Constelação Familiar

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CAPÍTULO 23

TURBULÊNCIAS FAMILIARES

Numa constelação familiar, os primeiros sinais de desajustes são os pequenos crimes em relação à lealdade que deve existir entre todos os seus membros.

A família não é apenas o grupo biológico residente sob o mesmo teto, mas a reunião de espíritos que se exercitam na experiência da evolução, onde deve reinar a fraternidade, a fim de se ampliarem os sentimentos de amor no futuro em relação a toda a sociedade.

Compreensivelmente, na convivência sempre surgem os descontentamentos insignificantes, que se tornam mais graves quando não cuidados, na condição de fenômenos transitórios decorrentes das relações interpessoais, ensejando conversações maledicentes, que se ampliam em forma de acusações surdas e injustificáveis, culminando em traições ignóbeis...

As insatisfações sexuais, fruto da licenciosidade mental e física que viceja em toda parte e dos abusos das funções genésicas, externam-se inicialmente em discreta forma de antipatia pelo parceiro, masculino ou feminino, cultivando-se anseios impróprios que mais perturbam o discernimento em torno dos deveres graves.

Os próximos passos, em tais ocorrências, são as discussões desrespeitosas e as acusações destituídas de fundamentos, quando não ocorrem as agressões morais que avançam na direção daquelas de natureza física...

Agravam-se, então, as animosidades, e os sentimentos doentios assomam, elaborando planos perversos de vingança, que geram situações calamitosas como resultado dos caprichos infantis e do egoísmo exacerbado.

O amor, que um dia pareceu existir entre os parceiros, transforma-se em ressentimento, agravando a situação que poderia ser contornada mediante conversação fraternal e franca, compreensão e respeito pelo outro, a quem se vincula emocionalmente.

É nessa fase de desajuste e de fragilidade psicológica, que surgem as brechas morais para crimes mais graves, entre os quais o abortamento hediondo, feito de maneira cruel e insensível. Muitas vezes, a mulher frustrada, não podendo descarregar a ira no homem que a enganou, direciona toda a sua mágoa no ser em formação, para não ter que carregar a herança da própria leviandade.

A partir desse momento, instala-se, no inconsciente profundo do ser revel, a culpa que emergirá em momento próprio com toda a caudal afligente de consequências nefastas.

Como efeito, o espírito rejeitado, que iria desfrutar das bênçãos do corpo físico para a evolução moral, não compreendendo a ocorrência injustificável, toma a clava da justiça nas mãos e passa a sitiar a casa mental do responsável pela sua morte, dando início a doloroso processo de obsessão pertinaz.

Algumas vezes, em razão de encontrar-se profundamente vinculado ao feto, ao ser expulso do corpo abruptamente, a alucinação que o toma durante o ato execrável, adere psiquicamente ao endométrio, dando lugar a futuras formações de tumores uterinos portadores de sofrimentos inauditos.

o abortamento, com exceção daquele que tem por objetivo salvar a existência da gestante, é uma das heranças mais terríveis do primarismo de natureza moral que responde pelo atraso espiritual da sociedade.

Numa constelação familiar não existe lugar para ocorrência de tal monta.

Quando sucede uma fecundação não desejada, em razão de diversos fatores existentes, o espírito que se encontra em processo de reencarnação deve ser recebido com carinho, porquanto está sendo beneficiado pela especial oportunidade de crescimento, por divina concessão que não pode ser desrespeitada.

Considerando-se a imensa variedade de recursos e técnicas impeditivos da fecundação, nunca se poderá justificar o abortamento criminoso, porquanto a Divindade providenciou através da ciência preciosos recursos preventivos que devem ser usados sempre que se não desejem filhos...

Esse crime que, às vezes, permanece oculto na consciência daqueles que o praticam, pela sua ação morbífica termina influenciando negativamente a família, que mais se desestrutura, avançando no rumo do abismo da desagregação.

A cultura religiosa no lar produz o benéfico resultado de evitar os crimes ocultos, porquanto a religiosidade insculpida na mente e no sentimento da família trabalha em favor da conversação saudável, dos esclarecimentos diante das suspeitas e incompreensões, aclarando questões duvidosas e iluminando as sombras em instalação ou quaisquer outras interferências espirituais doentias.

Quando se instala no lar a atividade evangélica, acende-se a luz do esclarecimento racional que esbate toda a treva da ignorância, do preconceito, do erro, da perversidade... E surge a madrugada do amor, banhada pela luminosidade do entendimento fraterno, do respeito afetivo, da solidariedade digna...

No momento, portanto, em que surgem os primeiros conflitos nos relacionamentos domésticos, justo é buscar-se diluí-los antes que tomem proporções graves, difíceis de ser eliminadas.

A perda da confiança numa convivência é porta aberta a suspeitas de alto porte, muitas vezes desprovidas de fundamento, que respondem por graves consequências futuras na estrutura doméstica.

Cabe aos pais, nos momentos do encontro de estudos evangélicos no lar, trazer à baila, para análise e considerações, os temas perturbadores como o aborto, a eutanásia, a pena de morte, o suicídio, esclarecendo as mentes juvenis, ao lado de outros crimes acobertados pela sociedade, quais o denominado como de colarinho branco, de desvios de valores públicos, de subtração de impostos e outras falhas morais que recebem aplauso de alguns enfermos emocionais como válidos...

Justificando os erros graves praticados por algumas autoridades que têm o dever de zelar pelos bens públicos e optam pelos desvios, os que se justificam errando, estão cometendo equivalentes crimes que lhes pesarão na economia emocional e mental.

Muitos desses abomináveis delitos tornam-se legais nas sociedades primárias e injustas, nunca, porém, adquirirão valor moral, porque atentam contra o equilíbrio espiritual da humanidade.

É fundamental que na família debata-se com franqueza a questão da liberdade, apresentando-se os seus limites, a fim de evitar-se que, em seu nome, cresça a libertinagem que ora predomina em muitos grupamentos sociais, gerando problemas graves de natureza emocional e psíquica entre as pessoas de estrutura psicológica mais frágil.

Educando-se a mente infantojuvenil no respeito à vida em todas as suas expressões, forjam-se mulheres e homens de bem para o futuro, capazes de servir a sociedade ao invés de explorá-la, de iluminar consciências ao oposto de obscurecê-las, e ensinando-lhes liberdade de pensamento, de palavra e de ação, com dignidade insofismável.

No lar, não existem temas inabordáveis que o amor não possa discutir e esclarecer dentro do nível de entendimento das pequeninas estrelas em expansão, que são os filhos.

Da mesma forma, não se devem manter condutas estranhas, desconcertantes, em referência aos demais, especialmente os genitores.

Censurar o pai ou a mãe, em conversação com o filho, é como desnudar-lhe a alma, a fim de apresentar as ulcerações morais que estão ocultas e que merecem todo o respeito. Quem não as tem?

É sempre perversa a exposição das alheias chagas nos relacionamentos sociais, que embora nem sempre saudáveis, se tornariam mais enfermiços e insustentáveis.

O lar, é, portanto, um educandário, no qual os exemplos penetram mais do que as palavras ou coroam as vidas com os diamantes legítimos da verdade.

Os pais, são, desse modo, espelhos que refletem a imagem da realidade que sempre servirá de orientação para os filhos.

Quando os alicerces da família começarem a ser abalados por uma outra razão, numa convivência psicológica madura, os parceiros têm o dever de fazer uma pausa no distanciamento que se insinua e buscar o caminho do meio, do diálogo honesto, do esforço pela recuperação da alegria no lar, da superação das dificuldades.

Portanto, toda insinuação para a aceitação dos pequenos delitos deve ser rebatida, desde o primeiro momento, não lhe permitindo espaço mental nem emocional para futura instalação.

Enquanto a família prosseguir em harmonia, a sociedade crescerá em paz e elevação.



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