Vitória da Vida

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CAPÍTULO 7
Ilustração tribal

Fábio Queiroz Araújo


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"Fábio Queiroz Araújo nasceu em Salvador-BA, a 15 de abril de 1980.

O primeiro dos três filhos existentes, o qual, nos primeiros meses de vida apresentou uma simples gripe e concluiu-se, pela medicina, o começo de um problema cardíaco que se foi agravando com o tempo.

Era uma criança alegre que não se limitava às dificuldades da saúde física e disputava o espaço da felicidade com as demais crianças da sua idade.

Era, ainda, a ternura e a constante reflexão das Leis de Deus para nós.

O tempo correu e, graças a Fábio, nosso filho, nós iniciamos, com o Culto Evangélico no Lar, o estudo lento e gradual da Doutrina Espírita.

A sua desencarnação, às 22h do dia 11. 09. 85, levou-nos a procura de consolo através do médium Divaldo P.

Franco.


E lá chegando, na "Mansão do Caminho", pedaço do Céu na Terra, recebemos como bálsamo, e confirmação da nossa Fé na Causa Espírita, o que Jesus nos prometeu como consolo da saudade e da dor. " José Martinho de Jesus Araújo Maria Nilda Queiroz de Lima Araújo

A noite de 4 de janeiro de 1986 apresentava-se especialmente calorosa.

O Cenáculo do Centro Espírita "Caminho da Redenção", ao Pau da Lima, em Salvador, encontrava-se repleto.

Uma verdadeira multidão, como é habitual, aguardava a reunião.

Nosso irmão Divaldo participava das tarefas e um número expressivo de pessoas sentara-se ao lado esquerdo do salão para o atendimento pessoal após a atividade doutrinária.

Depois da prece, que Divaldo proferiu, os comentários da noite tiveram início pelo orador programado.

Enquanto as palavras amigas iluminavam e consolavam as mentes e os corações, o nosso médium pôs-se a psicografar, diante de todos, a bela e comovedora mensagem que ora comentamos.


A respeito da legitimidade da mesma, assim se expressaram os genitores de Fabinho:

"A mensagem do nosso Fabinho por seu intermédio, Divaldo, foi um lenço aromatizado de reconforto, para que pudéssemos prosseguir na vida e com a vida.

E a Fé, faísca de Luz nos momentos de dor, juntamente com a Esperança, apagada no sorriso de nós dois, ressurgiram como barcos salva-vidas ante o mar de desânimo e inseguranças que nos envolviam bem como ao nosso lar. "Efetivamente, não temos palavras para transmitir o bem que a mensagem nos trouxe, quer pela autenticidade, bem como pelo remédio revitalizador inserido em nós. " José Martinho de Jesus Araújo Maria Nilda Queiroz de Lima Araújo Querido paizinho José Martinho e querida mãezinha Nilda (1) Rogo que me abençoem.

Aqui estou para escrever esta carta de carinho e de gratidão, na qual eu coloco as palavras molhadas pelas lágrimas da saudade e do amor, que me constituem a vida, animando-me para prosseguir sem a presença de vocês ao meu lado.

Naquela quarta-feira, dia 11 de setembro do ano passado (2), após a quinta (3) tentativa cirúrgica para me reter no corpo, a mãezinha cansada foi levada a dormir, no justo momento em que eu devia partir da Terra. (4) Um sono suave e demorado tomou conta de mim e não pude raciocinar.

Eu também me sentia muito cansado, já sem ânimo, com o corpo dorido, a respiração difícil...

No coração, eu sabia que não poderia viver muito.

Tudo em mim me falava da morte. Eu li nos olhos de vocês a sentença, na preocupação constante que os dominava, na incerteza que vivia em nossa Casa.

Eu, no entanto, queria muito viver, ficar com vocês, acompanhar os meus irmãozinhos queridos.

Tudo, no entanto, foi diferente e havia razão para isso.

O que recordo é que, ao acordar, uma irmã muito bonita abraçou-me e disse-me: - Fabinho, eu sou a irmã Joanna de Ângelis e já conhecia você.

Eu perguntei onde estava e onde vocês se encontravam. Ela sorriu e respondeu: - Observe bem.

Você já não sofre de dificuldade respiratória, nem experimenta dor alguma.

Sucede que a sua operação foi um êxito. Você não necessitará mais de internamento hospitalar nem sofrerá mais aquele mal-estar.

Agora você já não tem mais o corpo doentinho e está livre, sadio.

– E meus paizinhos? - perguntei, chorando.

– Ficaram na Terra - ela respondeu - para tomarem conta do Fabricinho e da Paulinha (5) que necessitam muito deles.

Agora tudo está bem.

Eu chorei, porque desejava estar com vocês.

Ela me consolou o que pôde, e eu, de cansaço, voltei a dormir.

Lentamente, com o carinho dela e de outras pessoas que me vieram visitar, eu fui-me acalmando.

Às vezes, eu ouvia as perguntas de paizinho, se eu estava bem e as lágrimas da mãezinha me chegavam, penetrando em minha alma e doendo-me.

Foi assim que, um mês depois, eu estive em casa.

Vocês estavam conversando sobre minha doença e morte. (6) Eu me senti feliz, abracei-os e fui ver os irmãozinhos que dormiam.

A casa estava bonita como sempre, mas eu sabia que vocês sentiam a minha ausência.

Venho recordar-lhes as criancinhas desamparadas que não tiveram a felicidade de ser filhas de paizinhos como vocês.

Dormem ao abandono e são perseguidas pelas pessoas felizes.

Necessitam de apoio e, na sua ignorância são agressivas, causando mágoa e aborrecimento.

Em memória do seu filho, quando possam, distribuam sorrisos e esperanças com elas, as minhas irmãzinhas sem lar e sem amor.

Aqui eu soube, que a minha doença resultará de uma luta chamada duelo, na qual ganhei, mas fora considerada um suicídio, porque eu ganhei na luta, morrendo, atingido pela bala...

Mas, isto é passado e importa o futuro.

Agradeço o seu amor sem igual, anjos da minha vida, e peço-lhes que beijem por mim o Fabricinho e a Paulinha, a quem amo muito.

A mamãe Joanna de Ângelis, que escreve comigo esta carta, diz que estou feliz e irei crescer para o Bem, de forma a preparar lugar para receber vocês, quando vierem para cá.

Beijo vocês todos, como se fossem duas rosas unidas na mesma haste e recebo o perfume do seu carinho amado.

Perdoem o seu filhinho pelas dores causadas involuntariamente.

Eu amo vocês.

O meu coração é de vocês.

O filhinho de sempre, que os adora, Fabinho (7)


IDENTIFICAÇÕES


(1) - Nomes corretos dos pais.

(2) - 11. 09. - Quarta-feira, data da desencarnação.

(3) - Quinta tentativa cirúrgica - Dado confirmado pelos pais.

(4) - Detalhe, igualmente exato.

(5) - Fabricinho e Paulinha - Nome dos irmãozinhos.

(6) - Os pais recordam-se do ocorrido, face à impressão que tiveram, como se o filhinho ali se encontrasse.

(7) - Nome do missivista, conforme era carinhosamente chamado.



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