Dimensões da Verdade
Versão para cópiaSOCORRO SEMPRE
Quem se dispõe a agredir verbalmente e a acusar sempre, encontra panoramas sombrios em todo lugar para verberar.
O maledicente converte-se em vaso impuro carregado de emanações deletérias, tresandando odores desagradáveis.
Tem a visão empanada pela treva da suspeita, o coração amargurado pelo clima da intranquilidade, a mente atormentada pelos cipós da dúvida.
Elabora conceitos negativos e faz-se arma destruidora na economia da vida, sempre pronta a disparar dardos venenosos em todas as direções.
Alimenta sombras com negros prognósticos e arrasta outras mentes aos escuros pântanos da aflição, vertendo cal viva e ácido sobre feridas recém-abertas pelos estiletes das provações.
Não poupa, não se apiada de alguém.
Examina com precipitação, conclui apressadamente, divulga com azedume.
As vidraças da alma, todavia, estão sempre sujas, o que impede veja claro o sol que brilha e o limpo caráter do próximo, que se mantém inatacável.
Guarda cuidado com o maledicente.
Elege o silêncio e a oração junto a ele, precatando-te de ferir e malsinar, com os estímulos dele.
Para preservar-te do mal que a peçonha das acusações indébitas produz, calca aos pés a tentação de censurar, considerando as próprias limitações e deficiências.
Aquele que arde nas labaredas do erro pode estar lutando contra as chamas, e dispensa o combustível nefando da observação deprimente.
Quem tombou, vítima do carro desgovernado da conduta, talvez venha comandando a máquina mental em desarranjo desde há muito, e escusa as pedras que a impiedade atira.
O náufrago, exaurido nas águas torvas do soçobro moral, recusa chuva de fel que o sepultará inevitavelmente no bojo do malogro.
No entanto, podes pôr a água da compaixão no incêndio voraz, distender mão amiga ao acidentado e tábua de compreensão ao desarvorado.
Basta que desejes identificar em cada coração um acidente positivo, e várias qualidades morais que ele conduz te surpreenderão.
As províncias do espírito são inescrutáveis a observadores apressados.
Acende a tua lâmpada de bondade onde a noite se estenda e converte os braços em graves de misericórdia, silenciando o reproche, a acusação, a admoestação.
Os infelizes já se encontram justiçados pela própria incúria.
Sê tua a clara face da manhã, para eles, em nome do radioso sol do amor.
O Mestre, que se comoveu ante a mulher surpreendida em adultério, o cobrador de impostos renegado, o centurião estrangeiro afervorado, a mulher desconhecida que o tocou, o ladrão que lhe pediu amparo, todos os fracassados e infelizes, foi rigoroso, no entanto, com os maledicentes e famelgas(11) do seu tempo, na personificação de escribas e fariseus, invectivando-os e lamentando-os pelas graves responsabilidades de que eram portadores, alongando mãos e coração a todos os malogrados do caminho que aguardavam compreensão e carinho, no mais irretorquível ensinamento de que, os que necessitam de auxílio, são aqueles que nada têm...
(11) Nota digital: Famelga - Substantivo de dois gêneros.
Pessoa magra que parece ter fome.