Dias Gloriosos

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CAPÍTULO 20
Ilustração tribal

PARASITOSE ESPIRITUAL


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Tomando aspecto de verdadeira epidemia na atualidade, qual ocorreu em outras épocas da Humanidade, a parasitose espiritual, ou obsessão, é mal terrível que aflige as criaturas, sobrecarregando-as de enfermidades de diagnose difícil e cura mais complexa.

Em todo processo obsessivo há sempre um quadro alarmante de sentimentos contraditórios entre os litigantes, que se atiram furibundos uns contra os outros, em pugna cruel caracterizada por objetivos soezes.

Remanescente do primarismo animal que permanece no Espírito, o ser que se sente ultrajado ou traído, desprezado ou dilapidado no seu patrimônio, investe contra aquele que considera seu adversário infligindo-lhe tormentos consideráveis, que podem terminar em verdadeiras tragédias.

Incapaz de compreender a enfermidade ou ignorância que predomina naquele que o infelicitou, faz-se-lhe sicário da alma, cultivando o ódio e programando o desforço com o qual pensa fazer justiça com as próprias mãos, como se as Soberanas Leis universais dele necessitassem para regularizar os desequilíbrios que a imprevidência gera em toda parte.

Enceguecido pela loucura que o toma e impaciente para logo vingar-se, não trepida em criar situações desagradáveis e tormentosas, iniciando o processo de vinculação psíquica, partindo para a hipnose dominadora e terminando na cruel parasitose vampirizadora.

Nessa pugna sem quartel estão em aberto questões de ordem inferior que geraram débitos por parte da vítima atual, que se encontra desaparelhada de informações seguras para evitar tombar nas malhas bem-urdidas da vingança covarde que procede do Além-túmulo.

Surgindo como distonia nervosa, alucinação visual ou auditiva, sensações de mal-estar e inquietação, ansiedade ou frustração, insegurança ou desconfiança soez, revolta ou fixação mental exagerada, pode também apresentar-se de golpe, em investida violenta que desarticula os equipamentos psíquicos em forma de loucura.

É mais pungente quando se manifesta sutilmente e se vai agigantando, com predominância da mente do usurpador sobre aquele que o suporta, pelo aturdimento e pelos distúrbios que produz, induzindo-o telepáticamente às fugas da existência física, seja pelo abandono de si mesmo, pelos maus tratos que impõe aos afetos e a todos quantos o cercam, ou através do suicídio.

Não se dá conta de que, ao tomar a infeliz atitude, está agindo da mesma forma que o outro, aquele que o infelicitou, promovendo consequências más para o seu amanhã.

Por mais que alguém se veja dilacerado nos sentimentos, por deslealdade ou infâmia de outrem, não tem o direito de erguer a clava do desforço para aplicá-la, tornando-se cobrador impenitente.

Os soberanos Códigos da Justiça dispõem de mecanismos hábeis para regularizar os conflitos e os atentados às Leis, sem gerar novos devedores, e conforme muito bem acentuou Jesus, o escândalo é necessário, mas ai do escandaloso!

Ninguém tem o direito de tornar-se ímpio regularizador das Leis de harmonia, utilizando-se dos próprios e ineficazes meios.

Desse modo, quando ocorre qualquer desconserto, em decorrência do desajuste de alguém, o seu autor perturba a ordem que passa a girar à sua volta até que a reorganize.

A obsessão é, portanto, um estado de miserabilidade moral daquele que se transforma em verdugo do outro.

Insidiosa e persistente, a ideia obsidente penetra naquele a quem vai dirigida, tornando-se insuportável presença no seu campo mental, na sua conduta emocional.

Inicialmente é vaga impressão que se lhe assenhoreia a pouco e pouco, passando a predominar como ideia viciosa que se enraíza, estabelecendo malhas de desequilíbrio e alucinação.

Em demorado curso é somatizada, tornando-se enfermidade pertinaz e devastadora.

A aceitação do fenômeno obsessivo somente se faz possível quando há perfeita sintonia entre o agente da perturbação e o paciente, em decorrência da consciência de culpa no indivíduo gerador do transtorno.

Perseverando no seu intento malsão, o agressor insiste, minando as reservas de energias daquele a quem persegue até vencê-lo, quando então se instala a parasitose espiritual.

Por intermédio do intercâmbio psíquico que se faz recíproco, com o passar do tempo o invasor da casa mental se torna vítima da própria trama, tornando-se dependente da vampirização que exerce.

A partir desse momento estabelece-se uma necessidade de nutrição, que torna mais difícil o quadro de perturbação, exigindo cuidadosa terapia junto aos dois pacientes...

A obsessão é cruel processo de restauração do equilíbrio daqueles que se não permitem progredir mediante as oportunidades excelentes do amor, tombando nas redes constritoras do ódio, do ressentimento, da necessidade de cobrança, da paixão asselvajada...

Para atenuar e vencer esse flagelo, tornam-se indispensáveis a prece, a paciência, a renovação dos propósitos morais do enfermo, a insistência na prática das ações libertadoras e, quase sempre, de um grupo de apoio que deve ter início no próprio lar, desde que aqueles com os quais o enfermo convive estão incursos no mesmo mecanismo depurativo.

Sentindo-se combatido, o parasita espiritual, que se compraz em perseguir, torna-se mais violento ou altera o programa de vingança, a fim de desanimar o doente encarnado, prosseguindo no desiderato que lhe satisfaz.

Normalmente, a obsessão, que se expressa através dos mecanismos mentais - telepatia, inspiração vexatória, desejo de prazeres anestesiantes, sentimentos inferiores — à medida que encontra ressonância interior por parte de quem lhe sofre o assédio, estende-se ao organismo somático dando lugar à instalação de enfermidades físicas ou de desajustes funcionais, que se transformam em graves distúrbios.

Ainda aí, o processo terapêutico deve obedecer às mesmas regras da eleição de leituras de harmonia pessoal e conversações saudáveis, mesmo que a sacrifício, a fim de que as vinculações cedam lugar ao auxílio superior que normalmente lhe é direcionado.

É certo que, nos casos mais graves - fascinação e subjugação - seja mais difícil ao obsidiado perseverar nos propósitos sadios e até mesmo pensar neles, mas o desejo honesto de libertar-se da injunção opressora credencia-o a receber maior influxo de socorro de ambos os lados da vida, assim diminuindo a interferência maléfica.

Todo espaço mental que seja dedicado aos pensamentos otimistas e de saúde, será conquista sobre o invasor que antes se apropriava dessa área para infundir receios, inquietações e submissão.

Toda vez que uma ideia pertinaz procurar predominância mental, defronta-se o início de intervenção espiritual negativa em estabelecimento de obsessão.

Não obstante a obsessão se apresente de maneira muito ampla e variada, a mais rotineira e que mais afeta a criatura humana é aquela que procede do mundo espiritual, estando a exigir imediatas providências.

Na atualidade, tem caráter epidêmico, qual sucedeu em outros períodos da Humanidade, tornando-se insuportável, em razão do estado de atraso moral das criaturas e da predominância das suas paixões mais primárias, que as levaram a guerras sangrentas, a abusos morais excessivos, a situações de selvageria e primarismo...

Nesses ensejos, as duas populações - a terrestre e a espiritual inferior - se unificam em um inacreditável conúbio em que a simbiose psíquica faz-se também física e vice-versa.

O dia anterior ao do Calvário assinala um desses terríveis momentos históricos, quando a massa açoitada pelas forças do mal preferiu Barrabás a Jesus e levou o Justo à crucificação em espetáculo truanesco e infame.

O Mestre, vitimado, conhecia essa trama soez e por isso sempre esteve a braços com obsessores e obsidiados, em razão de ser o Terapeuta por excelência. Em momento algum descurou de reconduzir às esferas espirituais os primeiros, ensinando às suas vítimas como livrar-se do jugo infeliz, precatandose contra futuros cometimentos dessa espécie.

A Sua autoridade afastava os Espíritos maus que, não obstante, O desafiavam, tentando enfrentá-lO com cinismo e ironia.

O ser humano é a soma das suas experiências próximaspassadas, assim como adquiridas em vidas anteriores, mediante as quais constrói o próprio futuro.

Assim sendo, o pretérito sempre se encontra presente no indivíduo e o seu futuro está sendo constantemente elaborado por meio das ações que se permita realizar.

As obsessões pois, que decorrem dos atos negativos que se encontram fixados na economia do progresso do ser, desaparecerão quando o mesmo se transformar para melhor, facultando que se instale na Terra o reino da equidade, da justiça e do amor.



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