Jesus e Vida

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CAPÍTULO 12

Pertencer-se

Graças aos atavismos ancestrais que se demoram em a criatura humana, inúmeras dependências caracterizam-lhe a existência, na condição de conflitos e de falsas necessidades de apoio.

A identidade conturbada, não conseguindo libertar-se dos liames a que se encontra atada por indolência e comodidade, permite-se continuar sob o jugo das paixões a que se submete espontaneamente.

Cada espírito é possuidor do corpo de que se utiliza, elaborado de acordo com as suas necessidades evolutivas, programado para o processo de crescimento interior, atravessando as diversas etapas existenciais conforme as próprias aspirações.

Essa dependência debilita-lhe os centros processadores de qualificação para a vida, em face da indiferença a que se aclimata, supondo não possuir forças nem valor moral para a libertação do problema. No recesso do ser, esse fenômeno é fruto do autodesamor, da incapacidade de lutar para crescer e motivar-se para desenvolver os recursos elevados que se encontram adormecidos em germe, no cerne de si mesmo.

Nem sempre, porém, dá-se conta de sua dependência afetiva, emocional, cultural, financeira, social, espiritual...

Por consequência, a faculdade de pensar cede lugar aos impositivos dessa aceitação, deixando-se arrastar pelas ideias e atividades de outrem, que nem sempre são corretas ou edificantes, negando-se o direito de ser livre, de assumir responsabilidades.

Em face dessa condição, quando se compromete, naturalmente tem para quem transferir a culpa, isentando-se da responsabilidade de ser feliz conforme os seus próprios padrões...

Nesse processo, surgem os tormentos que são resultados da insatisfação, do drama decorrente da conduta infantil ou doentia, por faltar uma escala de valores que justifiquem as lutas dignificadoras e os enfrentamentos, mesmo que desagradáveis, mas que são indispensáveis à conquista da plenitude.

Enxergando a vida conforme as lentes de outrem, a capacidade de eleger o que lhe é de melhor, aquilo que proporciona felicidade, lentamente se restringe, perdendo a diretriz que deveria seguir.

A finalidade essencial da reencarnação, porém, é a do crescimento intelecto-moral do espírito, em cuja conquista impõe-se o dever de ser-se livre, de identificar-se os próprios limites, mas também as incalculáveis possibilidades que lhe estão à disposição.

Ao mesmo tempo em que se liberta das dependências perturbadoras, aprende a vincular-se às outras vidas, de caminhar ao lado, permutando experiências e ampliando horizontes, de forma que encontre sentido viver em sociedade, relacionando-se com tudo quanto existe.

Embora vivendo um período de pensamento mágico, no qual tudo se resolve de maneira tecnológica, imediata, fácil, bastando apenas apertar um botão ou um teclado e encontrando as respostas já elaboradas, os processos de solução prontos para serem usados, é indispensável reflexionar, medir os riscos e os sucessos, assumindo a própria identidade e a responsabilidade por cada ação...

Todavia, no que diz respeito ao trabalho de libertação, na busca do pertencer-se, caminhando com a responsabilidade dos próprios atos, sem medos nem tormentos, são indispensáveis um grande esforço, uma disposição contínua para não desistir nem desanimar, rejubilando-se, a cada passo, crescendo intimamente a cada tentativa.

Sem esse esforço pessoal, inadiável, o indivíduo prossegue na jornada em dependências que variam de circunstância, pessoa, emoção...


* * *

Indubitavelmente, os espíritos comunicam-se com os viandantes do carreiro carnal, interferindo nos seus pensamentos, palavras e atos. Como resultado, há um intercâmbio incessante entre as duas vibrações que envolvem os encarnados e os desencarnados, sendo natural que, de acordo com os padrões de conduta decorrentes do cultivo das ideias, da vida interior, haja a vinculação por afinidade.

Como pululam em volta do planeta os espíritos infelizes, em razão do seu estágio evolutivo, mais facilmente ocorre vinculação com os mesmos, isto quando o fenômeno não tem procedência em existência anterior, em decorrência do comportamento havido entre ambos, no caso, dando lugar aos processos obsessivos.

Dessa forma, a dependência do encarnado caracteriza-se pela submissão à influência morbosa do seu comparsa espiritual.

Inabituado a assumir decisões dignificadoras, deixa-se arrastar pelas ideias pessimistas e perturbadoras que lhe são transmitidas, passando à condição de vítima de uma parasitose infeliz, que termina por roubarlhe as energias, trabalhando pelo seu deperecimento, desequilíbrio total e desencarnação antecipada...

O inconsciente, reconhecendo a culpa em decorrência da ação anterior infeliz, deixa-se dominar pelo agente perturbador, facultando-se a dependência, que o paciente aceita sem murmuração...

Iniciando-se o processo espiritual libertador, o espírito viciado na aceitação da circunstância danosa, não se permite o esforço de recuperar o equilíbrio, a sanidade mental ou emocional, ou mesmo física, prosseguindo espontaneamente a carregar a cruz que lhe pesa na consciência.

Aceitando a condição de vítima, não se esforça pela reconquista da identidade própria, deixando de pertencer-se, de avançar no rumo da alegria e do bem-estar que a todos se encontram destinados, fugindo para a auto compaixão, a autocomiseração.

O corpo pertence ao espírito que nele se encontra renascido, para as excelentes realizações evolutivas e nunca aos invasores da sua consciência...

Cada indivíduo deve esforçar-se ao máximo para preservar a sua independência interior, laborando em favor da autoconfiança, do auto-esforço, trabalhando a auto-iluminação.

Ninguém pode realizar esse mister, exceto o próprio espírito, porquanto somente o seu cabedal de experiências facultar-lhe-á desenvolver-se intelecto-moralmente, em cada etapa, tornando-se melhor do que na anterior.

Desse modo, ninguém renasce, no mundo físico, para sofrer, senão para reeducar-se, para recuperar-se dos delitos infelizes, para crescer na direção de Deus.

Nunca, pois, justificáveis as expressões: "não posso", "não consigo", "não tenho forças", todas decorrentes da indolência mental e da acomodação pessoal, não obstante os danos de que sejam portadoras.


* * *

Recupera-te dos efeitos perniciosos da tua atual ou anterior existência, trabalhando as tuas forças morais, confiando em Deus e a Ele entregando-te sem reservas, lutando com tenacidade a fim de venceres as tendências inferiores que teimam em jugular-te ao eito das dependências negativas.

Ergue-te ao amor e o amor te conduzirá pela senda libertadora, autopertencendo-te e conquistando o espaço que te está reservado no processo da evolução.




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