Vitória da Vida
Versão para cópia
Jussane Cristina Leite
"Nossa filha Jussane foi algo muito especial que Jesus nos concedeu durante 19 anos e meio a fim de nos ensinar inúmeros exemplos de humildade sincera e altiva ao mesmo tempo.
Todos que a conheceram, sem exceção, a julgavam "quase artificial" tal era sua pureza de espírito, pois na maior parte de sua vida preferiu conviver com adultos e crianças em tenra idade.
Seu lindo sorriso era uma constante, denotando uma incrível vontade de viver e doar-se ao próximo para que todos, à sua volta, sentissem como é bela a vida que o PAI nos concedeu, nesta existência.
Seu sentido de responsabilidade era tamanho que, quando ela chegava do colégio, seu pai, em tom de brincadeira, dizia para a mãe: "Neusa, sua Mãe chegou. " Na época de sua volta ao mundo dos Espíritos, ela fazia, ao mesmo tempo, vestibular para a Faculdade de Medicina e instrumentação cirúrgica.
Este último deu-lhe enorme satisfação e se realizaria profissionalmente, se não houvesse partido dois meses após sua formatura.
Tinha habilidades notáveis: sabia cozinhar (e gostava) como poucos, além de fazer deliciosos doces.
Essas mesmas mãos tocavam piano como um virtuose, preferindo o clássico, como o famoso ‘Pour Elise’ ou temas de Paganini, de Rachmaninoff...
Tinha mediunidade aflorada, pois, mais ou menos 20 dias antes de seu desencarne, viu refletida a imagem de um Espírito com as características (dos quadros) do Mestre JESUS. (Refletido na porta de vidro de nossa sala, ficou radiante de alegria.) Nasceu no dia 21 de junho de 1962, dia de Corpus Cristi, daí a razão de seu segundo nome, Cristina.
Amava a família além do que se possa chamar de normal.
Sua afinidade com sua mãe era algo sobrenatural: as duas eram como que uma.
Teve um único namorado e dedicou-se a ele com muito amor e desvelo. " (Escrito por D. Neusa Leite)
Divaldo Franco encontrava-se em tarefas doutrinárias pelo Triângulo Mineiro, e, em Uberaba, há três dias.
Participando das reuniões do Grupo Espírita da Prece, proferira, na tarde de 09. 03. 84, no Culto da Assistência aos Necessitados, na 5ila dos Pássaros Pretos, onde Francisco Cândido Xavier distribui o amor e a caridade, expressiva palestra de consolação.
À noite, no encerramento das tarefas, no Grupo, psicografou a mensagem de Jussane dirigida aos seus pais, para a sua própria e a surpresa dos destinatários.
A respeito da mensagem, eis como se expressaram os genitores da missivista: "Estávamos no Grupo Espírita da Prece, em Uberaba (MG), assistindo e vibrando com os trabalhos de Chico Xavier, quando fomos surpreendidos com a leitura da mensagem de nossa filha Jussane.
Surpresos, pelo inusitado, pois estávamos esperando que ela se comunicasse pelo Chico.
Foi, no entanto, através do Divaldo, que nossa filha nos trouxe uma mensagem de muito amor.
A emoção foi indescritível, ante a circunstância singular e inesperada.
Ficamos a noite sem dormir, lendo e relendo a mensagem, e agradecendo a Jesus mais esta graça imerecida. " Querida mamãe Neusa, meu querido papai Jurandyr (1) Jesus seja o nosso ponto de apoio nesta romagem de saudades, ideais refeitos e quase desembaraçada das compressões das lágrimas.
Abraço-os, hoje, cantando júbilos.
A lição das horas tem-nos ensinado, mãezinha querida, que o sofrimento é bênção de inestimável valor, que colocamos no coração ensejando-nos crescimento para Deus.
A sua Jussane, graças ao seu refazimento e à sua confiança, encontra-se quase feliz, não fosse a interminável saudade que, de quando em quando, se esgueira no coração e põe-se a conversar recordações... Nestes instantes, a bisavó Maria Leite (2) chega e, igualmente, de mansinho, sem que diga nada, reconduz-me à esperança do amanhã.
Tudo bem, portanto.
Acompanho com alegria nossa Patrícia e o nosso Anderson (3) amadurecendo para a vida, já liberados das inquietações de antes, preparando-se para um futuro brilhante pelo qual todos que os amamos, anelamos com fervor.
A vida são as experiências que arquivamos nos painéis da memória, constituindo valiosas lições para o nosso crescimento e a nossa libertação.
Hoje, melhor do que ontem, vejo a realidade através de melhores vidros que não possuem grau que lhes deformem a realidade, e compreendo que o amor é o alimento mais importante para as almas, daí decorrendo que todos os infortúnios e desconfortos humanos são resultado da inobservância das leis que os regem.
Quando se ama, atinge-se a maioridade, a realização, e enquanto se quer o amor, sem a compreensão de o repartir entre os seres, tal não passa de uma condição infantil.
Portanto, amemos além das fronteiras do Lar, ampliando-lhe a capacidade e tê-lo-emos enriquecido e redobrado em nós, à semelhança do grão de trigo que morrendo produz uma seara inteira enriquecida de bênçãos que se transformam em pão.
O nosso querido vovô Guerrero (4) prossegue comigo, o anjo tutelar.
E o nosso Tiaminho (5), o amigo que se me fez devotado companheiro, prossegue auxiliando o Sr.
Hélio e a Sra. Sayoko (6), seus pais inesquecidos, edificando um Lar que os reunirá mais tarde numa interminável festa de Paz.
Agradeço a Deus as atuais conquistas do Jorge Guilherme
{
7) que se refez e avança na condição de amigo querido com os olhos postos no futuro, edificando a humanidade ditosa por que todos aspiramos.
Mãezinha Neusa, sempre que as angústias chegarem, recorde-se da nossa união espiritual e pense nas criancinhas esquecidas na orfandade, levando-lhes o calor de sua imensa ternura e do seu incomensurável amor.
Há olhos que nos espiam e, apesar do pouco que possuímos, lamentam não desfrutar de uma parte sequer, já que neles, nesses corações, a escassez de paz e amor, de pão e de agasalho é muito grande, e o desconforto é imenso.
Antes, não me dava conta, na minha juventude dourada, num lar feliz, numa família rica de carinho.
Agora, com a visão ampliada, sem desejar advogar a causa dos sofredores, compreendo que possuímos em demasia e, por isso, a necessidade de doar-me a eles, um pouco mais, rogando a sua interferência e a dos nossos.
Por tudo, mãezinha Neusa e querido paizinho Jurandyr, agradecendo a presença dos corações queridos, abraço ternamente os nossos Anderson e Patrícia, beijando-os com a emoção de sempre e rogando-lhes que, à semelhança do passado, me abençoem.
A filha carinhosa, sempre afetuosa e reconhecida, Jussane
Jussane Cristina Leite
Das anotações de Jussane, os seus pais nos encaminharam alguns fragmentos literários da sua lavra: "Quando você perder algo, não fique muito triste, pois existe o consolo de se saber que, por pouco que fosse, você possuiu. "
• "Se um dia, no futuro, Eu não for o seu presente, Lembre-se que já fui Seu passado. "
• "A saudade é, às vezes, boa, porque permite a certeza da volta. "
IDENTIFICAÇÕES
(1) - Mamãe Neusa e papai Jurandyr - Genitores de Jussane.
(2) - Bisavó Maria Leite - Avó do Sr. Jurandyr, desencarnada em 1947.
(3) - Patrícia e Anderson - Irmãos de Jussane.
(4) - Vovô Guerrero - Avô materno desencarnado em 21. 05. 41.
(5) - Tiaminho - Tiaminho Daikuara, que conheceu no plano espiritual e desencarnado em 25. 01. 80.
(6) - Sr.
Hélio e Sra. Sayoko - Pais de Tiaminho.
(7) - Jorge Guilherme - Namorado da missivista.
Acima, está sendo listado apenas o item do capítulo 13.
Para visualizar o capítulo 13 completo, clique no botão abaixo:
Ver 13 Capítulo Completo
Este texto está incorreto?