Vitória da Vida

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CAPÍTULO 12
Ilustração tribal

Roberto Eduardo Magnavita de Menezes


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Roberto Eduardo Magnavita de Menezes, nasceu no dia 04. 05. na cidade de Ilhéus

(BA), desencarnando em Salvador (BA), no dia 14. 02. 86, com 25 anos de idade, por suicídio, atirando-se da janela do edifício onde residia, no 7º andar.

Filho do Sr.

Elson Lima de Menezes e D. Lêda Maria Magnavita de Menezes, foi o segundo filho do casal, tendo uma irmã mais velha, outra depois dele e um irmão caçula que, na ocasião do seu passamento, contava 13 anos.

Cursou a primeira parte dos seus estudos em Ilhéus, vindo completá-los em Salvador, onde passou a residir, a partir de 1974, quando seus pais para cá se transferiram.

Roberto era um jovem aparentemente tímido, possuía poucos amigos, emocionalmente inseguro e adorava o aconchego da família.

Sua diversão predileta era tocar cavaquinho, quando passava horas e horas dedilhando os acordes musicais de sua preferência com tal esmero como quem buscasse nos mesmos a solução para seus conflitos íntimos.

Excelente filho, bom amigo e companheiro, carinhoso e meigo, sua mansidão a todos cativava.

Era de boa aparência física, considerado por todos que o conheciam como um jovem bonito.

Durante os últimos anos que passou entre nós, parecia viver em busca de algo;

possuía imenso desejo de vencer e acertar, embora o medo fosse eterno companheiro.

No sábado, 14 de junho de 1986, Divaldo encontrava-se em Salvador e participou da reunião doutrinária do Centro Espírita "Caminho da Redenção".

O tema da noite, inspirado na Caridade, abordava a virtude por excelência, enquanto sucessivas ondas de paz e amor dominavam o auditório atento.

Divaldo psicografava, visivelmente comovido, percebendo-se que o missivista do Além chorava através do médium, à medida que mandava as suas notícias aos familiares queridos.

Concluída a escrita, para surpresa e emoção geral, Roberto nos trouxe esta bela e oportuna lição, na qual nos demonstra a interferência obsessiva no suicídio, chegando o seu drama a ser o de um assassinato espiritual.

A respeito da sua mensagem, eis como a recebeu sua genitora, que estava presente à reunião: "Era um sábado, dia 14. 06. 86. Completava 4 meses do falecimento do nosso querido filho.

Nossos corações encontravam-se desolados e tristes. Fui à reunião, na "Mansão do Caminho", como de costume, acompanhada pelo meu caçula e uma amiga.

Nunca havia assistido a uma reunião na qual Divaldo psicografasse.

Aquela expectativa despertou-me a vontade de receber notícias do filho, porém, não imaginei que fosse naquele dia.

Iniciou-se a reunião, e após a prece, Divaldo começou a psicografar.

De repente uma forte emoção invadiu-me o coração, e, à medida que sua mão deslizava rápida sobre as páginas, quase tive certeza de que aquela mensagem seria dele, que meu filho estaria de volta ali, embora eu não pudesse vê-lo.

Quando Divaldo terminou e passou a ler as mensagens recebidas, realmente não me havia enganado, a primeira foi a nossa.

É difícil descrever a emoção que senti. É um misto de alegria, saudade, felicidade, tristeza e principalmente gratidão a Deus que, na Sua infinita misericórdia, não nos esquece.

Agradecemos também a ajuda e o carinho da nossa querida Joanna de Ângelis que o auxiliou nesta e na outra comunicação.

Estas mensagens nos trouxeram muito conforto e nos deram uma nova dimensão da vida e principalmente da morte. " Mãezinha querida: Seu filho está chorando de felicidade, embora o infortúnio que desabou sobre nós.

Não tem sido fácil para você, nem para mim, a vida nestes últimos tempos.

Só a confiança em Deus nos dá coragem para vencer cada dia, esperando o amanhã, que há de ser melhor do que o ontem e o hoje.

Venho escrever-lhe, a fim de asserenar-lhe a alma sofrida.

À medida que o tempo transcorre, mais você sofre, e eu participo das suas agonias...

Ouço o seu pensamento, vejo as suas lágrimas e tenho mágoa de ser o responsável por este estado de agonia, que eu nunca imaginei iria acontecer.

Eu sabia que você me amava, pois era a mãe confidente do filho inquieto e inseguro.

Todavia, você me ama além do que eu imaginava.

Só o amor materno é capaz de tanta doação, que eu não consigo avaliar.

Sempre instável, eu era um sofredor.

O medo me perseguia sempre. Eu procurava disfarçar, sem conseguir êxito.

Procurava vencer, sem ter forças. Buscava amparo sem crer nele.

Tudo me era mais difícil do que se possa imaginar.

Que eu me recorde, tudo começou ou se foi agravando, ainda quando morávamos em Ilhéus (1), logo que nos mudamos para cá...

as dúvidas e incertezas a respeito de mim mesmo saltavam-me e eu me atormentava entre a agressividade em pressão, tentando fugir, consumir-me.

Você tentou, todos tentaram ajudar-me sem resultado, não conseguia ajudar-me. E isto foi a minha ruína.

Hoje é dia de recordações.

Ouvi você em casa lembra se de mim, como tem feito todos os dias; pior, quando reto do Rio, e não me encontrou, nos dias de jogos do Brasil, sem Q seu Roberto, e mais particularmente, neste dia 14, que recorda aquele dia 14 de fevereiro... Noite cruel, madrugada dolorosa. (2)

É como se tudo estivesse programado, para acontecer o drama trágico.

Antes, um pouco, depois de um dia amargo e deprimente, eu me sentia regularmente...

O telefone tocou, chamando-me. Não sei se você se recorda. Eu não queria sair, mas, a insistência foi tal que resolvi atender. (3) Retornei tarde.

Eu me recordo que eram quase três horas da manhã.

Ainda tentei manter-me calmo. Eu estava num turbilhão.

Tomei banho. Nova crise, sem saber por que ou como, uma força terrível levou-me ao gesto de loucura.

Conscientemente eu não queria atirar-me lá em baixo.

Eu sabia que não tinha este direito. Eu não podia fazer aquilo, porque iria ferir você, toda a família...

Dominado por uma ação maior do que as minhas resistências, impulsionou-me ao salto no espaço.

Quis gritar e a voz morreu na garganta. Quis recuar e era tarde. Foi rápido demais. (4)

É certo que, de quando em quando, eu pensava no suicídio.

No íntimo, porém, eu queria viver, necessitava de viver...

Faltava-me alegria, equilíbrio.

Você recorda que eu não conseguia levar nada adiante: nem estudos, nem trabalhos, nem amigos... (5) Agora são dolorosas recordações e muito sofrimento.

Não lhe oculto o quanto sofri e prossigo experimentando como é natural.

Foi num momento impossível de descrever, que vovó me apareceu, amparando-me, em nome de Deus...

Adormeci, sem ter paz. Pesadelos terríveis me assaltavam. A queda no espaço, o arrependimento, o desespero se afiguravam como horror infernal.

Eu me recordo que ouvi uma voz me chamando.

Ao despertai, apesar do torpor, vi um sacerdote vestido de cor clara, que me disse: "Roberto, eu sou Eduardo, que antes fui bispo em Ilhéus e venho dizer-lhe que tudo está bem. " (6) Senti uma grande calma e então, consegui adormecer novamente...

Não posso reunir todas as lembranças para narrar aqui.

O que desejo dizer-lhe é que não sofra mais.

O seu sofrimento me perturba. Acalmese e aceite esta dolorosa realidade, oonfiando no tempo. Amanhã será um outro dia para nós.

A irmã Joanna de Ângelis, que me ajuda nesta carta, pede-me encorajá-la, a fim de que sejamos felizes.

Deus não nos abandona e estou aprendendo a crer, a entender.

Eu prossigo internado em um verdadeiro hospital para suicidas como sou considerado, apesar dos atenuantes que me concedem a caridade de sofrer menos...

Peço perdão ao "velho" pai Elsito (7), que agora valorizo e procuro melhor compreender.

Cumpridor dos seus deveres, eu reconheço, ele estava cansado de mim.

Eu não fazia o necessário para agradá-lo.

Agradeço com carinho o Mimo com quem eu implicava, às vezes, até sem querer, a Nena e a Liana (8), pedindo-lhes que me recordem aos familiares dos seus corações.

Sempre será 4 de maio (9) para nossos corações. Nestes 26 anos de vida física (10), interrompidos naquele 14 de fevereiro, eu não pude crescer para Deus, nem para você, nem para ninguém.

Confio que agora será melhor para nós.

Prometa-me, mãezinha querida, que você se acalmará e viverá mais feliz, com isso ajudando o seu filho que prossegue necessitando do seu carinho, das suas orações, das suas ações do bem.

Altere meu quarto.

Desfaça de muita coisa, agora sem sentido e que poderá ser útil aos desafortunados, em memória de mim.

Não me é permitido alongar-me por mais tempo.

Quando Deus permitir, voltarei a dar-lhe notícias.

Esteja tranquila e perseverante no Bem.

Com saudades e carinho a você e aos nossos, o filho sofredor e agradecido, sempre afetuoso e necessitado, que a beija, rogando a Deus por nós, Roberto.

Transcorridos seis meses e dias (20. 12. 86), Roberto retornou, apresentando evidentes sinais de renovação, embora os impositivos redentores decorrentes do gesto tresloucado que lhe arrebatou a vida física.


Leiamos a sua segunda mensagem:

Meu querido pai Elsito, minha querida mãezinha Leda, estou aqui, rogando a Deus que nos abençoe!

Aguardei este momento com crescente ansiedade, receando não merecer a oportunidade.

Informado, há pouco, de que me fora concedido o ensejo, encontro-me emocionado e sob a direção da Benfeitora Joanna de Ângelis, tomo do lápis mediúnico para esta breve carta do coração.

Tudo é alegria em mim, porque, lúcido, adquiro responsabilidade e compreendo melhor a vida.

O sofrimento é fenômeno normal e não punição, ensinando-me a valorizar as dádivas de Deus que não soube ou não quis considerar, quando no corpo, mas, que agora me significam muito.

Lentamente vou superando-me, porque não penso no passado em termos de recordações infelizes, senão, como lições que me empurram para o futuro promissor.

Repasso as lembranças positivas e bendigo-as, considerando aquelas amargas, como necessárias para o meu progresso.

A terra não dilacerada pelo arado, jamais produz, realizando o mister, para o qual está destinada.

Assim, também, é a criatura...


Hoje, ainda prossigo sob carinhoso tratamento espiritual, mesmo após estes meses -

(11), que não significam muito, em nossa área de movimentação, nesta esfera da vida.

Apesar disso, para os sentimento de saudade, representam um século de ração...

É tão difícil dizer o essencial quando o tempo está sob trole e o que nos cumpre esclarecer se encontra sob orientação Acompanho os dias da mãezinha, com os seus altibaixos participo das suas preocupações.

O seu pensamento me alcança com todas as interrogações que lhe pesam, no momento, na alma.

Gostaria de poder respondê-las todas, mas o tempo e os deveres novos não me permitem.

Estou feliz pelo Mimo com a sua viagem aos Estados Unidos. (12) Perseverante ele conseguiu e eu sorrio de alegria, recordando-me das minhas implicâncias com o querido irmão, que, certamente, já me perdoou.

Estive no seu aniversário, mãezinha, no dia 3 de novembro, (13) e desejei falar-lhe, a fim de tranquilizá-la.

Não me foi possível.

A correspondência, daqui, para aí, não é fácil e exige que muitos fatores se conjuguem, para que tudo resulte favorável.

Acompanho os passos da Nena e da Liana participando, de maneira diferente, do que lhes acontece no lar ou nas ansiedades da alma.

Peço a Deus que as acompanhe.

Meus queridos pais, este é um presente de Natal, que me pareceu significativo para oferecer-lhes hoje, agradecendo-lhes tudo quanto fizeram por mim e ainda o fazem.

Estou incumbido de dizer a D. Sônia (14), que o seu filho aqui presente, pede-me para dizer-lhe que, amanhã, celebrará o segundo aniversário da sua libertação ao seu lado (15) e que se sente muito feliz, profundamente reconhecido ao seu amor, beijandoa, afetuosamente.

Não me posso alongar mais.

O essencial está apresentado.

Guardem-me nas suas preces.


...

E, na noite do aniversário de Jesus estarei visitando nossa Casa, dizendo-lhes, desde já: Deus os faça felizes, meus pais, e perdoem o seu filho insensato!


Com o carinho pela família querida, que brota do coração, o filho arrependido, que luta pela redenção e os ama, sempre reconhecido, Roberto

IDENTIFICAÇÕES


(1) - Ilhéus (BA) - Cidade onde nasceu e viveu o missivista desencarnado.

(2) - Estas informações são extraordinárias, pois que se referem a ocorrências reais, confirmadas pela genitora. O dia 14, que recorda aquele dia 14 de fevereiro...

Noite cruel, madrugada dolorosa, constitui a recordação do suicídio, naquela oportunidade, quando Roberto atirou-se pela janela do 7º andar do prédio onde residia.

(3) - Este detalhe foi igualmente confirmado.

(4) - Referência à força espiritual adversária que o levou ao suicídio.

(5) - O missivista, realmente, padecia destas alternâncias de comportamento.

(6) - Dom Eduardo, foi um missionário amoroso, que viveu em Ilhéus e goza de muito carinho pelos seus feitos antes e depois da desencarnação.

(7) - Sr. Elsito - Genitor de Roberto. (8) - Mimo, Liana e Nena - Irmãos de Roberto.

Os primeiros, são jovens e solteiros.

Nena é casada e mãe.

(9) - Sempre será 4 de maio - Data de aniversário do missivista.

(10) - Vinte e seis anos de vida física - Informação confirmada.

(11) - Realmente transcorreram 10 meses desde o dia da desencarnação do jovem.

(12) - Dado exato - Viagem do Mimo aos Estados Unidos.

(13) - Data correta, 3 de novembro.

(14) - D.

Sônia - Mãe de outro jovem que desencarnou em acidente e se encontrava presente à reunião.

(15) - O filho de D.

Sônia desencarnou há dois anos, na data referida, conforme elucidação da mesma senhora.




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