Vitória da Vida

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CAPÍTULO 14
Ilustração tribal

Cícero Pereira de Souza Neto


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Divaldo Franco retornara a Uberaba, na tarefa de divulgar a Doutrina Espírita, naquele mês de julho de 1983.

Dias antes, a 26, com a presença de Chico Xavier, foi feito o lançamento nacional da obra por ele psicografada em parceria com o querido médium mineiro, "...

E o amor continua" no salão dos espelhos do Uberaba Tênis Clube, quando proferiu conferência e autografou livros com o querido companheiro, até a madrugada.

Nos dois dias seguintes, Divaldo esteve pregando nas cidades de Araxá e Prata (MG).

Volvendo a Uberaba, participou dos comentários da reunião do "Grupo Espírita da Prece", no início e no fim das atividades, enquanto Chico atendia ao volumoso labor de orientações espirituais em sala contígua.

Ao iniciar-se a tarefa do "Correio de Luz", na parte reservada à correspondência do Além, sem ter mantido qualquer contato com os pais de Cícero, pois sequer os conhecia, recebeu a carta que transcrevemos, dirigida a esses senhores.

A respeito da comunicação assim se refere D. Elida, mãe do desencarnado: "A 29 de julho, lá estávamos outra vez, agora em companhia de uma nossa amiga, Branca, de Araraquara, que também perdera o esposo e ansiava por uma carta dele.

Ela se encontrava muito angustiada.

Lá chegando, encontramos o "Grupo Espírita da Prece" em noite muito feliz, pois ali se encontravam duas pessoas maravilhosas do nosso meio espírita: Divaldo Pereira Franco e D.

Zilda G. Rosin.

Foi uma surpresa maravilhosa! Que bom ouvir Divaldo! Suas palavras esclarecedoras calam fundo em nossos corações.

D. Zilda, falando de seus filhinhos, transmite força e fé aos corações das mães saudosas.

Todos enviavam bilhetes querendo notícias de seus entes queridos.

Nós também enviamos os nossos.

Divaldo recebia os bilhetes e mensagens que chegavam até a mesa onde ele se encontrava e colocava-os, sem ler, numa caixa que ali estava.

Já ia alta a noite, quando Chico e Divaldo começaram a psicografar.

Ali ficamos ansiosos acompanhando o lápis correndo sobre os papéis.

Terminados os trabalhos, já pelas quatro horas da madrugada, quando foi anunciada a primeira carta da noite.

Que alegria! Era a do nosso amado Cícero. E desta vez veio pelas mãos abençoadas do nosso Divaldo.

Enquanto Divaldo lia, nosso coração emocionado e feliz agradecia: Obrigada, Senhor! Obrigada, Pai! Quanta bênção! As palavras de meu filho se referiam a tantas coisas, que realmente faziam parte de nossos planos.

Só nós sabíamos. Que beleza!

Como nosso filho já crescera na Espiritualidade!

E assim, mais uma vez fomos privilegiados por Deus.

Que paz, que alegria saber que nosso filho, a nossa criança, prossegue vivendo, crescendo na prática do bem. "

Querida mamãe Elida, meu querido papai Alencar (1) Estamos unidos na mesma oração de ternura, rogando o amparo do Senhor para as nossas necessidades de crescimento espiritual.

Passaram os dias na velocidade das horas, e, do acidente que nos tomou o corpo na estrada entre Barretos e Bebedouro (2) ficou a certeza de um amor infinito que o tempo não consome nem a distância física logra diminuir.

Há apenas uma semana celebramos a recordação da minha viagem para cá, no transcurso do primeiro aniversário daquela quinta-feira, 22 de julho do ano passado... (3) Acontecimentos abençoados enriqueceram nossas horas e como é verdade que a dor estabeleceu uma matriz de incontida saudade, não menos verdade é que o amor desvelou-nos horizontes dantes jamais vislumbrados, apontando-nos os rumos felizes, por onde seguem os nossos pés ansiosos de vencer as distâncias.

Encontro-me engajado na escola do serviço, aprendendo com Cairbar Schutel (4) a realizar todo o bem ao alcance em nossa querida região, de modo a minimizar problemas, especialmente cooperando com recém-acidentados que aqui aportam ansiosos e inquietos quanto ocorreu comigo próprio, não há muito.

Travei contato de amizade com outro trabalhador da nossa Ibitinga ora atuando com os nobres obreiros da Vida, em auxílio aos corações sediados em nossa área terrena. Refiro-me ao amigo Dr. Flávio Pinheiro (5) que ora aqui se encontra, participando com os nossos familiares deste banquete de luz e de amor.

Não me olvido do seu devotamento e tenho procurado, quanto me permitem as oportunidades, servir com vocês na realização do bem. O avô Serafim (6), sempre abnegado, tem-me sido guia amoroso e paciente, ensinando-me a valorizar o milagre do tempo e a confiar na ação equilibrada sem a precipitação juvenil, nem os receios injustificáveis que assaltam os principiantes.

Por sua vez, a avó Maria Albina (7) tem-me oferecido a sustentação valiosa da devoção maternal, irrigando-me de esperança.

É, portanto, querida mamãe e querido papai, que retorno à suave-doce convivência com vocês, através do lápis, a fim de diminuir as angústias, reafirmando a afinidade e o amor com que argamassamos o edifício da nossa felicidade integral.

Ajamos no bem, sem exigências nem considerações descabidas, atendendo a dor conforme nos chegue, espalhando as sementes da paz por toda parte e da fraternidade em todo lugar.

O que possuímos, por mais insignificante, quando dividido com o nosso próximo se transforma em fortuna nossa e dele a realizar a obra dadivosa da caridade que liberta.

Não pensem, nem recordem de seu filho com os painéis da tristeza na mente.

As peças orgânicas que foram destroçadas no choque das máquinas, haviam preenchido as finalidades superiores para as quais se destinavam, ensejando uma libertação abençoada, que um dia nos reunirá numa família sem marcas de aflição nem sinais de dor...

Envolvo os manos queridos Luís Serafim e Elida Maria (8) em carinho, orando pela sua paz e confiando no seu progresso, na reencarnação que ora melhor do que ontem lhes faculta uma visão otimista do mundo, favorecendo-os com a oportunidade de crescimento e de paz.

Querida mamãe Élida, meu querido papai Alencar, gostaria de possuir tesouros de luz para oferecer-lhes como preito de gratidão, desde que as palavras emolduradas de doçura, por mais expressivas, não conseguem traduzir toda a riqueza dos meus sentimentos de gratidão pelo que vocês foram e são para com o seu filho, para com os meus irmãos.

Somente orando, consigo suplicar ao Pai que os acalme no amor e fortaleça na caridade, mediante cuja obra alcançarão a realização plena de uma vida dedicada à libertação.


Buscando crescer para melhor merecê-los, abraça os manos queridos e beija-os com emoção, o filho de sempre, sempre amoroso, Cícero Cícero Pereira de Souza Neto

IDENTIFICAÇÕES


(1) - Elida e Alencar - Pais de Cícero.

(2) - Estrada entre Barretos e Bebedouro - Local do acidente.

(3) - Quinta-feira, 22 de julho - Data aniversária da desencarnação do missivista.

(4) - Cairbar Schutel - Missionário do bem - desencarnado - espírita de escol da cidade de Matão (SP).

(5) - Dr. Flávio Pinheiro - Destacado médico de Ibitinga (SP).

(6) - Avô Serafim - Avô materno desencarnado em 19. 06. 82.

(7) - Avó Maria Albina - Bisavó materna desencarnada em 28. 05. 60.

(8) - Luís Serafim e Elida Maria - Irmãos de Cícero.



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