Dias Gloriosos

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CAPÍTULO 12
Ilustração tribal

CRIOGENIA DE SERES HUMANOS


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O alto nível de desenvolvimento tecnológico conseguido pelo ser humano ainda não o convenceu da fragilidade orgânica nem da temporalidade do corpo de que se utiliza no trânsito carnal.

Ambicionando a vida eterna da aparelhagem física, teima em não se dar conta de que a mesma assim o é, porém, em outros níveis, naqueles que são causais, na sua intimidade, que é o Eu superior, o Espírito, esse viajante de mil experiências.

Desejando vencer a morte, engendra mecanismos de permanência na matéria, procurando driblar os fatores degenerativos a que se vincula, como decorrência natural da sua própria constituição. Embora reconheça a inevitabilidade da desordem advinda pelo fenômeno entrópico decorrente do desgaste de energia, que reverte as organizações materiais ao caos, à medida que se movimentam, prossegue iludindo-se quanto à permanência indefinida no universo celular.

A fim de manter-se no invólucro carnal, e sem qualquer padecimento, investe na conquista da eterna fonte da juventude, ou da preservação do corpo, ou da sua perpetuação, sonhando com o momento em que conseguirá o intento.

Uma visão espiritual da realidade modifica totalmente esse comportamento intelectual, demonstrando-lhe que o homem é um ser fadado à eternidade, à permanente juventude, ao bem-estar, à saúde. Isso, no entanto, em outra dimensão, desde que o orbe terráqueo, em razão da sua própria composição, encontra-se em permanente alteração, sutilizando-se e modificando a estrutura que lhe é peculiar. Não se trata de um paraíso, é certo, tampouco de um vale de lágrimas, conforme a assertiva das velhas doutrinas da fé ortodoxa, mas de uma escola que também progride, na razão direta que os seus educandos se melhoram e passam a exigir recursos mais específicos que contribuam para o seu desenvolvimento. Esse dia chegará, sem dúvida, mesmo assim, fora da organização material, que é sempre temporária, recurso da vida para alcançar a finalidade essencial, o estado de plenitude.

A saúde, portanto, assim como a doença constituem o binômio do mecanismo existencial, que trabalha em harmonia pelo processo de transformação e aprimoramento dos valores espirituais que são a essencialidade do próprio ser humano.

É natural, portanto que, periodicamente, a humanidade seja assolada por enfermidades desafiadoras, que lhe constituem o fardo a conduzir e o estímulo para buscar novos recursos que contribuam para a sua eliminação, ou pelo menos para a diminuição de suas penas.

Justos, desse modo, a pesquisa constante, o trabalho de renovação dos padrões existenciais, o esforço pela mudança de conceitos e de comportamentos, que possam, de alguma forma, contribuir para uma estância harmoniosa enquanto na Terra. Pretender, entretanto, tornar essa conquista um meio de eliminar as doenças, por enquanto é inútil, assim como impedir a morte biológica é inteiramente impossível.

O envelhecimento e a decadência das células com a sua consequente decomposição e substituição por outras é impositivo inevitável a que está sujeito o corpo, até o momento em que essa renovação se torna irrealizável, e, por efeito, advém a desestruturação do invólucro geral. Pode-se postergar um pouco esse instante, mediante salutar conduta moral e mental, atividades de equilíbrio íntimo, nunca, porém, impedir o processo irreversivel do nascer-morrer nos padrões orgânicos.

No momento em que os cientistas estudam a possibilidade de aplicar a criogenia nos indivíduos portadores de enfermidades para as quais ainda não se conhecem recursos que possam atenuar-lhes os sofrimentos nem impedir-lhes a morte, o esforço, mesmo respeitável, carece de qualquer possibilidade de êxito.

A morte do ser humano não é propiciada somente pela falta de resistência do organismo para mantê-lo vivo, ou resultado da ruptura dos equipamentos em processos degenerativos ou violentamente arrebentados, mas também, pelo deslindamento do Espírito dos seus núcleos de preservação da energia que mantém a matéria ou da sua expulsão por circunstância violenta e traumática. Sucedendo essa quebra de liames, é totalmente impossível o restabelecimento da vida, porque logo se inicia o processo de desorganização celular e, sem esse agente vital a massa se decompõe e se transforma de imediato, dando curso à sua fatalidade biológica.

Ao aplicar, por outro lado, o recurso criogénico, para impedir que a morte surpreenda um paciente cuja enfermidade ainda não pode ser sanada, o seu agente realizará um ato de imprevisíveis consequências, que merecem ser examinadas, pelo menos rapidamente.

Não existe nenhuma garantia que faculte o despertamento do enfermo, na época em que a Ciência se encontraria em condições de eliminar-lhe a doença ou diminuir-lhe as dores. Depois, não há comprovação de que o congelamento do ser humano por largo tempo tenha lugar sem a ocorrência de danos cerebrais ou equivalentes em outros órgãos.

Além disso, a presença periódica das guerras que têm dizimado multidões através dos séculos, se torna ameaça permanente para qualquer empreendimento de longo curso na humanidade, conforme se vem dando com frequência.

Ainda teríamos o fantasma do surgimento de novas doenças, qual tem sucedido ao longo da História; quando eliminada uma enfermidade cruel, outra lhe toma o lugar, em razão de o ser humano ainda não ter aprendido a superar os fatores que causam os transtornos em sua saúde física e mental.

Acrescentamos, também, os quesitos psicológicos de vária expressão, como por exemplo: — Que sentido terá a existência de um ser que se encontra totalmente estranho em um grupo social com o qual não tem qualquer vínculo? - Como enfrentar-se, detectando-se egoísta, tendo fugido da realidade para conseguir um triunfo que o deixa de mãos vazias e de sentimentos estiolados? - Como contornar emocionalmente a ausência dos afetos, agora em outra dimensão? - De que forma atender a conhecimentos inteiramente novos e a costumes totalmente diferentes dos vivenciados anteriormente? - Como adaptar-se a esse mundo novo, que terá sofrido inumeráveis alterações desde o momento em que se permitiu entorpecer?


Outras interrogações podem ser apresentadas sem qualquer tipo de resposta tranquilizadora, como por exemplo: -

De que forma administrar os conflitos atuais em outro estado de emoção, em circunstâncias totalmente imprevisíveis? — De que maneira se encontrará o próprio sistema imunológico ante as doenças que estarão no contexto da sociedade da época?

Além de muitas perguntas intrigantes, teríamos a possibilidade da morte inevitável por intermédio de acidentes, de choques emocionais e traumáticos, de angústias inesperadas ou mesmo de enfermidades que estarão grassando nessa oportunidade.

A ausência da visão de Deus no coração e no cérebro dos investigadores dos fenômenos da vida é que os leva à falsa crença de que o corpo e seus equipamentos são materiais únicos que propiciam a existência, portanto, devendo ser utilizados de forma hedonista com objetivos sensualistas, imediatistas...

A criogenia, no entanto, está reservado um papel de relevante importância no campo da preservação dos produtos e, inclusive, de peças orgânicas para futuros transplantes, de banco de sêmen para maternidades responsáveis que os fatores orgânicos não permitiram que se concretizassem pelos meios convencionais, e cujos débitos geradores da impossibilidade foram remanejados pela Divina Misericórdia, facultando pelo amor a realização sublime do objetivo almejado.

Ninguém pode, portanto, criar meios que impossibilitem a morte do ser humano ou enganem os veículos de resgate dos graves erros cometidos nas reencarnações passadas, porque é Lei da Vida, que o infrator sempre estará acompanhado da sombra do erro praticado até o momento em que o amor lhe dilua a gravidade do compromisso, abrindo-lhe portas de acesso à autorrealização, à harmonização da consciência, ao prosseguimento pela senda do progresso.



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