Jesus e Vida

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CAPÍTULO 22

Sempre agora

Na sua grandeza e magnitude incomparáveis o tempo não passa.

Sempre o mesmo, indimensional, infinito, permite-se deixar atravessá-lo pelos fenômenos mais diversos: sejam os grandiosos, na sua poderosa força, sejam os de aparência insignificante, mas representativos na harmonia cósmica em que se situam.

Invariavelmente crê-se que as horas se foram e as oportunidades seguiram-nas empós.

Em verdade, todas as ocorrências de um momento cederam lugar a outras em dimensão convencional, tendo em vista os movimentos de rotação e de translação do planeta, em torno de si mesmo e do Sol, que deram lugar ao estabelecimento do dia e da noite, das estações do ano, todos defluentes da sua posição em relação ao astro-rei.

Daí partindo, foram sendo estabelecidas convenções denominadas horas para facilitar ao ser humano em sua racionalidade dimensioná-lo, estabelecendo pe ríodos próprios à conduta existencial.

Entretanto, a luz que banha a beleza arquitetônica e tecnológica do mundo, hoje deslumbrante, é a mesma que manteve os sáurios colossais em épocas bastante recuadas e os acompanhou no extermínio oportunamente.

Em uma análise profunda, portanto, o tempo é agora, um sempre este momento que se defronta no corpo ou fora da argamassa celular.

Em assim considerando, é atitude injustificável lamentar-se o passado, nele fixado, ou atormentar-se pelo futuro em clima de ansiedade perturbadora e desnecessária.

Certamente, assim é, como asseveram os brocardos populares: Águas passadas não movem moinhos e Ninguém se banha duas vezes nas mesmas águas de um rio...

Há um incessante presente-passado, assim como um ininterrupto presente-futuro.

Recuperar o tempo, no sentido convencional, significa apressar o presente e preenchê-lo de ação. Apesar disso, o que sucede não é uma recuperação do tempo mal-aplicado, mas a conquista pela ação daquilo que não foi realizado.

Planejar com sofreguidão o futuro, transferindo atividades que deveriam ser executadas no presente, caracteriza deficiência de óptica emocional, em projeção mental de fuga inútil do dia de hoje...

Para onde se projete o pensamento haverá a existência deste momento, evoque-se o passado ou avancese no futuro.

Assim sendo, a utilização saudável de cada segundo faz-se imperiosa, de maneira que o avanço propicie o momento sempre atual e a evocação do que aconteceu signifique a sua revivência agora.

A medida do tempo, portanto, é a métrica da ação bem-direcionada, contínua, constante, atual.

Hoje é o dia, sempre o hoje.


* * *

Tbdo quanto se deve fazer, deve-se começar no momento em que surge a ideia, seja planificando, seja construindo mentalmente, predispondo-se psicologicamente para o seu tentame ou realizando-o através do início, conforme as possibilidades e circunstâncias.

O presente prolonga-se indefinidamente, mas quando mal-utilizado, transforma-se em fardo de aflição pela ocasião malograda.

Desse modo, não postergues realizações dignificantes, enganando a própria consciência, em mecanismo de fuga da responsabilidade.

Quando tenhas um compromisso a atender, seja qual for: uma leitura, uma visita, uma edificação, uma correspondência, um telefonema, etc, não o adies em justificativa da preguiça com o enganoso argumento: Uma hora dessas eu o farei.

Essa hora não existe, senão na imaginação sonhadora e vã. Entre este momento e o futuro surgirão outros e novos deveres que se imporão inapeláveis.

Acumulando deveres, serás incapaz de desembaraçar-te da tua pauta de responsabilidade.

Todo indivíduo indisciplinado transfere para amanhã o trabalho que deveria ter sido iniciado hoje e agora, sabendo, embora conscientemente, que esse amanhã não existe. É uma forma de compensação psicológica para ficar bem consigo mesmo em face da irresponsabilidade.

Como consequência, não assumas responsabilidades maiores ou mais numerosas do que os teus recursos de execução.

Sê sincero para contigo mesmo, aceitando apenas os encargos que podes e deves atender.

A frivolidade é característica de insensatez moral.

Programa-te, portanto, no tempo-agora, agindo com harmonia, com equilíbrio em respeito à ocasião que vivências.

Quando possível, estabelece o roteiro de execução dos teus deveres, atendendo-os em ordem, um após o outro, sem precipitação ou adiamentos desastrosos.

Na indimensionalidade do tempo, tudo passa, mas nem sempre volvem as oportunidades não aproveitadas.

É expressão de sabedoria fazer-se com segurança, mesmo que de pequena monta, o que diz respeito a cada um, do que aguardar-se poder realizá-lo de maneira bombástica, volumosa.

Lamentar-se pelo que se foi é malbaratar o agora, excelente oportunidade de refazimento de algo que ficou na retaguarda.

Disciplina a vontade e aprende a produzir o melhor dentro do teu limite de forças. O que não realizes hoje, logo mais, em novo agora, o farás, desde que te encontres vigilante e disposto.

Considera a brevidade do corpo e a infinitude de bênçãos para a tua auto-iluminação, ganhando cada agora com um acréscimo de conhecimento e de amor ao que já acumulaste.

Não te facultes escravidão ao tempo, malbaratando-o com reflexões inúteis, em relação ao que poderias ter feito e não o realizaste ou em formulação contínua ao que irás realizar, sem que o estejas produzindo.

Há muitas dimensões emocionais em relação ao tempo, com especificações próprias para a criança, para o jovem, para o adulto, para o ancião. É diferente o tempo utilizado por um sábio e por um ignorante. Da mesma forma, ele é variável para quem espera e para quem deve chegar. Tem especificidade para o enfermo e para o saudável, assim como para o amor e para a indiferença...

O tempo é dimensão especial para cada criatura, conforme sua consciência, sua emoção, seus conhecimentos, sua evolução moral...


* * *

Jesus, que nos deu as mais belas lições de sabedoria, aproveitou todo o tempo-hoje, nunca retrocedendo nem antecipando acontecimentos.

—Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã; porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal - asseverou, amoroso, significando que cada ocorrência, cada fenômeno tem o seu momento, sem saudade pelo ido nem inquietação pelo porvindouro.

Quando se age bem em cada tempo-agora, o futuro está presente e o passado nunca se foi. (Mateus 6:34)



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Mateus 6:34

Não vos inquieteis pois pelo dia d?amanhã, porque o dia d?amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.

mt 6:34
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