Libertação Pelo Amor
Versão para cópiaAUTENTICIDADE
O grande milagre chamado êxito, que decorre do desenvolvimento intelecto-moral do ser humano, é descobrir-se autêntico.
Depois dos investimentos comportamentais que o conduziram a usar as diferentes máscaras impostas pelas circunstâncias temporais, momento chega em que se lhe torna inadiável assumir a sua autenticidade, a consciência de si mesmo.
Sempre preocupado com a aparência, a dissimulação conduziu-o por longa estrada, no momento a de melhor acesso aos objetivos, mas que já não se faz necessária, em face do impositivo do autoencontro.
Isso acontecerá à medida que seja factível a reflexão em torno dos atos de forma coerente, sem dissimulação nem punição.
Descobrir-se humano, susceptível de erros e de acertos, constitui um passo decisivo para a vivência da autenticidade.
Em face dos inúmeros conflitos que perturbam o discernimento, que faculta agir-se com equilíbrio ou de maneira utilitarista, cria-se uma couraça de defesa, a fim de estar-se protegido contra as ocorrências e as pessoas consideradas agressivas ou perigosas.
O hábito de poupar-se, durante a infância, de determinadas conjunturas aflitivas no lar, cria bloqueios que impedem os relacionamentos saudáveis, a convivência gratificante com outras pessoas, empurrando, agora, o adulto, para a defensiva.
Isolando-se, entorpece o sentido existencial e o significado da vida, prolongando as horas que transcorrem sempre sob tensão, quando poderia vivê-las em perfeito relaxamento e confiança de que o mundo, afinal, não é tão mal assim, conforme a imaginação infantil havia concebido.
Os mecanismos que lhe facultavam a aparência de pessoa gentil, generosa, protetora, salvadora de tudo e de todos que se lhe acercassem, fizeram que sempre pensasse primeiro nos outros em detrimento de si mesmo, havendo resultado essa atitude em amarguras e ressentimentos não exteriorizados.
Como efeito desse comportamento que pode ser também uma fuga da realidade ou uma necessidade de compensação psicológica, de valorização do ego, a insatisfação proporcionou incompletude em torno da existência que não foi vivida conforme deveria apresentar-se, prazenteira e iluminativa.
O indivíduo é um ser especial, cada qual é único e as suas são experiências intransferíveis.
Por isso, necessita autovalorizar-se, dentro das medidas exatas da sua realidade, evitando-se a exaltação, mas também a subestima.
Neste processo de identificação da sua autenticidade, é justo descobrir e aceitar que o seu lado escuro, desconhecido, existe e deve ser desvelado, de forma que possa modificar-se para claro e formoso.
O fato de escamoteá-lo, de maneira alguma impede que ele permaneça gerando, não poucas vezes, situações embaraçosas, perturbadoras.
Há, em todas as naturezas humanas, o anjo e o demônio, na conceituação da dualidade do bem e do mal, como resultado das heranças do primitivismo - o demônio, o mal - com a sublime presença da destinação libertadora - o anjo, o bem.
Trabalhar o lado negativo, a fim de exaltar o edificante é a tarefa da reencarnação.
Não deves viver na busca atormentada do amor e do êxito, transformados em metas essenciais.
Antes, impõe-te o compromisso de ser coerente contigo mesmo, selando com autenticidade os teus atos, isto é, agindo sempre com correção, permitindo que o tempo e as circunstâncias facultem-te o momento de despertamento interior para a harmonia.
Não poucas vezes, o que se estatui como amor é somente interesse de permuta de sentimentos prazerosos, não compensadores, por deixarem sempre ansiedade e incompletude. Da mesma forma, o que se convenciona como êxito, apresenta-se como triunfo externo, aplauso e coroamento de ambições, assinalando o íntimo com o vazio existencial.
O ser humano está destinado à paz, superando os conflitos remanescentes das faixas primárias por onde transitou, de maneira que aspire aos ideais de iluminação e de liberdade.
O amor concede-lhe a realização desse objetivo, e o seu êxito encontra-se na satisfação de poder amar sem qualquer limite.
Surge, no entanto, quando se está empenhado na realização da autenticidade, um delicado claro-escuro no comportamento, que é saber-se distinguir quando se está sendo verdadeiro ou quando se manifesta agressivo, grosseiro, exteriorizando os conflitos disfarçados de veracidade.
É muito comum parecer-se veraz mediante conduta atormentada e destituída de gentileza.
Não se trata aqui de dizer aos outros o que a cada um compraz expressar, mas ser-se leal para consigo mesmo, não se apresentando ao próximo com máscaras de dissimulação.
Desvelar-se significa retirar o véu que encobre a realidade, porém, na medida do possível e na ocasião própria.
O amadurecimento psicológico de cada pessoa informa-a aquilo que se lhe torna oportuno ou não fazer, a fim de ser conhecido, identificado com os propósitos que acalenta interiormente.
Ideal, portanto, que todos se revistam de sentimentos edificantes e cultivem aqueles que os promovem moral e intelectualmente.
A pretexto, portanto, de autenticidade, não é lícito agredir-se o próximo com palavras ásperas nem apresentar-se destituído de valores éticos, como se isso expressasse humildade.
Todos possuem recursos extraordinários, alguns ainda não administrados, que devem ser desenvolvidos. E, na sua ausência momentânea, por não estarem identificados, não devem constituir motivo para menor autoestima.
Em cada fase da existência se é portador de talentos próprios que tipificam o desenvolvimento do Espírito.
Ser-se fiel a si mesmo com todo respeito pelo outro, não causando atropelos nos demais, em face das descobertas dos compromissos pessoais, é método eficaz para a autenticidade.
Em Jesus sempre temos o Modelo único de que nos podemos utilizar para servir-nos de parâmetro.
Humilde, jamais escamoteou os sublimes predicados que Lhe exornavam o ser. Igualmente, nunca exorbitou, apresentando-se submisso ao Pai que O enviara ao mundo, para que a luz dominasse as trevas.
Assim, afirmou eloquente: "Eu sou a luz do mundo... " "Eu sou o pão da vida... " "Eu sou o caminho, e a verdade e a vida... " "Eu sou a videira verdadeira... " "Eu sou a porta... " "Eu vos dou a minha paz... " Autêntico e veraz, no momento derradeiro, ofereceu ao mundo a incomparável lição da total entrega, afirmando: "Pai, em Tuas mãos entrego o Espírito que sou... "
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João 8:12
Falou-lhes pois Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.
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João 14:6
Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, senão por mim.
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