Encontro com a Paz e a Saúde

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CAPÍTULO 11

EPIFENÔMENO DA VIDA E DA MORTE

Alcançando o estágio de consciência objetiva, a um passo da cósmica, o ser humano ainda se aturde em considerações a respeito da vida e da morte, essa tradicional dualidade de fenômenos que, em última análise, é apenas a unidade sob dois aspectos considerados, o físico e o espiritual.

Todo o conglomerado celular, que resultou do processo da evolução através dos milhares de séculos, constituído por elementos químicos e orgânicos, no ser humano, não pôde prescindir do princípio inteligente, que lhe norteou o desenvolvimento em face do fatalismo de que se constitui.

Procedente de Deus - o Criador - possui todos os atributos da sua Causa, embora em finitude e relatividade, permitindo-se o despertar de cada potência em fase adequada, graças aos múltiplos fatores propiciatórios da sua manifestação.

Desse modo, em todos os seres sencientes ocorreram modificações, transformações, com o respectivo desabrochar de novas expressões cada vez mais complexas e evoluídas.

Mesmo adormecido nos minerais, esse princípio encerra o mistério da vida em suas diversas manifestações, desdobrando os recursos gloriosos de que se faz portador.

À semelhança do que ocorre com uma semente minúscula, que traz o germe da vida vegetal que se expressará na multiplicidade de manifestações ao atingir a sua finalidade, após os diversos períodos do processo vital.

A princípio dorme no seio do solo, a fim de despertar mediante os fatores mesológicos, intumescendo-se e arrebentando-se, de forma que a vida estuante resulte da morte exterior da forma em que se encontra.

Em face da agressividade do meio externo para onde ruma - pragas e ervas outras daninhas, ventos e chuva, gelo e ardência do Sol, animais e seres humanos - fortalece-se e resiste aos fatores negativos, alcançando o objetivo da sua destinação.

Da mesma forma, o ser humano, em sua vilegiatura multimilenária, armazena resistências para os enfrenta-mentos que são inevitáveis na sua viagem em direção à glória estelar, superando as agressões e experiênciando as lutas para a continuidade do desenvolvimento da vida.

Herdeiro das experiências vivenciadas, insculpem-se-lhe todas as impressões do prolongado período de processamento dos recursos internos, que se vão transformando desde o inorgânico ao orgânico, do inconsciente ao consciente, em decorrência de vigorosos mecanismos de aprendizagem.

Como efeito das incessantes alterações e conquistas, o despertar da consciência dá-se-lhe, não poucas vezes, sob a injunção aflitiva da compreensão da morte, que se encarrega de consumir a forma, deixando impressões penosas nos seus sentimentos.

O vazio da ausência de outrem que lhe constituía uma razão de alegria, de segurança, de bem-estar, de felicidade, transforma-se em angustiosa interrogação a respeito do sentido da vida, em si mesma, em face daquele desaparecimento que lhe dá a impressão de aniquilamento.

Aturdido, ante a reflexão aflitiva, a angústia trans-forma-se-lhe em depressão e o sentido existencial desaparece-lhe, deixando impressões perturbadoras, que alteram dolorosamente o curso da sua evolução sociopsicológica.

A observação atenta, porém, em torno de tudo quanto existe na face da Terra, pode contribuir em favor de um atenuante para a dor da saudade e do desespero em relação àqueles que foram arrebatados pela morte, como em benefício da preocupação em volta da sua própria destruição...

Tudo em a Natureza transforma-se a olhos vistos, não existindo o nada, senão expressões diversas de uma só realidade.

Os átomos alteram as aglutinações que estruturam e dão lugar a outras formas, assim como a energia que sempre a tudo movimenta mantém a constituição causai, apenas alterando-se em expressões variadas.

Por que diante das infinitas mutações e alterações em que tudo se expressa, a vida deveria aniquilar-se? Por que o princípio energético inteligente, organizador e preservador das moléculas que constituem a forma física, tem que se extinguir?

Os inúmeros conflitos, porém, ao largo do tempo, entre fé e pensamento, na Grécia antiga, entre a religião e a ciência, nas Idades Média, Moderna e Contemporânea, contribuíram para a conceituação da morte como fim da vida, seu extermínio, impondo novas propostas de entendimento sobre o ser humano e a sua existência.

O divórcio imposto pela razão, que não encontrava explicações lógicas para a manutenção dos postulados das crenças vigentes, fez-se, inevitavelmente, atirando, de alguma forma, o ser humano no abismo da descrença, portanto, facultando-lhe conflitos outros em relação ao comportamento psicológico, social e humano.

A negação da vida tornou-se, para muitos homens e mulheres, uma realidade prazenteira, propiciando a libertação dos caprichos e das imposições religiosas violentas contra a liberdade de pensar, de ser e de agir.

Mas não ofereceu maior segurança e harmonia a todos quantos lhe abraçaram os conceitos.

Sem meta de garantia para o futuro, além do corpo, atiraram-se na busca do prazer hedonista, no imediatismo, no gozo, com indiscutíveis prejuízos para o seu equilíbrio psicofísico.

A dor não diminuiu de intensidade e o vazio produzido pela morte não se fez preencher de esperança ou de alegria.

Pelo contrário, abriu espaços para surdas revoltas, para conflitos profundos, para irreversivel melancolia...

Quando se pensava que nada mais podería alterar a situação, ensejando ao materialismo nas suas variadas expressões qualquer outra alternativa, eis que o ser humano, guardando no inconsciente profundo a presença de Deus e da imortalidade, prosseguiu investigando...

Tiveram lugar as seguras experiências realizadas pelo Espiritismo, pelas doutrinas psíquicas de ontem e a psicobiofísica de hoje, entre muitas outras, ora sustentadas pelas transcomunicações instrumentais, trazendo insuspeitas confirmações em torno da inexistência da morte como destruição total e desaparecimento da vida, para uma outra formulação em torno da indestrutibili-dade do princípio inteligente, ora apresentando-se como espírito imortal em totalidade de valores.

Todo esse conjunto ultrassensível de energia que pensa e se constitui no Self humano, em decorrência, cada vez mais adquire fortalecimento e sabedoria através das sucessivas reencarnações e plena identificação com o Arquétipo primordial ou Deus, a Fonte Inexaurível da Vida, experimentando paz e felicidade.

A reflexão em torno da imortalidade, destituída dos artifícios e superstições religiosos, favorecem o ser humano com elementos ricos em benefício da saúde emocional e psíquica, de que resultam satisfações emocionais e harmonia fisiológica.


Vida e morte biológicas

A predominância do ego no ser humano faz que o seu pensamento gire sempre de forma agradável em torno dos seus únicos interesses, que a sua vida seja plena de prazer e despreocupada em relação a tudo quanto se lhe faz necessário à felicidade.

Em decorrência, tudo lhe deve transcorrer de maneira fácil, sem impedimentos nem lutas, como se ele fosse credor apenas de privilégios que não existem.

As aspirações da beleza e do encantamento, dos esforços pelo conseguir, constituem atividades pertencentes ao Self, que se enriquece de sabedoria para manter-se harmonizado com as ocorrências existenciais.

Quando a vida se expressa inteligente e o discernimento começa a conduzir os atos, de acordo com a constituição emocional de cada um, no nível racional, a dúvida também se lhe apresenta, oferecendo a melhor medida para a avaliação da realidade, para a libertação da fantasia, para a aquisição do equilíbrio.

A dúvida é uma saudável reflexão enquanto mantém-se natural, sem os prejuízos sistemáticos da não crença, por capricho ou rebeldia, em decorrência do intelectualismo exagerado ou da presunção reprochável.

Enquanto o fenômeno da inteligência discerne, surgem parâmetros novos que facilitam a observação e as conclusões dos fatos analisados, ampliando a capacidade da compreensão e da evolução do pensamento.

A vida e a morte biológica não são pontos extremos que iniciam e encerram a existência humana em especial.

Antes constituem estágios de condensação e de desagregação molecular, como fenômenos transitórios da realidade da vida.

O oposto de morte não é vida, mas renascimento...

Compreensivelmente, as sensações objetivas do contato corporal, as manifestações dos sentidos físicos imprimem-se de maneira forte nas tecelagens sutis do Self que se adapta à situação, especialmente em decorrência de uma larga jornada terrestre.

Em sentido oposto, a ausência dessas sensações, quando não transformadas em emoções superiores, gera impressões de aniquilamento.

O apego, portanto, à forma física, na qual se movimenta o ser humano na esfera orgânica, converte-se em sentimento de vida, de presença, de ação.

Mas a vida biológica não é somente o que se percebe, aquilo que se decodifica pelas sensações e emoções, mas todo o turbilhão dos fenômenos automáticos inconscientes - e dirigidos - conscientes - pelos neurônios e diversos sistemas nervosos que preservam a funcionalidade da maquinaria fisiológica.

O desconhecido, que seria o encontro decorrente da morte, produz o medo, que já se encontra embutido no inconsciente herdado das gerações passadas, tornando-a insuportável, indesejável, perversa.

Apesar desse conceito, a morte é portadora de grande valor, qual seja o de libertadora da vida fisiológica.

Não a houvesse, e a existência física se tornaria temerária, cruel, por não cessar na forma que se desgasta com o tempo, nas transformações que se operam na organização fisiológica, no suportar das desgraças, das enfermidades dilaceradoras e das infelicidades que se eternizariam...

O importante, nessa questão, é como a mesma transcorre durante a sua vigência, facultando ao ser humano as conquistas, as realizações, os investimentos morais, sociais, intelectuais, artísticos, religiosos, as atividades a que cada um se entrega.

A interrupção dessas ocorrências é fenômeno biológico natural, que acontece em todo processo vital, periodicamente transformando-se, constantemente alterando-se.

As ciências médicas e farmacológicas, as doutrinas psicológicas e as éticas, bem como outras ciências e a tecnologia têm contribuído eficazmente para tornar a vida melhor, modificando antigos programas de destruição, de sofrimento, de infelicidade.

Houve, sem dúvida, na sucessão dos anos, um prolongamento saudável da organização fisiológica e as técnicas cirúrgicas acompanhadas de outros inestimáveis recursos genéticos, tornam, a cada dia, mais agradável e compensadora a existência na Terra.

Os graves problemas existentes ainda são proporcionados pela criatura, em si mesma inquieta, egoísta, enferma emocionalmente, que não se deu ao esforço de identificar os deveres que lhe dizem respeito, derra-pando em transtornos graves e distúrbios de complexo controle necessitados de terapêuticas especializadas, cuidadosas, e de longo curso.

Quando se adquire o sentido do amor pela vida alargam-se os horizontes que se iluminam de alegria e beleza, favorecendo com tesouros inimagináveis de saúde e paz.

O amor é a terapia preventiva e curadora para os inúmeros males que desestruturam o ser humano e o afligem.

Interiorizar-se, cada qual, a fim de tentar encontrar as finalidades iniludíveis da vida física, os compromissos que devem ser atendidos, as realizações que aguardam o momento adequado para a sua execução, a auto-ilumi-nação, é tarefa que não pode nem deve ser postergada.

Ninguém realizará esse mister por outrem, por mais expressivo e nobre seja-lhe o amor, pois que se trata de labor pessoal intransferível, de autoconsciência somente adquirida pelo esforço pessoal.

A vida física, biológica, portanto, apresenta-se por um período de curta ou larga duração, porém, sempre transitório.

Enquanto transcorre pode parecer longo, abreviando-se, desde que seja ultrapassado o tempo linear...

A morte é o fenômeno que se encarrega dessa modificação de estruturas, abrindo um novo campo de experiências educativas.

Sendo uma fatalidade orgânica, acontece com ou sem a anuência do ser humano, podendo ser postergada, mas nunca evitada.

Aliás, pensa-se muito em impedir-lhe o curso, utilizando-se de expedientes curiosos uns, esdrúxulos e inócuos outros.

Narra-se que um jovem servia com dedicação a um amo generoso e amigo.

Habituado ao uso de uma substância aromática em que se comprazia, diariamente mandava o servo adquiri-la na praça do mercado, onde era vendida em quantidade e sempre renovada, possuidora de boa qualidade.

Certo dia, o jovem sonhador dirigiu-se ao lugar, como o fazia habitualmente, quando, de repente, foi surpreendido por estranha personagem enlutada, carregando uma foice segadora de vidas, que o defrontou com olhar apavorante e surpreso.

Ante o seu espanto, a megera tomou de uma caderneta que trazia num bolso interno, virou as páginas, mas antes que concluísse a sua busca, o moço recuperou-se e partiu em disparada de retorno ao lar.

Ali, narrou ao amo a experiência terrível de que fora objeto, informando que tinha certeza tratar-se da Morte que viera buscá-lo.

Expôs-lhe que era jovem e desejava ter prolongada a vida.

Como a perversa estava naquela cidade ele desejava fugir para outra, onde não seria alcançado pela sua crueldade.

O amo gentil aquiesceu, emprestou-lhe uma ali-mária e o moço partiu para a cidade onde pretendia resguardar-se.

Sem a substância, na tarde daquele mesmo dia, o senhor resolveu adquiri-la pessoalmente, e quando se acercou do local, foi surpreendido pela mesma estranha visitante.

Tomado de coragem, perguntou-lhe porque o perturbava pela segunda vez, naquele mesmo dia, desde que, pela manhã, assustando o seu servo, e naquela hora, ameaçando-o sem palavras.

Justificando-se, a Morte elucidou que não tinha por objeto perturbar ninguém.

Ela, sim, que estava surpresa, quase assustada, porquanto, ao encontrar o rapaz, pela alva, naquela cidade, ficara sem entender o compromisso que tinha, porque estava certa de que lhe deveria arrebatar o espírito, ao entardecer, porém, não ali, mas sim, noutro lugar, cujo nome declinou...

Era exatamente a cidade para onde o jovem se evadira.

Ninguém, portanto, que se possa esconder daquilo que se encontra no seu mundo interior, qual ocorre com a morte da vitalidade mediante a transformação das moléculas que constituem o organismo.


O self imortal

Jung informou que "O Self representa o objetivo do homem inteiro, a saber, a realização de sua totalidade e de sua individualidade, com ou contra sua vontade.

A dinâmica desse processo é o instinto, que vigia, para que tudo o que pertence a uma vida individual figure ali, exatamente com ou sem a concordância do sujeito, quer tenha consciência do que acontece, quer não. " Esse Self começa a alicerçar-se a partir dos rudimentos do instinto, quando surgem os pródromos daqueles de natureza primária e a individualidade passa a ter início.

Equivale dizer que o princípio inteligente expressando a procedência divina, que se lhe encontra ínsita, apresenta as primeiras características da sensibilidade, das futuras personalidades, quando transitará pelas diferentes e incontáveis experiências reencarnacionistas.

Em cada abismo desse começo, no qual tudo é sombrio e sem discernimento, os fenômenos automáticos da evolução fixaram as necessidades que se apresentavam como impositivos do processo de desenvolvimento das suas estruturas íntimas em incessante avanço para a aquisição da consciência e do pensamento.

Todo um arquipelago de impressões que se agigantavam facultaram o surgimento da sensibilidade, desenvolvendo as futuras emoções, assim iniciando-se o grandioso processo que atingiu a humanização, etapa honorável da vida, quando o pensamento racional alcançou o apogeu, facultando à criatura a compreensão das infinitas possibilidades de que dispõe para a conquista do Universo.

Armazenando experiências que se converteram em recursos de mais amplo desenvolvimento, as marcas dos fracassos morais, dos compromissos malsucedidos, das realizações não executadas ressumam como conflitos e sofrimentos que o buril da retificação em forma de dor consegue corrigir e sanar.

Enquanto a lucidez mental proporciona a culpa em relação aos pensamentos, palavras e atos infelizes, a mesma insculpe-se no inconsciente e transferese de uma etapa a outra, dando origem aos conflitos e distúrbios de conduta, de que se libera mediante a recuperação emocional e espiritual.

As graves repetições do instinto, especialmente o procriativo, passando à etapa das sensações e dos sentimentos do amor quando deturpado, apresentar-se-ão, mais tarde, em forma de insegurança sexual, incomple-tude, frustração e complexos outros que se associam, atormentando e retirando o prazer existencial.

O medo atávico responde por outros aspectos doentios do comportamento, dando lugar à desconfiança, à angústia, à ansiedade, que se transformam em transtornos aflitivos.

Outros fatores resultantes dos fenômenos evolutivos geram conflitos e alienações tormentosas, que se impõem necessitadas de recuperação.

A consciência, porém, do Si mesmo, enseja a elaboração dos projetos de equilíbrio emocional, mediante a educação dos impulsos primitivos, transformando-os em expressões de ordem e de valor, graças à qual a harmonia instala-se em forma de saúde psicofísica, trabalhando a imortalidade em triunfo que lhe está destinada pelos Soberanos Códigos da Vida.

A conquista da individualidade consciente é o imenso desafio da evolução do Self, que se liberta, a pouco e pouco, dos impulsos grosseiros, muito úteis nas faixas primárias do processo por onde vem transitando, mas perturbadores quando o pensamento desata a razão e sente a necessidade de avançar para a intuição.

O estado numinoso, para ser alcançado, exige esforços contínuos, rompendo as cargas emocionais mais fortes, decorrentes da animalidade existencial, de maneira que a angelitude ou realização da paz dinâmica e afetiva se torne uma vitória pessoal libertadora.

Convimos afirmar, portanto, que o Self, ou espírito criado por Deus, não pode fugir à sua fatalidade imar-cescível na conquista da perfeição.

Desde os primeiros influxos de energia que se aglutinam em faixas vibratórias até ao elevado nível da razão e da consciência cósmica, tudo decorre em forma de complexidades inteligentes que defluem da Causa Absoluta, sempre se apresentando mais organizada e lúcida.

É natural, portanto, que não cesse de existir, mesmo quando ocorre a consumpção ou transformação das moléculas e células pelas quais se expressam os sentimentos, as sensações, o pensamento.

Graças a essa destinação, o progresso, sob todos os aspectos considerados, ocorre em expressão geométrica, através da qual cada conquista enseja novos campos de realização e possibilidades múltiplas de apresentação.

A partir dos insight, na vigência do primarismo onde se formava, prosseguindo nas percepções extra-fisicas e na compreensão dos conteúdos abstratos pelo pensamento, o Se/fevoluiu, adquirindo independência, preexistente que é à organização fisiológica dos seres humanos, portanto, sobrevivendo às conjunturas naturais da desarticulação dos campos de matéria pelos quais se expressa.

No fenômeno da morte, as características da vida permanecem imutáveis, ou melhor esclarecendo, no mundo vibratório onde se iniciam as manifestações da existência humana há toda uma organização puisante, real, tornando-se as formulações conhecidas no campo terrestre uma sua cópia ainda que imperfeita.

Desse modo, a vida estrutura-se em etapas que se denominam como nascimento, existência, morte, vivência, renascimento e novos estágios para a aquisição de mais conhecimentos norteadores para a sublimação da forma e a plenitude da essência.

A morte, como atividade destrutiva, negaria todas as conquistas da própria Natureza, na implantação das formas e expressões viventes que se deparam por toda a parte.

Seria a aceitação tácita e irracional de que o nada produziu tudo para logo retornar ao não-existente, consumindo a inteligência e a pulsação vital do Universo, que tornaria ao caos do princípio...

Há, indubitavelmente, ordem, mesmo quando em aparente caos, equilíbrio nas estruturas nucleares, harmonia no conjunto das leis de gravitação, de eletromag-netismo, nucleares fortes e nucleares fracas, demonstrando a presença de uma Inteligência providencial e sábia que tudo elaborou.

Por que, ao ser humano, após todos os milhões de anos de desenvolvimento, estariam destinados a deses-truturação e o aniquilamento?!

A inteligência existe sem os mecanismos cerebrais que a exteriorizam, da mesma forma que as estrelas antes da descoberta dos telescópios, e a vida microorgânica antes dos sofisticados microscópios.

O pensamento, assim como a inteligência e a consciência, são expressões do Se/fimortal, que as neurocomu-nicações transferem para o mundo externo, facultando o intercâmbio entre os indivíduos, o mesmo ocorrendo nas esferas por onde deambulam os outros animais.

Felizmente, a psicologia transpessoal também conseguiu encontrar a realidade ou a causa dos fenômenos perturbadores fora da existência atual, quando se deram as ocorrências dolorosas que se apresentam em forma aflitiva.

Encontradas as gêneses, naturalmente as terapias recuperadoras logo trabalham em favor da cessação dos efeitos.

Concomitantemente, são identificados os significados morais como de relevante importância para a saúde humana, estabelecendo-se os códigos de equilíbrio entre ação e reação, conduta e vida, atitudes mentais e físicas em correspondentes processos de harmonia e de distúrbio.

A proposta de Jesus, o Psicoterapeuta por excelência, conclamando a que somente se deve fazer ao próximo aquilo que este lhe faça, estabelece uma diretriz valiosa de segurança em favor da saúde integral como defluente do amor em toda a sua extensão.

Essa preciosa conquista psicológica trabalha a mente humana para novos passos no campo ético e no do comportamento social, demonstrando que os relacionamentos pessoais são expressões de intercâmbio emocional e espiritual, nos quais o respeito, a honora-bilidade, o sentimento fraternal, a compaixão e o amor desempenham papel fundamental para a preservação do grupo em harmonia.

De alguma forma, as modernas psicoterapias vão substituindo o classicismo em que se apoiavam para ampliar as técnicas espirituais de compreensão profunda do ser humano, sempre carente de amizade e de intercâmbio emocional.

Um grande conforto moral, por efeito, decorre da compreensão de tal conduta, propiciando alegria de viver, libertação do medo da morte, conforto e esperança em torno das realizações incomparáveis que o progresso impõe, facultando a certeza de que uma tarefa que ficou interrompida pela ocorrência da desencarnação poderá ser continuada posteriormente, quando de outra investidura carnal.

Em consequência, a temporalidade da existência humana engrandece-se e agiganta-se no rumo do infinito, além da forma, das circunstâncias, dos fatores de perturbação e de paz, inspirando novos programas de felicidade sem jaça, em face da imortalidade do Self.

Um novo perfil da vida na Terra se desenha abençoado para o homem e a mulher equipados de conhecimentos morais e de experiências espirituais, que compreendem os valores legítimos das coisas e das pessoas com quem convivem, em compreendendo a magnitude de tudo quanto existe e a sua destinação imortal.

Cada etapa vencida faculta-lhes novo campo de realizações.

Passo a passo, sem angústia pelo que foi feito nem ansiedade pelo que se poderá fazer, há ensejo de renovação de propósitos e de afirmação de ideais.

A morte, vencida pela realidade, oferece magnífica paisagem de conquistas siderais, que jamais serão encerradas...

É bem provável que, por essa razão, o apóstolo Paulo exclamou: Onde está, oh!

morte, a tua vitória? Onde está, oh! Morte, o teu aguilhão?" (1Co 15:55) A vitória do Selfé a sua imortalidade.


Fenomenologia transpessoal

Nas últimas décadas, os estudos em torno da para-normalidade humana facultaram a descoberta de inúmeros fenômenos que dizem respeito à vida, remontando à mais antiga manifestação antropológica.

Assevera o Dr. Joseph Banks Rhine, considerado pai da moderna parapsicologia, que as funções psi, incontestavelmente são reais, ensejando a descoberta de possibilidades em torno das faculdades paranormais dos seres, perfeitamente vinculadas à vida, incluindo alguns animais que têm demonstrado possuí-las de alguma forma, consoante constatações em laboratório.

Desse modo, ainda segundo o eminente pesquisador americano, deve ter surgido na fase primária da evolução, de maneira inconsciente, em forma primitiva.


E, aprofundando a sonda do seu pensamento, interroga: Não estaria relacionado(o fenômeno Psi) com as forças básicas que organizam a vida, com essas energias que dirigem a estruturação da célula e o padrão da forma, e o crescimento dos organismos complexos em todo o domínio da natureza vivente?"

{f)

É certo que o Self precedendo à formação celular, conduz em essência todas as faculdades que dizem respeito ao ser na busca da sua realização completa.

Antes da linguagem, da conquista da razão, e mesmo antes do surgimento das funções sensoriais, já se encontra em germe essa faculdade que permite o alargamento da compreensão em torno do ser, do seu destino, da finali- (l) Nuevo Mundo de la mente - Editorial Paidos, Buenos Aires, Argentina, 1958.

Nota da autora espiritual.

dade existencial na transitória jornada física.

Outros estudiosos, na área paleontológica, concluem que sempre existiu uma conduta xamânica, a partir do período paleolítico, que favoreceu o desenvolvimento do culto religioso, inspirada pelos desencarnados, especialmente entre os paleantropídeos, que deixaram, nas figuras rupestres, os sinais inequívocos das suas vivências dessa e de outra natureza.

Outrossim, a forma como cuidavam dos seus mortos, a preocupação em inumálos de maneira que consideravam condigna, do que surgiu o culto das pedras e dos crânios, por acreditarem que estes últimos sediassem os espíritos dos desencarnados, confirma a assertiva.

Somos, pessoalmente, de opinião que, à medida que o pensamento desenvolviase, o intercâmbio de natureza espiritual tornava-se cada vez mais evidente, tosco e primário, no qual os sobreviventes retornavam para orientar os que ficaram, ao tempo em que atendiam as necessidades brutais do seu estágio também primitivo, exigindo os holocaustos e submetendo os demais à observância das suas imposições mediante o temor que impunham.

É compreensível que a Providência Divina permitisse a ocorrência ainda grosseira, por ser o método adequado ao nível de pensamento dos encarnados.

Essa herança foi transferida geneticamente através do inconsciente coletivo às gerações porvindouras, originando os estados alterados de consciência, especialmente quando da ocorrência dos fenômenos psi gama, kapa e theta.

Posteriormente, as culturas orientais passaram a praticar a comunicação com os denominados mortos, originando-se as celebrações religiosas com grande complexidade e aparato, para atender aos diferentes níveis de evolução e conhecimento em torno da vida Não existiu um povo, no qual não haja ocorrido a fenomenologia transpessoal, ora de natureza mediúnica (fenômeno psi theta) ou de características anímicas (fenômenos psi gama - intelectuais - epsi kapa - materiais.) Evidentemente, os fenômenos mediúnicos tanto ocorreram na área intelectual como naquela de natureza ectoplásmica, ensejando a materialização, portanto, a tangibilidade dos falecidos de retorno, conforme a narração bíblica a respeito da evocação de Samuel, último dos Juizes de Israel, pelo rei Saul, através da pitonisa do EnDor. (I Samuel 28:7-20) A Bíblia - O velho Testamento - é um manancial inesgotável de fenômenos paranormais de toda natureza, culminando em O Novo Testamento, com as revelações paranormais a respeito do Messias e toda a trajetória de Jesus assinalada pelas comunicações espirituais, pelas manifestações das diversas expressões psi.

Xenofonte, Plutarco, Pitágoras, Sócrates, Júlio César e muitos outros historiadores, filósofos, mentalistas, militares, artistas, referem-se, nos mais diversos períodos históricos da humanidade, aos fenômenos transpes-soais com riqueza de detalhes, que surpreendem e pela dignidade dos narradores, infensos às crenças, salvadas algumas exceções...

Os santuários dos muitos povos, celebrizando-se o de Delfos, foram escolas de iniciação e de xamanismo, caracterizando-se pelos fenômenos paranormais que se tornaram populares, desde Moisés, no Egito, aos modernos investigadores...

Nesse ínterim, Albertus Magnus, Meister Eckart, Tohmas Kenpis, Paracelso, e especialmente Allan Kar-dec, dedicaram-se à investigação das faculdades paranormais do ser humano, constatando-lhes a legitimidade através da riqueza dos fenômenos da sobrevivência do espírito à disjunção molecular.

O curioso é que têm sido os considerados mortos que têm mantido o interesse em demonstrar a sua sobrevivência ao túmulo, dando lugar às comunicações de vária denominação, através das quais muitos conflitos psicológicos podem ser compreendidos e analisados, ao tempo em que terapias alternativas modernas são utilizadas para saná-los.

Ademais dessa valiosa contribuição, a crença lúcida e racional na sobrevivência da consciência à disjunção dos neurônios cerebrais, constitui uma valiosa contribuição psicoterapêutica preventiva e curadora a muitos tormentos que se instalam no imo dos seres humanos, defluentes do medo da morte e da vida.

Sem qualquer contestação já é possível aceitar-se com serena convicção as ocorrências de natureza pa-rapsíquica, quais a telepatia, a clarividência, a pré e a retrocognição, a interferência do psiquismo em fenômenos físicos, a ação poderosa dos placebos e dos nocebos nas questões da saúde, em decorrência da autossugestão, abrindo espaço para a compreensão em torno dos fenômenos espirituais, das comunicações extrafísicas.

O gene de Deus de que todos os seres humanos são possuidores, conduz a carga vigorosa da imortalidade, produzindo a crença natural, embora a crença religiosa seja consequência da cultura, da convivência social e educacional, conforme já referido.

A imortalidade do espírito elucida inúmeras dificuldades de explicação lógica em torno de ocorrências psicológicas, como as que dizem respeito à simpatia e à antipatia, embora as formulações fisiológicas existentes, ao déjà-vu, déjà-senti, déjà-raconté,cujas psicogêneses se encontram em existências passadas, que deram lugar ao seu surgimento.

O homem primitivo apenas temia, não acreditando nem compreendendo os fenômenos existenciais que o envolviam, assim como os da Natureza, e foi da observação, da sua repetição incessante, que nele surgiram a percepção, o entendimento, o arquétipo, que o seguiríam geração após geração, transformando-se em parte integrante da sua realidade.

Lamentavelmente, alguns religiosos atormentados e mais tendentes ao fanatismo castrador e à insolência decorrente dos seus transtornos de conduta, estabeleceram ritos e cerimônias que tornaram o fenômeno da fé tormentoso e complicado, quando, na sua essência, é muito simples e destituído de quaisquer complexidades.

A imortalidade, portanto, é o destino da vida em todas as suas expressões, embora as contínuas transformações e mudanças inevitáveis do processo de evolução.


Temas para reflexão:
...

"Demonstrando a existência e a imortalidade da alma, o Espiritismo reaviva a fé no futuro, levantando os ânimos abatidos, faz suportar com resignação as vicissitudes da vida.

Ousareis chamar a isto um mal?... "


### Conclusão III

* "Declarou-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida quem crê em mim, ainda que morra, viverá. " João 11:25.






FIM




Este texto está incorreto?

Veja mais em...

I Samuel 28:7

Então disse Saul aos seus criados: Buscai-me uma mulher que tenha o espírito de feiticeira, para que vá a ela e a consulte. E os seus criados lhe disseram: Eis que em Endor há uma mulher que tem o espírito de adivinhar.

1sm 28:7
Detalhes Capítulo Completo Perícope Completa

I Samuel 28:8

E Saul se disfarçou e vestiu outros vestidos, e foi ele e com ele dois homens, e de noite vieram à mulher; e disse: Peço-te que me adivinhes pelo espírito de feiticeira, e me faças subir a quem eu te disser.

1sm 28:8
Detalhes Capítulo Completo Perícope Completa

I Samuel 28:9

Então a mulher lhe disse: Eis aqui tu sabes o que Saul fez, como tem destruído da terra os adivinhos e os encantadores: por que, pois, me armas um laço à minha vida, para me fazer matar?

1sm 28:9
Detalhes Capítulo Completo Perícope Completa

I Samuel 28:10

Então Saul lhe jurou pelo Senhor, dizendo: Vive o Senhor, que nenhum mal te sobrevirá por isso.

1sm 28:10
Detalhes Capítulo Completo Perícope Completa

I Samuel 28:11

A mulher então lhe disse: A quem te farei subir? E disse ele: Faze-me subir a Samuel.

1sm 28:11
Detalhes Capítulo Completo Perícope Completa

I Samuel 28:12

Vendo pois a mulher a Samuel, gritou em alta voz; e a mulher falou a Saul, dizendo: Por que me tens enganado? pois tu mesmo és Saul.

1sm 28:12
Detalhes Capítulo Completo Perícope Completa

I Samuel 28:13

E o rei lhe disse: Não temas: porém que é o que vês? Então a mulher disse a Saul: Vejo deuses que sobem da terra.

1sm 28:13
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I Samuel 28:14

E lhe disse: Como é a sua figura? E disse ela: Vem subindo um homem ancião, e está envolto numa capa. Entendendo Saul que era Samuel, inclinou-se com o rosto em terra, e se prostrou.

1sm 28:14
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I Samuel 28:15

Samuel disse a Saul: Por que me desinquietaste, fazendo-me subir? Então disse Saul: Mui angustiado estou, porque os filisteus guerreiam contra mim, e Deus se tem desviado de mim, e não me responde mais, nem pelo ministério dos profetas, nem por sonhos; por isso te chamei a ti, para que me faças saber o que hei de fazer.

1sm 28:15
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I Samuel 28:16

Então disse Samuel: Por que pois a mim me perguntas, visto que o Senhor te tem desamparado, e se tem feito teu inimigo?

1sm 28:16
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I Samuel 28:17

Porque o Senhor tem feito para contigo como pela minha boca te disse, e tem rasgado o reino da tua mão, e o tem dado ao teu companheiro Davi.

1sm 28:17
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I Samuel 28:18

Como tu não deste ouvidos à voz do Senhor, e não executaste o fervor da sua ira contra Amaleque, por isso o Senhor te fez hoje isto.

1sm 28:18
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I Samuel 28:19

E o Senhor entregará também a Israel contigo na mão dos filisteus, e amanhã tu e teus filhos estareis comigo; e o arraial de Israel o Senhor entregará na mão dos filisteus.

1sm 28:19
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I Samuel 28:20

E imediatamente Saul caiu estendido por terra, e grandemente temeu por causa daquelas palavras de Samuel: e não houve força nele; porque não tinha comido pão todo aquele dia e toda aquela noite.

1sm 28:20
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João 11:25

Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá;

jo 11:25
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