Constelação Familiar

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CAPÍTULO 19

TRANSTORNOS DE CONDUTA NA FAMÍLIA

Num aglomerado familiar, em face das conjunturas anteriores das existências no cadinho da evolução, não são poucas as questões que ficam pela estrada, aguardando solução.

Dentre algumas, vale a pena assinalar o transtorno de conduta por obsessão, que anatematiza muitos espíritos no campo da reencarnação.

Porque não teve chance de volver ao mesmo proscênio para onde seguiu o seu algoz, a vítima de ontem tresvariada permanece em aflição, procurando um meio de alcançá-lo para o desforço infeliz, não se asserenando enquanto as leis da afinidade não a aproximam do seu antigo antagonista.

Ao invés da contribuição sublime do amor, infelizmente, ainda opta pelo convívio com o ódio, com a vingança doentia, em terrível alucinação que impede o discernimento racional das atitudes que devem ser tomadas, escorregando em processo obsessivo, tão cruel quanto foram as causas que o desencadearam.

O espírito foi criado para a glória do amor. No entanto, os impulsos inferiores que lhe permanecem como atavismo perverso, predominando em a sua natureza espiritual, dificultam-lhe a ascensão, que somente é possível quando insculpe o sentimento de afeição no imo, ampliando depois a capacidade de evolução, mediante a aquisição do conhecimento intelectual.

Porque o amor impõe renúncia e abnegação, exigindo sacrifício e esforço pessoal, o ser humano quase sempre mantém uma preferência mórbida pelas reações negativas, doentias e egotistas, especialmente comprazendo-se nessa conduta aqueles que perderam a direção de si mesmos, quando vitimados por pessoas ou circunstâncias afligentes, cujos sofrimentos, no entanto, poderiam transformarse em bênçãos no processo de crescimento pessoal.

Desse modo, refugiando-se no seio da família que, de alguma forma, contribuiu para a sua tragédia anterior, o espírito renasce com matrizes espirituais que facultam a injunção obsessiva, na qual resgata o delito e cresce moralmente, se bem souber conduzir o processo angustiante. No entanto, não é da lei de Deus o padecimento pelo sofrer apenas, mas como oportunidade de refazer a experiência infeliz, acertando o passo com o equilíbrio e desenvolvendo os valores dignificantes que lhe dormem em latência.

Quando se trata de um transtorno obsessivo simples, o paciente possui lucidez para conduzir a problemática, poder administrá-la, ganhando em realização dignificante o que malbaratou em desalinho anterior. No entanto, quando o problema é mais grave, como no caso das obsessões por fascinação ou por subjugação, o enfermo não tem como trabalhar a angústia e as aflições nas quais estorcega, por falta de discernimento, necessitando do apoio familiar para recuperar-se.

É nesse capítulo que os pais não podem deixar de permanecer vigilantes, considerando que os filhos a eles confiados pela Divindade são tesouros que devem ser multiplicados, como na parábola dos talentos narrada por Jesus, em que aqueles que souberam aplicá-los, devolveram-nos multiplicados, enquanto que o avarento, preguiçoso e desconfiado servo, nada mais fez que o enterrar, gerando a ira do seu amo que lhe reprochou o caráter venal.

Os filhos são, muitas vezes, mestres hábeis que ajudam os pais a galgar os degraus da evolução, através das lições do sofrimento que lhes aplicam ou por meio de doações de ternura com que os enriquecem.

Poder conduzi-los com sabedoria é o dever que não é lícito ser desconsiderado sob qualquer justificativa.

Observando-se o comportamento alienado do filho, após buscar o socorro da ciência médica, nunca olvidar a contribuição espiritual mediante o concurso dos passes, da água magnetizada, do carinho para com o enfermo encarnado e a compaixão dirigida ao perseguidor.

Esse sicário de agora traz as marcas do sofrimento de que foi vítima, cometendo o mesmo desatino que padeceu, quando deveria utilizar-se da lição de vida para ascender aos páramos da luz mediante o perdão.

Enquanto o espírito não perdoa as ofensas de que foi objeto, não tem recursos para perdoar-se a si mesmo pelos disparates e erros que se permite. Sem lucidez para entender a fragilidade do próximo, guarda ressentimentos de forma consciente ou não das próprias defecções que se lhe transformam em tormentos atuais ou futuros.

O exercício, portanto, da compaixão, faculta, posteriormente, a presença do perdão na sua maneira nobre de olvidar o mal recebido, para somente recordar as dádivas de alegria coletadas durante a existência.

O obsidiado, que gera no lar situações de difícil contorno, é sempre muito infeliz e, por isso mesmo, encontra-se num estágio que o impede de compreender o que se passa a sua volta, tornando-se instrumento de aflições para toda a família. Não poucas vezes, a sua impertinência, pelo repetir-se continuamente, termina por cansar os familiares, produzindo reações de ira e de mágoa, de revolta e de ódio, que mais complicam o quadro doloroso.

A terapia mais eficaz, ao lado da prece, é a paciência de todos aqueles que são constrangidos a lidar com a sua enfermidade, envolvendo-o em ondas de paz, a fim de serem quebradas as algemas que o prendem ao vingador.

Os sentimentos negativos que são direcionados ao enfermo espiritual pioram-lhe o quadro, porque mais vitalizam o perturbador, que encontra campo vibratório favorável ao desforço que pretende realizar.

Por outro lado, todos aqueles que participam do quadro afligente, de uma ou de outra forma estão vinculados à trama infeliz de que agora se recusam a resgatar.

Nas constelações familiares também renascem almas queridas que formam grupos saudáveis felizes, porque têm como missão trabalhar em favor do progresso geral, fomentando o desenvolvimento intelectomoral da coletividade. Sustentados pelos valores da afetividade doméstica, encontram forças para vencer as dificuldades naturais dos empreendimentos relevantes, construindo o bem e a felicidade em toda parte.

Nesses redutos consanguíneos estão espíritos afins, consagrados pelo passado de ternura e compreensão, que recomeçam juntos para que se sustentem mutuamente no desempenho dos compromissos nos quais se irmanam.

Felicidade e sofrimento, desse modo, são frutos de sementeira individual, que se transforma em alegria ou dor coletivas, assinalando aqueles que se encontram envolvidos nas mesma realizações.

A família é sempre uma bênção que Deus faculta ao espírito em crescimento, auxiliando-o a treinar fraternidade e compreensão, de modo a preparar aquela de natureza universal.

Sendo a célula inicial da sociedade, quando está estruturada no bem-estar, todo o conjunto frui de alegrias e esperanças. Quando, porém, se apresenta enferma, é compreensível que o organismo geral padeça dificuldades de entendimento e de saúde coletiva.

Nos casos, portanto, de obsessão em família, filhos ou pais, irmãos ou membros outros do mesmo clã, desfrutam de oportunidade especial para a regularização dos gravames que estão aguardando a presença do amor, da caridade e da oração para o conveniente equilíbrio.

No lar santificam-se os sentimentos, mesmo nos períodos mais difíceis, quando se opta pela afeição ao invés da antipatia e da animosidade.



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