde ou não dos indivíduos.

Aristóteles assevera que Sócrates e Platão, como muitos outros filósofos, artistas, combatentes gregos, foram portadores de melancolia, que acreditava estar vinculada às capacidades intelectuais e culturais do seu portador. A Igreja romana, a partir do século 4º, também passou a considerá-la e defini-la, ligando-a à tristeza, sendo tida como um pecado decorrente da falta de valor moral do homem para enfrentar as vicissitudes do processo existencial.

Posteriormente esteve associada à acídia, passando a ser definida com mais severidade como sendo um pecado cardinal, em razão de tornar os religiosos preguiçosos e amedrontados ante as tarefas que deveriam desempenhar.

As lendas a seu respeito fizeram-se muito variadas e as discordâncias complexas, vinculando-a, não raro, àbílis negra, responsável pelo ato impensado de Adão ao comer a maçã no paraíso...

‘A história da medicina também relata que, já no século 10º, um médico árabe, estudando a melancolia, confirmou que a mesma resultava da referida e tradicional bílis negra.

Com o Renascimento, porém, esse transtorno passou a ser tido como uma forma de insanidade mental, surgindo nessa época diferentes propostas terapêuticas de resultado duvidoso. "À medida que se processava o progresso cultural, a melancolia passou a expressar os estados depressivos e, a partir de 1580, tornou-se popular na literatura com características melhor definidas. Foi a partir do século 15II, que a tese de Galeno começou a ser superada e lentamente substituída por definições que abrangiam a natureza química e mecânica do cérebro, responsável pelo distúrbio perturbador.

Não obstante a descoberta da circulação do sangue pelo eminente Harvey, que facultou a apresentação de novos conceitos explicativos para a depressão, esclarecendo que se podia tratar de uma deficiência circulatória, permaneceram ainda aceitos os conceitos ancestrais de Galeno, e, por efeito, a terapia se apresentava centrada nos métodos da aplicação de sangrias, purgantes, vomitórios com o objetivo de limpar o como, eliminando os humores negros nefastos. No século 19, ainda por um largo período foi associada à hipocondria, responsável pela ansiedade mórbida referente ao estado de saúde e às funções físicas...

Logo depois, passou à condição de uma perturbação mental, de um estado emocional deprimido. "A melancolia alcançou homens e mulheres notáveis que não conseguiram superá-la, e padeceram por largos períodos a sua afugente presença, e em alguns casos, conduzindo-os a perturbações profundas e até mesmo a suicídios hediondos.


Inúmeros poetas, escritores, artistas, religiosos, cientistas famosos não passaram sem sofrer-lhe a incidência cruel, dando margem a que alguns desavisados pensassem que se tratava da exteriorização da genialidade de cada um... " Houve uma pausa oportuna, a fim de facultar o entendimento do discurso na sua apresentação histórica para logo prosseguir:

—A depressão é hoje classificada como sendo uma perturbação do humor, uma perturbação afetiva, um estado de mal-estar que se pode prolongar por tempo indeterminado.

Foi o admirável Emil Kraepelin, o nobre psiquiatra alemão, quem apresentou melhores análises sobre a depressão no século passado, classificando-a como de natureza unipolar, quando é menos grave, mais simples e rápida, e bipolar, quando responsável pelas associações maníacas.

Aprofundadas pesquisas ofereceram novas classificações nos anos sucessivos, incluindo as melancolias de involução, que se manifestam em forma de medo, de culpa e de vários distúrbios do pensamento.

O eminente psicanalista Sigmund Freud sugeriu o luto como sendo responsável pela depressão, resultado de perda, de um ser amado ou de outra natureza. A perda, para o nobre mestre austríaco, produz dilacerações psicológicas muito graves, gerando distúrbios comportamentais que se prolongam por tempo indeterminado.

Concomitantemente, outros pesquisadores estabeleceram que a depressão poderia ser endógena, quando originada em disfunções orgânicas, portanto, de natureza biológica, e reativa, como consequência de fatores psicossociais, sócio-econômicos, sócio-morais, em razão das suas nefastas consequências emocionais. Outros observadores, no entanto, detiveram-se em analisar a depressão sob dois outros aspectos: a de natureza neurótica e a de natureza psicótica.

A primeira é mais simples, com melhores possibilidades terapêuticas, enquanto que a segunda, por se caracterizar pelas alucinações e ilusões perturbadoras, exige procedimentos mais cuidadosos e prolongados. "A depressão, seja como for considerada, é sempre um distúrbio muito angustiante pelos danos que proporciona ao paciente: dores físicas, taquicardias, problemas gástricos, inapetência, cefalalgia, sentimento de inutilidade, vazio existencial, desespero, isolamento, ausência total de esperança, pensamentos negativos, ansiedade, tendência ao suicídio... O enfermo tem a sensação de que todas as suas energias se encontram em desfalecimento e as forças morais se diluem ante a sua injunção dolorosa. "A perturbação depressiva ainda pode apresentar-se como grave e menos grave, crônica ou distímica, cuja fronteira é muito difícil de ser estabelecida.

Somente através dos sintomas é que se pode defini-las, tendo-se em vista as perturbações que produz nos pacientes.

Nesse sentido, a somatização, decorrente de estigmas e constrangimentos que lhe facultam a instalação, pode dar lugar ao que Freud denominou perturbação de conversão, graças à qual um conflito emocional se converte em cegueira, mudez, paralisia ou equivalentes, enquanto outros psicoterapeutas, discordando da tese, acreditam que esses fenômenos resultem de perturbações fisicas não identificadas... "Por outro lado, a fadiga tem sido analisada como responsável por vários estados depressivos, especialmente a de natureza crônica, que se apresenta acima do nível tolerável de gravidade.

Não obstante, a depressão também se manifesta em crianças e jovens, estruturada em fatores endógenos e outros de natureza sociológica, decorrentes do relacionamento entre pais e filhos, do convívio familiar e comunitário conflitivo. "A mania, por outro lado, é mais severa em razão das alterações manifestadas no humor, que se fazem mui amiúde em proporções gravemente elevadas.

Em determinado paciente pode expressar-se como um estado de excessivo bom humor, de exaltação da emotividade, em contraste com os acontecimentos vivenciados no momento, logo regredindo com rapidez para a depressão, as lágrimas, envolvendo sentimentos contraditórios, que passam dos risos excitados aos prantos pungentes.

No momento de exacerbação o enfermo delira, acreditando-se messias, gênio da política, da arte, com demasiada valorização das próprias possibilidades.

Vezes outras, experimenta estados de temor, por acreditar que existe conspiração contra sua vida e seus desejos, seus valores especiais.

Apresenta-se em determinado momento palrador, mudando de conduta com muita frequência, ou então deixa-se ao abandono, sem higiene, aparecendo, noutras vezes, de maneira extravagante e vulgar.

Nessa fase, torna-se sexualmente excitado, exótico, irresponsável, negando-se a aceitar a enfermidade e mesmo a submeter-se ao tratamento adequado. "A incidência do distúrbio depressivo apresenta-se quantitativamente maior no sexo feminino.

Nesse caso, podemos aduzir ao quadro geral, as manifestações da depressão pré epost-partum, que se originam em disfunções hormonais, conduzindo as pacientes a estados de grave perda do equilíbrio emocional e mental. " O expositor calou-se por um pouco, enquanto o público atento, acompanhava-lhe o raciocínio rico de ensinamentos oportunos.

De imediato, deu curso àconferência: — As influências básicas para a síndrome depressiva são muitas, e podem ser encontradas nas crenças religiosas, nos comportamentos sociais, políticos, artísticos, culturais e nas mudanças sazonais.

Por outro lado, a hereditariedade é fator decisivo na ocorrência inquietante, tanto quanto diversos outros de natureza ambiental e social, como guerras, fome, abandono, sequelas de enfermidades dilaceradoras...

Pode-se, portanto, informar que é também multifatorial.

Do ponto de vista psicanalítico, conforme eminentes estudiosos quais Freud, Abraham e outros, a depressão oculta uma agressão contra a pessoa ou o objeto oculto.

Numa análise biológica, podemos considerar como fatores responsáveis pelo desencadear do distúrbio depressivo, as alterações do quimismo cerebral, no que diz respeito aos neurotransmissores como a serotonina e a noradrenalina.

Em uma análise mais cuidadosa, além dos agentes que produzem stress, incluímos entre os geradores da depressão, os hormônios esteroides, estrênios e androgênios, relacionados com o sexo, que desempenham papel fundamental no humor e no comportamento mental. "É claro que não estamos relacionando todas as causas que predispõem ou que dão origem à depressão, antes desejamos referir-nos mui superficialmente a somente algumas daquelas que desencadeiam esse processo alienante.

Nosso objetivo essencial neste momento é identificar o fator de natureza preponderante para depois concluirmos pelo de natureza predisponente.

E esse, essencial, importante, é o próprio Espírito reencarnado, por nele se encontrarem ínsitas as condições indispensáveis para a instalação do distúrbio a que faz jus, em razão do seu comportamento no transcurso das experiências carnais sucessivas. "O Espírito é sempre o semeador espontâneo, que volve pelo mesmo caminho, a fim de proceder à colheita das atividades desenvolvidas através do tempo.

Não bastassem as suas próprias realizações negativas para propiciar o conflito depressivo e as suas ramificações decorrentes, que geraram animosidades, mágoas e revoltas em outros seres que conviveram ao seu lado e foram lesados nos sentimentos, transformando-se em outro tipo de razão fundamental para a ocorrência nefasta. "Ao reencarnar-se o Espírito, o seu perispírito imprime no futuro programa genético do ser os requisitos depurativos que lhe são indispensáveis ao crescimento interior e à reparação dos gravames praticados.

Os genes registram o desconserto vibratório produzido pelas ações incorretas no futuro reencarnante, passando a constituir-se um campo no qual se apresentarão os distúrbios do futuro quimismo cerebral.

Quando se apresentam as circunstâncias predisponentes, manifesta-se o quadro já existente nas intrincadas conexões neuroniais, produzindo por fenômenos de vibração eletroquímica o transtorno, que necessitará de cuidadosa terapia específica e moral.

Não apenas se fará imprescindível o acompanhamento do terapeuta especializado, mas também a psicoterapia da renovação moral e espiritual através da mudança de comportamento e da compreensão dos deveres que devem ser aceitos e praticados. "Nesse processo, no qual o indivíduo é responsável direto pelo distúrbio psicológico, face aos erros cometidos, às perdas e ao luto que lhe permanecem no inconsciente e agora ressumam, o distúrbio faz-se inevitável, exceto se, adotando nova conduta, adquire recursos positivos que eliminam o componente cármico que lhe dorme interiormente.

Não são da Lei Divina a punição, o castigo, a vingança, mas são impostas a necessidade da reparação do erro, da renovação do equivocado, da reconstituição daquilo que foi danificado...

O Espirito reflete o amor de Deus nele insculpido, razão pela qual está fadado à perfeição relativa, que alcançará mediante o esforço empreendido na busca da meta que lhe está reservada.


São, portanto, valiosas, as modernas contribuições das ciências da psique, auxiliando os alienados e depressivos a reencontrar a paz, a alegria interior, a fim de prosseguirem no desiderato da evolução. " Novamente o lúcido orador fez uma pausa oportuna, logo dando prosseguimento:

— Nesse capítulo, não podemos olvidar aqueles outros Espíritos que foram vitimados pelo infrator, que agora retorna ao palco terrestre a fim de crescer interiormente.

Quando permanecem em situação penosa, sem olvido do mal que padeceram, amargurados e fixados nas dores terrificantes que experimentaram, ou se demoram em regiões pungitivas, nas quais vivenciam sofrimentos incomuns, face à pertinácia nos objetivos perversos do desforço pessoal, são atraí-dos psiquicamente aos antigos verdugos, com eles mantendo intercurso vibratório danoso, que a esses últimos conduz a transtornos obsessivos infelizes, O cérebro do hospedeiro bombardeado pelas ondas mentais sucessivas do hóspede em desalinho, recebe as partículas mentais que podem ser consideradas como verdadeiros elétrons com alto poder desorganizador das conexões neuroniais, afetando-lhe os neurotransmissores como a serotonina, a noradrenalina, a dopamina e outros mais, aos quais se encontra associado o equilíbrio emocional e o do pensamento. "Instalado o plugue na tomada perispiritual, o intercâmbio doentio prosseguirá atingindo o paciente até o momento quando seja atendido por psicoterapia especial, qual seja a bioenergética, por intermédio dos passes, da água fluidificada, da oração, das vibrações favoráveis à sua restauração, à alteração da conduta mental e comportamental, que contribuirão para anular os efeitos morbosos da incidência alienadora.

Simultaneamente, a desobsessão, mediante cujo contributo o perseguidor desperta para as próprias responsabilidades, modifica a visão espiritual, ajudando-o a resolver-se pela mudança de atitude perante aquele que lhe foi adversário, entregando-o, e a si mesmo também se oferecendo, aos desígnios insondáveis do Pai Criador. "Nunca será demasiado repetir que, na raiz de todo processo de desequilíbrio mental e emocional, nas psicopatologias variadas, as causas dos distúrbios são os valores morais negativos do enfermo em processo de reeducação, como decorrência das ações pretéritas ou atuais praticadas.

Não existindo efeito sem causa, é compreensível que toda ocorrência infeliz de hoje resulte de atividade agressiva e destrutiva anterior. "Não poucas vezes, também se pode identificar na gênese da depressão o fator responsável pelo funcionamento sexual deficiente, receoso, frustrante, que induz o paciente ao desinteresse pela vida, à fuga da realidade... "Desse modo, a depressão, mesmo quando decorra de uma psicogênese bem delineada, seja pela hereditariedade ou pelos fatores psicossociais e outros, sua causa profunda se encontra sempre no Espírito endividado que renasce para liberar-se da injunção penosa a que se entregou. "Assim sendo, aproxima-se o dia, no qual, a ciência acadêmica se dará conta da realidade do ser que transcende a matéria, e cujas experiências multifárias através dos renascimentos corporais responde pelo binômio saúdedoença. "Nós próprio, quando nos labores terrestres, muito nos aproximamos da fronteira da imortalidade, não a havendo transposto em razão dos preconceitos acadêmicos, embora não nos houvessem sido regateados os recursos que evidenciavam a indestrutibilidade do ser através da morte e isso demonstravam de forma irretocável.


Como ninguém pode deter o progresso, que se multiplica por si mesmo, o amanhã constitui a esperança dos que tombaram nos processos perturbadores e degenerativos, quando encontrarão a indispensável contribuição dos cientistas e religiosos que, de mãos dadas, estarão trabalhando em favor da sua recuperação mental e orgânica. " Fez, propositadamente, uma nova pausa, que a todos nos comoveu pelo que disse de imediato:

— Não há como negar-se: Jesus Cristo é o Psicoterapeuta excepcional da Humanidade, o único que pôde penetrar psiquicamente no âmago do ser, auxiliando-o na reestruturação da personalidade, da individualidade, facultando-lhe uma perfeita identificação entre o ego e o self, harmonizando-o para que não mais incida em compromissos degenerativos.

Por isso mesmo, todos aqueles que lhe buscaram o conforto moral, a assistência para a saúde combalida ou comprometida, física ou mental, defrontaram a realidade da vida, alterando a forma existencial do comportamento que lhes seria de inapreciado valor nas futuras experiências carnais. "A Ele, o afável Médico das almas e dos corpos, a nossa sincera gratidão e o nosso apelo para que nos inspire na equação dos dramas que afligem a humanidade, tornando a Terra um lar melhor para se crescer moral e espiritualmente, onde os sofrimentos decorrentes das enfermidades de vária gênese cedam lugar ao equilíbrio e à produção da vera fraternidade assim como da saúde integral. " Pairava no ambiente uma dulçurosa vibração de paz e de alegria.

Todos apresentavam o semblante irradiante de júbilo.

O lúcido orador mantinha-se sereno e suavemente iluminado, banhado por peregrina claridade que jorrava dos Altos Cimos...

Eurípedes levantou-se, abraçou-o, conduziu-o àmesa diretora da solenidade e, visivelmente feliz, proferiu inesquecível oração gratulatória, dando como encerrada a conferência.

A noite havia chegado e se encontrava banhada por argênteo luar e pelos pingentes estelares que cintilavam muito ao longe.

Os mais interessados acercaram-se do palco, a fim de conhecer mais de perto o convidado eloquente e com ele dialogarem brevemente.

Nós, Alberto, Dr. Ignácio e eu, fomos daqueles que se lhe acercaram, a fim de fruir mais proximamente a sua vibração penetrante e saudável, congratulando-nos com a exposição oportuna e esclarecedora.



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