Constelação Familiar
Versão para cópiaINTEGRAÇÃO NA FAMÍLIA
Hoje, a família é considerada como "um conglomerado de pessoas pertencentes a um grupo consanguíneo", encontrando-se a maioria delas em desconserto, padecendo atrozes conflitos e vigorosa desestruturação.
Distantes, pais e filhos vivem as próprias experiências no cenário existencial, sem a comunicação interpessoal que seria indispensável para o entendimento das questões a todos pertinentes e dos desafios que se multiplicam variados.
A perda da identidade afetuosa afasta os membros que a constituem, preservando os interesses egoístas, aos quais, cada qual mais se apega, em luta renhida entre os diversos membros, sempre disputando a sua fatia mais lucrativa.
Quando crianças, muitas vezes, os filhos recebem orientação destituída de emoção, porque através de pessoas remuneradas, sem vínculos de amor com as mesmas, excetuando-se os casos raros, em que se desincumbem do dever de instruir, raramente de educar, em razão dos conflitos que também as aturdem.
Grande número de genitores, mais preocupados com as profissões, com o sucesso na carreira a que se vinculam, usam o matrimônio como forma de projeção social, em cuja realização foram examinados os interesses patrimoniais e de situação na sociedade, usando o sexo como instrumento de afirmação da personalidade e de manutenção das aparências, sem qualquer compromisso de afeto. Invariavelmente, a união é resultado de impulsos malcontidos, ou apenas legalização de uma convivência que se prolonga no tempo, sem participação dos sentimentos da verdadeira afinidade emocional defluente do amor.
Os filhos, quase sempre programados, como fazendo parte da organização familiar, tornam-se adornos para exibição aos amigos ou garantia para o bom e egoístico direcionamento das heranças materiais, quando a morte arrebatar os genitores, preparados ou não para o Grande Além.
É claro que existem exceções dignas de mérito. Nada obstante, é o conceito vigente entre muitos parceiros que se entregam à busca do triunfo pessoal na sociedade, mesmo que lhes custe sacrifícios emocionais e a perda da sensibilidade para o grave cometimento do amor.
Confundindo sexo com afeto, a convivência tem a duração da novidade em parceria, logo tombando no tédio, no desinteresse, e mudando de comportamento pela variação de nova companhia, em tormentosa procura de preenchimento do vazio existencial, em solidão acabrunhadora, embora as multidões e os bajuladores que os cercam, caso sejam ricos e poderosos.
Desintegrada, a pouco e pouco, a família vem perdendo as características de santuário, de escola, de oficina moral de aprimoramento, para transformar-se em palco de aflições e disparates sem nome, resultando, diversas vezes, em tragédias dolorosas, em face da insensatez dos seus membros.
Não faltam, no entanto, contribuições valiosas da sociologia, da psicologia, da pedagogia em favor da família como unidade básica para a sociedade, que também cambaleia, em alucinação sem controle, como efeito inevitável da sua desorganização.
Essas doutrinas oferecem os valores morais e espirituais como os únicos portadores de recursos para o tecido de reintegração do grupo familiar no concerto da nova humanidade.
A ética e a moral não são atemporais ou pertencentes a este ou àquele período da sociedade; são de todos os tempos, porque retemperam o ser, disciplinando-lhe os impulsos animais e orientando-o nos sentimentos que procedem da razão e da consciência.
Quando sofrem influências degenerativas, sejam por quais motivos se apresentem, tornam-se inevitáveis as consequências danosas da situação perturbadora.
Na sua condição de animal social, o ser humano não prescinde da disciplina que lhe norteia os passos no rumo da evolução, retirando-lhe as sucessivas camadas de primarismo resultantes do trânsito nas faixas iniciais do processo evolutivo.
Periodicamente a sociedade sofre a injunção penosa de processos perversos de destruição dos comportamentos éticos, que têm fundamento no respeito a si mesmo, ao próximo, à vida... Essa conduta produz danos incalculáveis ao desenvolvimento intelecto-moral dos indivíduos, assim como dos grupos sociais a que pertencem.
Essas ocorrências nefárias têm sido frutos apodrecidos do fanatismo religioso, das doutrinas materialistas, das guerras hediondas, das ambições desmedidas de alguns governantes cruéis, que aconteceram no passado e retornam no presente. É lamentável o propósito mesquinho e retrógrado de determinados fanáticos, personalidades enfermas que são e que se utilizam da religião para impor seus tormentos, estabelecendo métodos coercitivos contra o progresso e exigindo condutas medievais, absurdas, com indisfarçável perseguição à mulher, em face dos conflitos que os desgastam interiormente, para elas transferindo a responsabilidade. Psicóticos inegáveis, realizam-se, castigando a cultura que detestam e os desmascara, mantendo a ignorância total em torno das relevantes conquistas contemporâneas, assim sentindo-se realizados, por serem cegos e ignorantes portadores de condutas sadomasoquistas...
Em tais situações, a família é empurrada para o atraso, para condutas deploráveis de sujeição à barbárie que lhe impõem os sicários da renovação moral e social da humanidade.
Noutras vezes, a revolta, ante o estatuído injusto, dá lugar a um revanchismo emocional que desborda no total abandono das regras do bem viver, em tentativas de viver-se bem, da maneira mais condizente com o nível de sensações em que os indivíduos permanecem.
A História é a grande depositária das experiências e vivências dos tempos e das nações transatos, oferecendo material valioso para que sejam evitados novos comprometimentos perturbadores.
Poucos estudiosos do comportamento, porém, interessam-se por avaliar os efeitos do passado, a fim de melhor encontrarem soluções para as realizações do futuro. Se o fizessem, constatariam que não pode haver progresso real sem o compromisso firmado com a ética e a moral que alimentam a sociologia e vitalizam as doutrinas psicológicas que trabalham pelo bem-estar do indivíduo e, por extensão, da coletividade.
Nenhum grupo social consegue o êxito dos seus empreendimentos, se não firmar-se em compromissos de dignificação e solidariedade, de respeito e cumprimento dos deveres, alicerces que são para edificações felizes no seio da humanidade.
A integração, portanto, da família, em programas edificantes de reflexão e de trabalho digno, constitui o grande desafio do momento para educadores e formadores de opinião, interessados em melhorar a situação emocional e psíquica, física e econômica dos seres humanos, ameaçados, eles mesmos, pelos efeitos da alucinação que se têm permitido.
A educação espírita na família destrava as dificuldades existentes, por facultar o entendimento das leis que regem a vida e dos mecanismos em que a mesma se estrutura, despertando os sentimentos humanos para a perfeita identificação da criatura com o Criador e das responsabilidades que existem entre todos em relação uns aos outros e à própria vida.