Vida: Desafios e Soluções
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Relacionamentos saudáveis
Ninguém consegue viver sem a harmonia do grupo social no qual se encontra.
Animal gregário, o ser humano nutre-se da vibração e da presença de outro igual, que o estimula para avançar na busca da sua autorrealização.
O relacionamento social é de grande importância para desenvolver os valores que se encontram adormecidos nos refolhos do inconsciente, aguardando os estímulos que os fazem exteriorizar-se, e isso, somente é possível, na convivência com outros indivíduos da mesma espécie.
O isolacionismo é sintoma de desajuste emocional, portanto de psicopatologia que necessita seja aplicada uma terapia competente.
Na convivência com o próximo, o ser humano lima as arestas interiores e ajusta-se ao grupo, aprendendo que a sua perfeita sintonia com os demais resulta em produção e aperfeiçoamento moral para todos.
O seu crescimento é conquista geral, o seu fracasso é desastre coletivo.
Nesse mister, portanto, descobre a beleza da harmonia, que resulta da perfeita identificação com os componentes do conjunto.
Quem duvide do valor da renúncia pessoal em favor do aperfeiçoamento do grupo social, observe, numa orquestra, qualquer instrumento que se destaque, por exibicionismo, destoando da pauta musical, e teremos a tragédia do esforço de todos.
Assim, portanto, há uma necessidade ética, psicológica, moral, em favor do relacionamento entre as criaturas, particularmente quando este pode ser saudável.
A sua proposta se faz mediante o intercâmbio fraternal, aspirações culturais, doações dignificadoras, que se convertem em esforço de construção de momentos enriquecedores.
Os estímulos humanos funcionam de acordo com os propósitos agasalhados, porque a mente, trabalhando os neurônios cerebrais, estimula a produção de enzimas próprias aos sentimentos de solidariedade ou às reações belicosas.
Assim, portanto, aspirar a ideias de teor elevado e mantê-las constitui meio seguro de conseguir-se relacionamentos saudáveis.
A Influência Dos Mitos na Formação Da Personalidade Todos os seres são herdeiros naturais das suas experiências transatas.
O processo da evolução antropológica permanece impresso nos painéis do inconsciente profundo, no próprio Espírito, que se socializa e desabrocha as expressões psíquicas por intermédio das vivências sucessivas e ininterruptas, o que lhe faculta crescer e adquirir maior soma de valores intelecto-morais.
Os mitos, dessa forma, encontram-se no bojo da sua formação, não dissociados do seu comportamento atual.
Atitudes e realizações, anseios e propostas de variado teor repousam, inconscientes, em mitos que não foram decodificados pela consciência.
O temor a Deus, remanescente do pensamento primário, mesmo de forma automática, prossegue conduzindo os indivíduos a processos religiosos sem nenhuma estrutura lógica, em forma instintiva de preservação do Si, para a eventualidade de existir um Ser Superior, Criador do Universo.
Como consequência dessa atitude, o comportamento social é sempre caracterizado por ameaças, imposições, exigências descabidas e antológicas, disfarçando o medo que lhe permanece dominador nas fibras do sentimento maldirecionado.
Não tendo conseguido superar as impressões infantis que ficaram no íntimo, em forma de atitudes injustificáveis, o indivíduo continua transformando a vida em um proscênio especial para a vivência dos seus dramas e conflitos interiores, e espera acolhimento da plateia que o cerca.
Não se conscientizando da realidade do cotidiano, foge para as paisagens das fábulas que lhe encantaram o período juvenil e aguarda as presenças fantásticas que lhe retiram os fardos opressores do trabalho, do esforço, das conquistas culturais, elegendo-o como privilegiado e semideus.
Sua personalidade experimenta deformação constitutiva e apresenta-se com sinais de morbidez.
À medida que o ser se desenvolve psicologicamente, os mitos, que nele se encontram em forma arquetípica, sofrem transformações e adaptações aos mecanismos dos diferentes períodos de crescimento e de amadurecimento.
As leves construções fantasistas vão sendo substituídas por novas aspirações realistas que se fundem na imaginação, abrindo espaço para um desenvolvimento equilibrado e saudável.
Na raiz de muitos comportamentos estranhos, encontram-se mitos não diluídos, comandando o indivíduo que prossegue imaturo.
Inúmeros desses mitos se originaram em ocorrências que não puderam ser comprovadas e passaram à galeria da imaginação, enriquecidos pelos sonhos e aspirações de pessoas e gerações sucessivas, que se encarregaram de dar-lhes vida, ora real, em outros momentos com caráter apenas simbólico.
Povos e civilizações que teriam existido, quais os atlantis e os lemurianos, passaram à galeria dos mitos, alguns dos quais enraizados em diferentes Livros sagrados, ao se referirem à criação da criatura humana, à expulsão do paraíso, ao dilúvio, à arca de Noé, à aliança entre a Divindade e o homem, renascendo, mais tarde, nas belas fábulas da índia, da China, do Tibet, do Japão, nos deuses das grandes civilizações do norte da África e do Oriente Médio, ou, no Ocidente, no Panteão greco-romano, com o surgimento dos deuses-homens e dos homens-deuses, com paixões e sublimações características, que se transferem de geração em geração até o homem moderno, de alguma forma plasmando-lhe a personalidade.
A libertação do mito se torna possível quando o indivíduo se reveste de valor moral e cultural, para enfrentar-se e demitizarse, resolvendo-se por assumir a sua realidade espiritual.
A existência humana, porém, transcorre num mundo assinalado pelos conflitos, pela competição impiedosa, pelo desrespeito aos valores legítimos do ser, empurrando, naturalmente, as constituições psicológicas mais frágeis para a fantasia, para as fugas ocasionais da face objetiva da realidade, onde se resguardam e se preservam com a imaginação, estagnando ou retrocedendo emocionalmente ao período infantil.
Fobias, insegurança e timidez se exteriorizam nas suas atitudes, que são resultantes da cultura receosa de agressão e descaso pelos aparentemente triunfadores.
A imaginação religiosa tem contribuído para a preservação desses mitos, portadores de dons e graças especiais, que são esparzidos com os seus eleitos ou com aqueles que se fazem eleger, através dos mesmos processos com que na Terra se conquistam os poderosos, tornando os solicitadores sempre dependentes, sem oportunidade de crescimento interior.
Nesse caso estão os gnomos, fadas e anjos, que possuem os ingredientes das imaginações férteis, tornando-os seres especiais, portadores de poder inimaginável e de recursos inesgotáveis, que põem à disposição dos seus aficionados, de todos aqueles que se lhes submetam e prestem culto de adoração.
As fantasias desbordam e os excessos seduzem os incautos, que abandonam a lógica da razão para se comprazerem no mercado da ilusão, submetendo-se a imposições que não os engrandecem do ponto de vista psicológico nem cultural.
A posse de uma dessas personificações, que representam imagens arquetípicas das antigas fobias e aspirações, oferece força e poder para o indivíduo superar a má sorte, as dificuldades do dia a dia, os sofrimentos, e viver privilegiadamente no grupo social, sem sofrer as injunções naturais do processo de crescimento interior.
Estranhável seria se a constatação desse culto quase fetichista se desse apenas entre as pessoas de menores possibilidades culturais.
Ele está presente em todos os segmentos sociais, e assim se encontra disseminado, porque os Espíritos reencarnados procedem de velhos cultos do pretérito, que ainda permanecem assinalados pelos atavismos impressionáveis do período primitivo do pensamento.
A Psicologia Espírita, eliminando os mitos da criação, oferece a visão científica dos fatos, estimulando ao crescimento interior, sem receios nem constrições prejudiciais à razão.
A realidade sem crueza, o objetivo sem magia, o subjetivo sem superstição demonstram que a conquista da felicidade e da harmonia pessoal depende do esforço que cada qual empreende para ser livre, para aspirar ao futuro, a fim de voar, não pela imaginação, mas através dos recursos psíquicos na direção da Consciência Cósmica, que nele se desenvolve a pouco e pouco.
Conceitos incorretos e perturbadores
O ser humano, imaturo psicologicamente, sofre a angústia das incertezas quanto à sua conduta no grupo social em que se encontra.
A sua insegurança leva-o, não poucas vezes, a comportamentos dúbios, destituídos de significado equilibrador.
Sentindo-se sem condição para exteriorizar a realidade que o caracteriza, procura agradar aos demais, sufocando as próprias aspirações e assumindo posturas que não condizem com a sua forma de ser.
Torna-se espelho, no qual refletem as outras pessoas, perdendo a própria identidade e derrapando em conflitos ainda mais inquietadores.
Supondo que essa seria uma forma de encontrar apoio social e emocional, descaracteriza-se e termina por não corresponder ao que espera como êxito, porque, por outro lado, as demais criaturas são também muito complexas, inseguras, e aquilo que em determinado momento as satisfaz, já não corresponde ao verdadeiro em outra oportunidade.
Os relacionamentos degeneram e as suspeitas substituem a aparente estima antes existente, com resultado desgastante para ambas as partes.
Nessa situação, o indivíduo assume a atitude agressiva, mediante a postura de desvelar-se conforme é, esquecendo-se de diluir a insegurança e o dissabor, tornando-se, por isso mesmo, uma presença desagradável no meio social, que aguarda valores compensadores para a convivência saudável, quanto possível, que redunde em bem-estar e harmonia geral.
Essa criatura não sabe realmente o que deseja, para onde ruma e como se comporta, porquanto se encontra em estado de sonambulismo com flash de lucidez, que logo retorna ao nível de entorpecimento.
Preocupado com as demais pessoas, esquece-se de si mesmo, desvalorizando-se ou agredindo, quando deveria simplesmente despertar para a sua realidade e a que predomina no lugar em que se encontra.
No entanto, nesse torpor robotiza-se, deixandose conduzir pelas regras que lhe são impostas, mesmo não satisfazendo às exigências e necessidades que lhe são peculiares, ou seguindo o curso das tradições que nada têm a ver com seu objetivo, ou vitimado por hábitos que são resultantes de heranças anteriores sem nenhuma vinculação com o seu modo de ser, assim deixando-se massificar pela mídia extravagante e dominadora ou pelo grupo social que o asfixia...
Ele desejaria ser membro atuante desse grupo, que o repele, ou ele próprio se exila, por não haver compreendido a sua função existencial.
Tornasse-lhes, então, indispensável o despertar real, através de uma reflexão em torno dos acontecimentos e das suas aspirações, a fim de situar-se em paz no contexto humano e ser livre, sem exibicionismo narcisista ou timidez depressiva.
O apóstolo Paulo, agindo de forma psicoterapêutica, por observar o letargo em que se encontravam os indivíduos do seu tempo, que reflete o nosso tempo atual, proclamou:
— Desperta, ó tu que dormes, levanta-te entre os mortos e o Cristo te esclarecerá., conforme se encontra na sua admirável carta aos Efésios, no capítulo cinco, versículo quatorze, e a que já nos referimos anteriormente.
O sono produz a morte do raciocínio, da lucidez, do compromisso elevado com o próprio Si, e como Cristo é discernimento, proposta de vida, conhecimento, é necessário permitir-se a sintonia com Ele, a fim de viver em claridade e sempre desperto para a vida.
O processo de libertação impõe alguns requisitos valiosos para culminar o propósito, como tais: indagar de si mesmo o que realmente deseja da existência física, como fazer para se identificar com os objetivos que persegue, e avaliar se as ações encetadas levarão aos fins anelados.
Trata-se de um empenho resoluto, que não deve estar sujeito às variações do humor, nem às incertezas da insegurança.
Estabelecida a meta, prosseguir arrostando as consequências da decisão, porque todo ideal custa um preço de esforço e de dedicação, um ônus de sacrifício.
Libertar-se das bengalas psicológicas de apoio para as dificuldades constitui um passo decisivo no rumo da vitória.
Da mesma forma, a vida exige que o indivíduo se libere da autocomiseração, que lhe parecia um mecanismo de chamar a atenção das demais pessoas, que assim passariam a vê-lo como um necessitado, portanto, alguém carente de afetividade.
O mundo real não tem lugar para a compaixão nos moldes da piedade convencional, que não edifica, nem proporciona dignidade a ninguém.
Na grande luta que se trava, a fim de que a espécie mais forte sobreviva imposta pela própria Natureza, os fracos, os tímidos, os inseguros, os de comportamento infantil e apiedados de si mesmos ficam à margem do progresso, cultivando os seus limites, enquanto o carro da evolução prossegue montanha acima.
Não tem a criatura motivo para a auto compaixão.
Esse comportamento paranoico é injustificável e resulta da aceitação da própria fragilidade, que trabalha pela continuação de dependência dos outros, o que é muito cômodo, no campo dos desafios morais.
Esse falso conceito de aguardar que os demais o ajudem, apenas porque se apresenta fraco, não tem ressonância no ser saudável, que desfruta de lucidez para enfrentar as vicissitudes que desenvolvem a capacidade de luta e de empreendimentos futuros.
O indivíduo faz-se forte porque tem fortaleza interior aguardando o desabrochar da possibilidade.
A sua carga emocional deve ser conduzida e liberada, à medida que as circunstâncias lhe permitam, entesourando os recursos de realização e crescimento que estão ao alcance de todos os demais seres.
Nos relacionamentos humanos, somente aqueles que oferecem segurança e alegria proporcionam renovação e entusiasmo para o ser consciente.
Aprofundar reflexões, em torno do que é e do que parece ser, constitui proposta de afirmação da identidade e libertação dos mecanismos de evasão da realidade.
Estabilidade de comportamento
O comportamento saudável segue uma linha de direcionamento equilibrado, sem os altibaixos constantes dos transtornos neuróticos que produzem instabilidade emocional.
A escala de valores adquire inteireza e passa a comandar as atitudes em todos os momentos possíveis.
O indivíduo permanece desperto, atento para as responsabilidades que lhe dizem respeito, no quadro de realizações humanas e não se apresenta assinalado pelas incertezas e limitações que antes lhe eram peculiares.
Há uma lúcida integração nos compromissos que assume e um positivo relacionamento com todas as pessoas, que resulta da autoestima e da aloafeição.
Desenclausurado da concha do ego enxerga o mundo de forma correta, compreendendo as suas imposições, mas, sobretudo descobrindo-se como ser eterno, cuja trajetória na Terra tem uma finalidade superior, que é a conquista dos recursos que lhe perduram latentes, herança divina aguardando desdobramento.
A estabilidade do comportamento não fica adstrita a regras adrede estabelecidas, mas resulta de um amadurecimento íntimo, que ensina como agir diante dos desafios do cotidiano, a enfrentar as situações menos favoráveis, perceber o significado das ocorrências e a deixar-se preencher pela resultante dos valores do amadurecimento da afetividade.
Com a mesma naturalidade com que enfrenta os momentos de júbilo, atravessa as horas de dificuldade, procurando descobrir a lição oculta em cada experiência, já que todo acontecimento é portador de uma mensagem que pode contribuir para o aprimoramento do ser.
Por isso, a sua é uma forma agradável de viver, assinalada pela auto identificação e pela autorrealização.
Isso não implica ausência de lutas, antes, pelo contrário, essas se fazem mais fortes, porque os horizontes a descortinar são mais amplos e os planos de conquistas são mais grandiosos.
Surgem como desafios novos e geram dúvidas, confusões momentâneas, conflitos para a seleção de qualidade...
No entanto, são diluídos com relativa facilidade esses imperativos, que cedem lugar ao discernimento que seleciona o que deve e o que pode ser executado, sem espaço para aflições desnecessárias, que poderiam perturbar o comportamento habitual.
As tensões, que são parte das lutas humanas, não conseguem gerar estados estressantes, mostrando-se momentâneas e logo passando ao equilíbrio e à confiança na própria capacidade de enfrentar problemas e solucioná-los de forma saudável.
A esse indivíduo de comportamento estável, se associam as qualidades morais que o tornam um homem ou uma mulher de bem, que se faz portador de conquistas interiores relevantes, que não se confunde nem se perturba nos choques existenciais.
Essa pessoa de bem é lúcida, porque sabe reconhecer os seus limites, porém conhece também as infinitas possibilidades de crescimento e se entrega à tarefa de alcançar os novos patamares que vislumbra.
Não se atemoriza ante as propostas de aperfeiçoamento, porque está acostumada com as realizações de todo tipo, havendo transposto os limites internos e superado as barreiras externas do convencionalismo, das heranças míticas, das suspeitas injustificadas, tornando-se parte ativa do todo universal, com desempenho individual harmônico que proporciona alegria de viver.
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Efésios 5:14
Pelo que diz: Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá.
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