Receitas de Paz

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CAPÍTULO 8
Ilustração tribal

GRANDEZA DA RENÚNCIA


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Alberto Durer, o excelente pintor alemão, antes de notabilizar-se, necessitando de estudar, combinou com um jovem amigo, igualmente artista, sobre a necessidade se transladarem para um núcleo de maior cultura no qual aprimorariam o estilo.

Para tanto, porque não dispusessem de um Mecenas que os ajudasse, um trabalharia na faina rude de lavador de pratos, enquanto o outro pintava, de modo que, com a venda dos primeiros quadros, o que trabalhava passaria a estudar.

Estabelecidas as bases do cometimento, os dois amigos deram início ao labor, afirmando Alberto: — "Eu me dedicarei ao trabalho", pelo que o outro respondeu: — "Eu sou mais velho e já tenho emprego no restaurante. " Aquiescendo com o amigo, Durer começou a estudar e a pintar.

Quando reuniram uma soma que permitia que o outro estudasse, o mesmo largou o trabalho e dirigiu-se à Escola.

Percebeu, porém, que a atividade rude destruíra-lhe a sensibilidade táctil, desequilibrara-lhe o ritmo motor, dando-se conta de que nunca atingiria a genialidade, ainda mais, descobrindo a qualidade superior do amigo.


* * *

Dotado de sentimentos nobres renunciou à carreira e prosseguiu trabalhando. Numa noite em que Durer retornou ao estúdio, ao abrir silenciosamente a porta, estacou na sombra, vendo pela claraboia do teto o reflexo do luar que se adentrava, iluminando duas mãos postas em atitude de prece. Era o amigo, ajoelhado, que rogava bênçãos para o companheiro triunfar na pintura.

O artista, comovido ante a cena, imortalizou-a numa pequena tela, que passou à posteridade no "Estudo para as mãos de um apóstolo", para o altar de Heller, hoje na Albertina, em Viena.

A renúncia é a emoção dos Espíritos Superiores transformada em bênçãos pelo caminho dos homens.

Quem renuncia estabelece para o próximo a diretriz do futuro em clima de paz.

A renúncia é melhor para quem a oferta.

Poder ceder, quando é fácil disputar; reconhecer o valor de outrem, quando se lhe está ao lado, ensejando-lhe oportunidade de crescimento; ajudar sem competir, são expressões elevadas da renúncia que dá à vida um sentido de significativa grandeza.


* * *

O caminho, hoje juncado de cardos, de abrolhos, é o mesmo trilho abençoado e livre que ontem foi percorrido com egoísmo.

A senda áspera, marcada pelo pantanal de agora, não é outra, senão aquela que ficou ao abandono.

A estrada, de passagem difícil, é fruto do esquecimento a que foi relegada por quem a percorreu.

Retornam sempre os pés andarilhos pelo roteiro já conhecido como os astros, no seu périplo no infinito, volvem ao mesmo curso, obedecendo à matemática da gravidade universal.

Felizes aqueles que hoje cedem para amanhã receber; os que agora doam para mais tarde enriquecer-se; os que compreendem que a verdadeira felicidade consiste em ajudar e passar, sem impor nem tomar.

Quem renuncia, enfloresce a alma de paz, granjeando a gratidão da vida pelo que recebe.


* * *

Jesus, renunciando ao sólio do Altíssimo, veio conviver conosco e suportar-nos.

Reconhecendo a nossa pequenez, renunciou à Sua grandeza.

Para fazer-se entender, renunciou à Sua sabedoria transcendental.

Para nos amar, renunciou à tranquilidade, sofrendo-nos.

E renunciando à própria elevação, aguarda por nós.




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