Vitória da Vida

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CAPÍTULO 11
Ilustração tribal

Coronel Luiz Bruscathe Ramos


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Coronel LUIZ BRUSCATHE RAMOS Nasceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, em 21. 06. 32.

Desencarnou, na mesma cidade, por infarto do miocárdio, em 12. 06. 84.

Filho de Octacílio da Silveira Ramos (desencarnado) e Ruth Bruscathe Ramos.

Concluiu seus estudos ginasiais, no colégio "Júlio de Castilhos".

Aprovado, na então EPPA (Escola Preparatória Porto Alegre), onde cursara três anos, seguiu para a Academia Militar das Agulhas Negras. Em 1955, assinando o livro do Ouro da Academia, finda seu curso de aluno, recebendo a espada de Caxias, no posto de Aspirante a Oficial.

Promovido, posteriormente, a segundo tenente, desposa sua primeira e única namorada, Cerley Candal dos Santos.

Deste reencontro de amor, nasceram três filhos: Luiz Bruscathe Ramos Filho, Lizandre e Luiz Gustavo.

Serviu em outros Estados, inclusive no Nordeste.

Em 1977 foi condecorado pelo então governador do Rio Grande do Sul, Exmo.

Sr.

Synval Guazzelli, com a medalha do Pacificador com Palma de Ouro, por serviços prestados com risco da própria vida.

Na vida de caserna foi amado, principalmente por seus comandados, onde os fazia sentir que, acima do chefe, do comandante, existia o irmão e o amigo.

Seus últimos instantes de vida física foram lindos: escrevendo a prece de São Francisco de Assis, quando a caneta deslizava, na última palavra, um mal-estar súbito, sem dor, lhe sobreveio.

Colocando a mão no coração "este coração que tanto amou" sua cabeça pendeu sobre a mesa...

Um anjo alçava-se aos céus. "SE POR ALGUMA CIRCUNSTÂNCIA EM MINHA VIDA EU TIVESSE QUE MATAR PARA NÃO MORRER, PREFERIRIA SER MORTO PARA VIVER", costumava afirmar.

A palestra dessa noite de sábado comovia o auditório.

Divaldo Franco participava da reunião conforme sucede nos intervalos de suas viagens missionárias, quando aqui fica em Salvador, havendo psicografado a bela e consoladora mensagem que ora apresentamos.


A destinatária, D. Cerley Ramos, ouviu-a muito comovida, e, depois, afirmou:

– É o meu Luiz quem retorna, identificado e real, reafirmando o belo amor que nos uniu e prossegue, em clima de bênçãos.

Sinto-me feliz por haver empreendido uma viagem tão larga, de Porto Alegre a Salvador e ser premiada com esta carta rica de beleza e de conforto moral.

Querida Cerley (1), alma da minha alma Repouse no seu coração a paz que Jesus pode proporcionar.

Ainda me recordo: era terça-feira, dia doze de junho do ano passado. (2) A ocorrência foi tão inesperada quão dolorosa... A cirurgia vitoriosa (3) nos acenava grandes esperanças de longevidade orgânica, embora os desígnios de Deus fossem diferentes...

Desse modo, quando me senti tombar no solo, teu desespero tentando reabilitar-me, o expediente da respiração boca-a-boca (4) já não podia resolver a questão, porque havia chegado o momento de deixar o corpo, que me fora gentil anfitrião pelos abençoados anos da existência que ali findava...

Adormeci demoradamente, vindo a acordar em agradável leito hospitalar, tão semelhante aos da Terra, que me atribuí em recuperação, como se a morte não houvesse sucedido...

Aqueles que me atendiam, no refazimento, nada declaravam, explicando, sorridentes, que tudo estava bem e terminaria melhor...

A tua ausência erame prenuncio de algo muito grave, pois que, desde o nosso casamento sempre estivemos juntos, nas várias viagens a serviço, inclusive, por este imenso Brasil a fora...

(5) Foi nessa intranquilidade, que meu avô Ramos (6) me apareceu e explicou-me sem dramatização a ocorrência do desligamento do corpo, por ocasião da minha última lembrança...

Afirmou-me que te encontravas bem, considerando-se as circunstâncias do momento.

Exortou-me à confiança e à coragem, eludiu fome quanto à grandeza da vida sobrevivendo à morte...

Imaginarás quanto me foi exigido em renúncia e fé, em reflexão e lágrimas.

Passei pela tela mental todo o nosso idílio, quando, aos quinze anos da tua idade e dezenove da minha nos reencontramos (7) - porque nosso amor foi programado antes do corpo, almas queridas que já éramos. - Eu estava na Escola de Cadetes (8) e tudo eram sonhos, que a vida transformou em formosa felicidade.


Via, mentalmente, a chegada dos nossos filhos: Lizandre (9), Tetê (10) e Tavinho

(11) como coroamento do nosso profundo amor.

Nesse estado de ânimo, foste trazida até mim, a fim de lenirmos as saudades e renovarmos as esperanças.

... Assim renasceram nossas forças. Foste diminuindo a medicação (12) e apoiandote na prece e na fé no futuro sob a misericórdia de Deus.

As notícias da minha paz, que te chegaram, funcionaram como um bálsamo, abrindo horizontes novos para futura felicidade.

... E de fato, a nossa, é a felicidade das recordações ditosas e as especulações da nossa ventura porvindoura.

Ouço-te e intercâmbio pensamentos contigo, estabelecendo uma ponte feliz, que nos constitui correio generoso.

Acompanho os filhos, e, neste momento em que te escrevo, estão comigo participando da missiva o avô Santos (13), nossa netinha Lorensa (14), perfeitamente integrados no programa da evolução.

Tenho procurado auxiliar nossa Lizandre e a querida netinha Joana Angélica(15), esse anjo que nos constitui bênção de Deus ao nosso coração.

Busco inspirar o Teté, neste momento significativo da sua vida, tanto quanto procuro amparar o Tavinho, cujos receios noturnos devem cessar, através da confiança em Deus e da tua palavra amiga, animando-o a realizar os seus compromissos juvenis, assumindo as responsabilidades que o auxiliarão na vida de adulto.

Afirmo à minha sogra, sempre receosa, que fui eu quem a tem conduzido à escrita para ti.

Já é tempo de ela conscientizar-se da grandeza da mediunidade, posta a serviço do bem. (16) De tua parte, aprimora-te e exercita-te, facilitando-nos o intercurso psíquico.

Morrer é grave cometimento.

Também nós, os que aqui nos encontramos, sentimos saudades e os espaços que se abrem, ficam aguardando preenchimento com a chegada dos seres queridos, que passamos a aguardar, confiantes, tão logo concluam tarefas que lhes dizem respeito.

Assim, alonga os teus dias na ação do bem, para que nos reencontremos sem retentivas na retaguarda.

Nosso amor é um elo de luz que nos mantém unidos.

Recordas-te que as nossas famílias diziam com certo humor que éramos tais Romeu e Julieta? (17) Pois bem, daqui a visão e vivência do amor são infinitamente maiores, mais significativos e mais profundos, porém sem mágoa, nem pressa, nem angústia. Visito muito a vovó Ruth (18), cuja vitalidade vai diminuindo, fiel à tarefa em vitória de mãe, de esposa, de irmã e de amiga a que se afeiçoou durante os longos anos de renúncia e trabalho, de dedicação e amor.

Retorna aos nossos pagos (19) com o coração apoiado na paz e com as mãos ricas de bênçãos, que deveras esparzir pelos caminhos do futuro.

Segue adiante, sorrindo e aguardando o nosso dia venturoso que raia suavemente conforme brando e santo tem sido o nosso amor profundo.

Coloco o ponto final nesta carta, o que não significa que iremos interromper as nossas notícias.

Estou trabalhando muito em favor de nós ambos e de nosso próximo.

Resido num Parque muito belo, que reconheço não merecer.

Reunindo toda a família em ternura e carinho e a todos beijando, repito-te, alma querida, nosso amor vive e jamais morrerá, porque é vitalizado pelo divino amor de Deus.


Até sempre, e sempre afetuoso, o teu de sempre, Luiz Luiz Ramos

IDENTIFICAÇÕES


(1) - Cerley - Esposa do comunicante.

(2) - Terça-feira, dia 12 de junho do ano passado - Data correta.

(3) - O comunicante fora submetido a cirurgia cardíaca.

(4) - D.

Cerley usou a técnica referida para reanimá-lo.

(5) - Fato confirmado, já que sendo militar, viajava muito a serviço e a esposa o acompanhava.

(6) - Pai do comunicante, desencarnado e assim carinhosamente chamado.

(7) - Dados corretos.

(8) - Aluno da EPPA (Escola Preparatória de Cadetes de Porto Alegre).

(9) - Lizandre - Filha.

(10) - Teté - Filho.

Luiz Bruscathe Ramos Filho.

(11) - Tavinho - Filho.

Gustavo Bruscathe Ramos.

(12) - Em razão do choque experimentado com a partida do esposo, D.

Cerley, sob assistência médica, passou a usar medicação apropriada que, a partir da referência na mensagem passou a diminuir.

(13) - Sogro do comunicante, também desencarnado.

(14) - Lorensa - Netinha do comunicante, igualmente desencarnada.

(15) - Netinha encarnada.

(16) - Realmente a sogra vinha captando mensagens, que transmitia com receios injustificáveis.

(17) - Expressão usada pelos familiares, a respeito do amor que unia o comunicante à esposa.

(18) - Mãe do comunicante.

Encarnada.

(19) - D.

Cerley é do Rio Grande do Sul.



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