Conflitos Existenciais - Série Psicológica Vol. 13
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Alcoolismo e obsessão
O alcoolismo é grave problema de natureza médica, psicológica e psiquiátrica, que merece assistência urgente, uma vez que também se apresenta como terrível dano social, em face dos prejuízos orgânicos, emocionais e mentais que opera no indivíduo e no grupo social ao qual pertence.
O alcoolismo envolve crianças mal orientadas, jovens em desalinho de conduta, adultos e idosos instáveis, gerando altos índices de intoxicação aguda e subaguda em todos, como consequência da facilidade com que se pode conseguir a substância alcoólica, que faz parte do status da sociedade contemporânea, como de alguma forma ocorreu no passado.
Apresentam-se dois tipos de bebedores: os de ocasião, que se permitem a ingestão etílica em circunstâncias especiais, e os habituais, aqueles que já se encontram em dependência alcoólica.
E mais perigosa, naturalmente, a feição crônica, com boa dose de suporte do organismo que se desequilibra em delírios, quando por ocasião de breve abstinência ou mesmo por um pouco de excesso, em razão da progressiva degenerescência dos centros nervosos.
Invariavelmente, a ansiedade desempenha um papel preponderante no uso do álcool, por causa da ilusão de que a sua ingestão acalma, produz alegria, o que não corresponde à verdade.
Em muitas personalidades psicopatas, o álcool produz rápidas alucinações ou depressão, levando, na primeira hipótese, à prática de ações criminosas, alucinadas, que desaparecem da lembrança quando volve a consciência.
Noutras vezes, a necessidade irresistível de ingerir o álcool, oferecendo o prazer mórbido do copo cheio, caracteriza o dipsômano ansioso e consciente da sua enfermidade.
Esse tipo de enfermo pode manter relativa abstinência e períodos de grande ingestão alcoólica, em verdadeiro círculo vicioso de que não se consegue libertar, definindo o rumo do abandono do vício.
Ao lado desse, existe o hipômano, que se apresenta com pequenas e constantes intoxicações, podendo demorar meses sem beber qualquer quantidade de substância alcoólica, quando se encontra na sua fase de normalidade, logo celebrando alegremente o retorno a ela, em algumas semanas de degradação, na qual se apresenta a manifestação maníaco-depressiva, em que aparecem os episódios delirantes.
Não se pode negar que existe uma herança ancestral para o alcoólico.
Descendente de um viciado, ele apresenta tendência a seguir o hábito doentio.
Igualmente há outros fatores orgânicos, como lesões nervosas, encefalopatias, traumatismos cranianos.
Do ponto de vista psicológico, podem ser assinalados como causas os conflitos de qualquer natureza, especialmente sexuais, empurrando para o vício destruidor.
A timidez, a instabilidade de sentimentos, o ciúme, o complexo de inferioridade, os transtornos masoquistas propelem para a ingestão de substâncias alcoólicas como fuga das situações embaraçosas.
Algumas vezes, para servir de encorajamento; e outras, com a finalidade de apagar lembranças ou situações desagradáveis.
Sob qualquer aspecto considerado, porém, essas situações apresentam-se mediante altas doses de mau humor e de agressividade, derivadas dos tormentos íntimos do paciente que não foram acalmados.
O dependente alcoólico é portador de compromissos espirituais transatos muito grandes, à semelhança de outros enfermos.
No caso específico, há um histórico anterior, em experiência passada, quando se entregou às dissipações, especialmente de natureza etílica, assumindo graves compromissos perturbadores com outros Espíritos que lhe padeceram as injunções penosas e que o não perdoaram.
Reencontrando-o, estimulam-no à antiga debilidade moral, a fim de o consumirem na alucinação, ao tempo em que também participam das suas libações, dando prosseguimento aos desafies que a ausência do corpo já não lhes permite.
a semelhança do que ocorre com o tabagista e o drogado, estabelece-se um conúbio vampirizador por parte do desencarnado, que se torna hóspede dos equipamentos nervosos, via períspirito, terminando por conduzir o paciente ao delirium tremens, como resultado de insuficiência suprarrenálica, quando o organismo exaurido tomba sob situações de hipoglicemia e hiponatremia.
Noutras vezes, prosseguem na desforra, em razão do sentimento ambíguo de amor e ódio, no qual satisfazem-se com as aspirações dos vapores etílicos que o organismo do enfermo lhes proporciona e do ressentimento que conservam embutido no desejo da vingança.
Assim sendo, igualmente entorpecem-se, embriagam-se, pela absorção da substância danosa que o períspirito assimila, enlouquecendo, além do estado infeliz em que se encontram.
Nessa situação, tomam da escassa lucidez do hospedeiro psíquico e emocional, ampliando-lhe o quadro alucinatório e levando-o à prática de atos abjetos e mesmo de crimes hediondos.
A questão é tão grave e delicada, que nem sequer a desencarnação do obsidiado faz cessar o processo que, não raro, prossegue sob outro aspecto no Mundo espiritual.
O vício, de qualquer natureza, é rampa que conduz à infelicidade.
Prejuízos físicos, morais e mentais do alcoolismo.
Considerando-se a falta de estrutura dos valores éticos na sociedade hodierna, determinados comportamentos que deveriam ser considerados como exóticos, quando não perturbadores e censuráveis, assumem respeitabilidade e passam a constituir-se modelos a serem seguidos pelas personalidades dúbias.
O alcoolismo é um desses fenômenos comportamentais que, desde priscas eras, vem atormentando o ser humano.
A criança e o jovem ambientados ao clima vigente, por imitação ou estimulação de outra natureza qualquer, aderem às libações alcoólicas, procurando ser semelhantes aos outros, estar no contexto geral, demonstrar aquisição de identidade e de liberdade pessoal...
Os danos que decorrem desse hábito infeliz são incalculáveis para o indivíduo e para a sociedade, assim como os prejuízos de vária ordem, inclusive econômicos, para as organizações governamentais de saúde.
A intoxicação apresenta-se sob dois aspectos: aguda ou embriaguez, e crônica.
Não existe uma linha demarcatória entre ambas, podendo estar combinadas, o que ocorre na maioria das vezes.
A embriaguez é de duração breve no seu aspecto clínico.
No entanto, pode evoluir, passando por três fases: excitação, depressão e coma.
Na primeira, surge a euforia, como mecanismo de libertação de conflitos emocionais reprimidos durante a abstinência.
E de duração breve, relativamente entre uma hora e meia e duas horas.
É muito conhecida como vinho alegre.
A depressão, também chamada vinho triste, ocorre a seguir ou pode surgir de maneira inesperada, de chofre.
O paciente entrega-se ao desmazelo, ao abandono, movimenta-se trôpego, trêmulo, numa espécie de ataxia física e mental.
Oscila entre a tristeza e a alegria, apresentando sudorese abundante, náuseas, vômitos...
logo depois, advém um torpor, uma espécie de sono com estertores, que se apresenta em forma do coma da embriaguez.
Nessa fase, pode ocorrer a desencarnação resultante de algum colapso cardíaco.
Surgem, também, manifestações diferenciadas em forma sensorial, afetiva e motora, que se podem fundir em uma situação lamentável.
Os sentidos físicos ficam afetados, os estados oníricos tornamse tormentosos, as alucinações fazem-se frequentes.
Cada uma dessas formas de embriaguez tem a sua característica, sempre degradante para o paciente, que perde completamente o controle da razão, da emoção e do organismo físico, no qual instalam-se problemas de alta gravidade.
Também é conhecida a embriaguez simples ou excitação ebriosa, na qual o paciente pode apresentar-se de forma expansiva ou depressiva, de acordo com a sua constituição emocional.
Na situação, sem controle sobre as inibições, desvela-se, e, em face da liberação, pode tornar-se vulgar, agressivo, ultrajando as pessoas, agredindo os costumes, derivando para diversos tipos de crimes contra o cidadão, o patrimônio...
Lentamente, o paciente começa a sofrer perturbações intelectuais e de memória, embotamento dos sentimentos e distúrbios de conduta.
Além desses desequilíbrios, a face apresenta-se pálida e de expressão cansada; a língua, saburrosa;
hepatomegalia, febre; facilidade para permitir-se infecções, como gripe, erisipela, pneumonia.
Quando irrompe o deliríum tremens, o paciente encontra-se em fase adiantada de alcoolismo, com impossibilidade imensa de retornar à sanidade, ao equilíbrio, em razão dos distúrbios profundos nos sistemas nervoso central, neurovegetativo, simpático e parassimpático, além das disfunções de outros órgãos que se encontram afetados pelo excesso de álcool: fígado, rins, pâncreas, estômago, intestino, coração...
Noutras vezes, o paciente é conduzido à demência alcoólica, em decorrência do enfraquecimento generalizado de todas as funções psíquicas, particularmente as intelectuais, ao tempo em que é atingido na afetividade e na moralidade.
Nessa fase, a morte é quase iminente, pois as funções orgânicas exauridas já não podem manter-se em ritmo de trabalho equilibrado, cedendo lugar ao descontrole e à exaustão.
Pode acontecer que, em muitos pacientes crônicos, antes da ocorrência dos acidentes delirantes subagudos, surjam estados neurasteniformes, caracterizados pela fadiga, por dores esparsas, astenia muscular, perturbações digestivas, cefaleia...
Por extensão, o sono é assinalado por confusão mental e inquietação, produzindo mal-estar e aumentando o cansaço pela falta do repouso que se faz necessário à manutenção da maquinaria orgânica.
A verdade insofismável é que o alcoólico é um paciente que apresenta grande dificuldade de aceitação terapêutica, por estar escamoteando sempre os tormentos sob justificações, ora acusatórias, como de responsabilidade daqueles que lhes criam situações difíceis, ou como de vítimas das circunstâncias, que dizem poder reverter, quando quiserem, mas que nunca o conseguem.
Terapia para o alcoolismo
Em face da gravidade do alcoolismo, são necessários recursos psiquiátricos, psicológicos e orientação social, com o propósito de auxiliar o paciente na recuperação da saúde.
De acordo com a extensão de cada caso, é sempre recomendável a orientação psiquiátrica, com o conveniente internamento do enfermo, a fim de auxiliá-lo na desintoxicação, naturalmente acompanhada de cuidadoso tratamento especializado.
Nessa fase, sempre pode ocorrer o colapso, em defluência da falta do álcool no organismo.
A medida que vai sendo recuperada a lucidez, a ajuda psicológica é de grande valor, por facilitar a identificação das causas subjacentes e que se encontram inibidas, como efeito de uma infância malvivida, frustrada, ou de reminiscências inconscientes — clichês mentais inesperados pertinentes às experiências malogradas em existências anteriores...
A boa leitura certamente propicia o despertamento da consciência para a nova situação, demonstrando que a realidade não é tão agressiva conforme se crê, dependendo de cada um na sua forma de enfrentá-la.
A aplicação da bioenergética é de grande utilidade, porque robustece o ânimo do paciente e ajuda-o na libertação das tenazes que sofre por parte do perseguidor desencarnado.
Graças a esse recurso, torna-se mais fácil a mudança de comportamento para outra faixa vibratória, mais elevada, favorecendo o fortalecimento moral e espiritual através da oração, por cuja terapia passa a sintonizar com outras mentes mais nobres e a captar a presença dos Guias espirituais que são atraídos e o auxiliarão na conquista do seu reequilíbrio.
A Psicologia e a Psiquiatria espíritas conseguiram demonstrar que existe outra realidade além da objetiva, da convencional, na qual a vida é estuante e apresenta-se em forma de causalidade, onde tudo se origina e para a qual tudo retorna.
Dessa forma, levantaram o véu que dificultava a visão do mundo espiritual existente e desconhecido, vibrante e gerador de fenômenos que se apresentam na esfera física, antes não entendidos e considerados miraculosos, desbordando em fantasias e mitos, ora fascinantes, ora aterradores...
A confirmação da imortalidade do Espírito facultou o entendimento em torno das relações que existem entre as duas esferas da mesma vida, ensejando a compreensão da finalidade do processo reencarnacionista, assim proporcionando sentido e significado especiais à existência corporal.
Desse modo, importante é o ser, em si mesmo, portador de possibilidades quase infinitas na sua trajetória, dependendo sempre da sua eleição pessoal em torno da busca da plenitude.
Enfermidades, desaires, sofrimentos, alegrias e esperanças fazem parte do trajeto a percorrer, nunca esquecendo que a cada passo dado, uma nova conquista se insere no equipamento de realizações enobrecedoras.
Eis por que a jornada humana deve caracterizar-se pela visão e pela ação positivas, no incessante labor de autorrealização para melhor contribuir em favor da coletividade da qual faz parte.
A cura real, portanto, de qualquer paciente, reside na sua transformação moral para melhor, porquanto pode recuperar a saúde física, emocional e mesmo psíquica; no entanto, se não aceitar a responsabilidade para auto iluminar-se, logo enfrentará novos problemas e situações desafiadoras.
Essa reabilitação deve dar-se, por certo, do interior para o exterior, dos sentimentos para a organização fisiológica.
Tendo em vista a presença da morte e da imortalidade, convém ter-se sempre em mente que a cura lograda, por mais ampliação de tempo que conceda, não impedirá o inevitável fenômeno da morte que acontecerá...