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Graças aos veículos de Comunicação, vasta carga de informações chega ao homem moderno, sem permitir-lhe o tempo necessário para filtrá-la devidamente.
Os avanços da Ciência aliada à Tecnologia favorecem a vida hodierna com aparelhagem sofisticada e complexas concessões sem facultar o tempo hábil para a familiaridade com as mesmas.
Instrumentos surgem, incessantemente, sendo superados por outros mais complexos, que os substituem em alarmante celeridade.
AÍ indústrias atiram no mercado massificador volumosos índices de produtos que se disputam primazia, desde as variadas formas de alimentação, às perturbadoras inutilidades, que passam a constituir necessidade de primeira urgência.
Milhares de títulos de obras diversas são lançados, cada ano, nos últimos decênios, alcançando inesperadas edições, que se sucedem, chegando algumas à fabulosa cifra dos milhões de exemplares...
As ameaças de guerras e as já existentes deixam de ser fantasmas para conviverem com a criatura ou esta com as calamidades bélicas.
A violência e a gravidade ganham as ruas do mundo, levando o indivíduo a habituar-se com o calamitoso estado social, derrapando, não raro, na indiferença, quando o problema não o atinge diretamente, ou na ferocidade, quando ferido nos seus como nos interesses de sua família...
Vinte séculos de Cristianismo e tão escassa coleta de paz!
E inegável o progresso tecnológico a eclodir, na Terra, no entanto são incontestáveis a dor, a miséria, a ignorância, a fome...
Genocídios de povos quase inteiros ocorrem diante do olhar e dos sentimentos indiferentes da atual civilização.
Paixões políticas de grupos ávidos pelo poder, em disputa insana, levam àfuga, à morte milhões de criaturas, que suplicam um lar, não encontrando, senão, justificativas para a negação e discussões, debates intérminos, que em nada resultam, a benefício dos que tombam, inermes, nos campos de refugiados ou ao abandono total.
Nenhuma crítica, porém, de nossa parte.
Não nos arrogamos o direito de árbitro diante da paisagem humana, neste ocaso de século.
Ocorre, no entanto, que uma oferenda de amor consegue modificar qualquer situação a curto ou longo prazo.
Quando falharem as técnicas mais preciosas, na solução dos afligentes problemas humanos, toma-se indispensável a oferenda de amor que se haure no Evangelho, como fórmula salutar para os tremendos sofrimentos que crescem, ameaçando-nos a todos.
Não apenas aos que enxameiam nas favelas e bairros sórdidos do mundo, mas, também, aos que se situam nas posições de alto coturno, nas esferas socioeconômicas elevadas...
Os primeiros padecem as injustiças gerais do momento, do desamor, e os últimos, que mantêm tal situação, passam a ser as vítimas daqueles, os que agridem, enlouquecidos, em cobrança infeliz...
Nunca se fez tão necessária a mensagem de Jesus quanto agora.
Enxameiam informações, escasseiam exemplos.
O mundo clama por novos Francisco de Assis e Mohandas Gandhi, mas também por palavras de orientação e consolo que possam diminuir as angústias e acalmar as almas.
Cada um deve fazer a sua oferenda, contribuindo para a melhoria urgente da situação lamentável.
Este pequeno livro é a nossa.
Constituído por apontamentos e reflexões cristãos-espíritas, apresenta sugestões para as ocorrências dolorosas do dia a dia, conclamando à pacificação, à humildade, à irrestrita confiança em Deus.
Não esperamos que resolvam as dificuldades, que se apresentam atordoante s — gotas d’água em incêndio devorador-no entanto, é um esforço válido para diminuir o drama vigente, na sua crescente tragédia devastadora.
Um amigo nunca é dispensável; uma palavra gentil jamais é desprezível; um gesto de apoio e solidariedade nunca é demasiado.
Confiamos em que esta oferenda chegará ao teu espírito, caro amigo, como expressão de ternura e encorajamento, para tomar menos áspero o processo de evolução, no qual todos nos encontramos engajados, sob as bênçãos de Jesus, o Incansável Doador.
Joanna de Ângelis Salvador, 5 de novembro de 1979.