Atitudes Renovadas
Versão para cópiaRESPONSABILIDADE MORAL
Quando se assumem compromissos de qualquer natureza, obviamente estabelecem-se liames de responsabilidade que não podem ser desconsiderados. Em todos os campos de ação, a adesão aos seus princípios impõe graves dispositivos que dizem respeito ao trabalho a ser desenvolvido.
O agricultor que espera a resposta gentil da terra tem para com ela a responsabilidade de lavrá-la, ensementá-la, cuidando-lhe da preservação e do cultivo.
O operário de uma empresa assume atividades que lhe caracterizam a capacidade, tornando-se responsável pela execução do trabalho abraçado.
Ninguém se pode eximir aos compromissos em relação à vida, a fim de que não se torne um peso morto na economia social.
O crescimento de qualquer labor encontra-se adstrito à maneira como os seus membros se desincumbem das ações que lhes dizem respeito.
É natural, portanto, que no campo da fé espírita que ilumina a mente e conforta o sentimento, aquele que se lhe vincula não pode permanecer manietado aos velhos e obsoletos chavões que lhe eram mecanismos de fuga ante as realizações nobilitantes.
Em face do conhecimento da Lei de Causa e Efeito, de que se utiliza o emérito codificador Allan Kardec para explicar as ocorrências do cotidiano moral das criaturas, muito facilmente dispõe-se de instrumento filosófico seguro para entender-se tudo aquilo que sucede nas experiências evolutivas da reencarnação.
Assim, equipado intelectualmente, o adepto do Espiritismo não se pode escusar de trabalhar pelo próprio e pelo progresso da sociedade, envidando esforços para ser a cada momento melhor do que no anterior, abraçando responsabilidades que lhe aumentam a consciência de si mesmo, auxiliando-o na ascensão espiritual.
Não seja de surpreender que sempre se encontre otimista, mesmo quando as circunstâncias não se lhe apresentem favoráveis nem róseo esteja o seu céu.
Percebendo que a finalidade da existência corporal é o aprimoramento do Espírito que é, e não o desfrutar dos prazeres e das sensações que experimenta, embora essa necessidade ocorra, como estímulo e compensação nas lutas travadas, dispõe de recursos valiosos para não se deter na lamentação ou na revolta, quando surpreendido pelos fatores do processo iluminativo.
Ninguém que se encontre reencarnado em regime de exceção, indene ao sofrimento e aos testemunhos defluentes da larga jornada empreendida desde recuadas eras...
Trazendo em germe as necessidades insculpidas no perispírito que lhe modelou os equipamentos orgânicos de maneira a propiciar-lhe os resgates inadiáveis, ressurgem os marcos danosos requerendo regularização e ordem, mediante processos de ação dignificadora, atividades regenerativas, sofrimentos reparadores, testemunhos significativos, superação das paixões perversas...
Tudo porém, encontra-se codificado de maneira sábia pelas Leis de Amor que vigem no universo, manifestando-se nos momentos oportunos, facilitadores do mecanismo da evolução moral do ser.
A vida, portanto, traz escrita em cada Espírito as suas próprias necessidades, nem mais, nem menos, impondo a cada qual o indispensável para a existência feliz.
Nunca reclames, quando açodado por qualquer tipo de aflição que não hajas desencadeado no momento.
Sempre que te ocorram situações embaraçosas que não provocaste, dificuldade e sofrimento inesperado, mantém-te sereno e procura solucionar a ocorrência de forma equilibrada, porque as razões encontram-se no teu passado espiritual.
Enfermidades dilaceradoras que surpreendem, animosidades que surgem na gleba da fraternidade, dificuldades econômicas não previstas, abandono ou solidão impostos, insucessos aparentes na carreira anelada constituem pauta evolutiva que te está destinada para o crescimento interior e o desenvolvimento mental ante as injunções aflitivas.
A árvore robustece-se na tempestade, vergando-se, a fim de que passem os ventos fortes, e logo recuperando a postura.
A argila melhor modela quanto mais esmagada.
Tudo se deve amoldar às necessidades que lhe são impostas.
Também o Espírito calceta é convidado a refazer os caminhos percorridos com impunidade quando delinquiu, recuperando-se emocionalmente dos atentados praticados contra a ordem e o dever.
Aceita o desafio existencial com alegria. Sem ele permanecerás estacionado no processo de elevação.
Não consideres, porém, o sofrimento como um látego permanente, mas como um disciplinador, um instrumento de equilíbrio para os valores éticos e morais.
Recorda-te, por exemplo, de Jesus, que não encontrou sequer um lugar no mundo para nascer, optando por uma estrebaria, e antes de partir, em vez de fazê-lo em uma carruagem gloriosa na direção do Pai, preferiu a cruz de hediondez, ensinando que o amor a tudo supre e que, por amor, tudo se consegue...
Essa, a Sua dor, foi a mais extraordinária saga de amor jamais oferecida à humanidade, mediante a qual o Homem ímpar doou-se totalmente, a fim de que todos que O amassem não tivessem justificativa para fugir do carreiro das aflições, porque, se Ele, sem qualquer culpa, experimentou as máximas dilacerações, o que não devem vivenciar aqueles que estão comprometidos com o erro?!
Seguindo-lhe o máximo exemplo, quantos outros discípulos que optaram por ensinar através da dedicação integral, oferecendo-se também para o holocausto?!
Não faltarão aqueles que afirmam tratar-se de uma patologia masoquista, essa, a do sofrimento voluntário. Nada obstante, as mais variadas opções do prazer não passam de exibicionismo, de covardia ante a realidade que se apresenta sempre mais severa do que as ilusões passadistas.
Vive, desse modo, cada momento da existência, conforme se te apresentem os seus fatores, assinalados por alegrias ou tristezas, sofrimentos ou bem-estar, aproveitando-os para o crescimento moral e espiritual.
Tens responsabilidades morais espontaneamente aceitas desde o momento em que aderiste ao compromisso com a Doutrina Espírita.
Informado dos seus paradigmas que te alegram, introjeta-os com intensidade, afirmando-os e legitimando-os através da vivência.
Diferindo de outras doutrinas filosóficas e religiosas, o Espiritismo é a ciência da filosofia, a filosofia da religião e a religião da ciência, conforme o definiu o gentil amigo Manuel Vianna de Carvalho quando ainda se encontrava na indumentária carnal...
A vida, em si mesma, é frágil quando no corpo.
Nenhuma organização material deixa de passar pelos processos inevitáveis da decomposição, da desorganização, da transformação...
No que diz respeito à humana, esse processo é sempre mais rápido, porque exigindo energia, essa desgasta-se e vêm os problemas inevitáveis de natureza degenerativa, que se expressam como desgaste, envelhecimento, enfermidades e morte ou transformação radical em outra forma de expressão...
Consciente de que estás no corpo em função da intelectualização da matéria e para o progresso inevitável da ascensão, aprende a ser feliz em qualquer circunstância, mantendo os teus compromissos morais para com a vida em clima de real alegria.