Liberta-te do Mal

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CAPÍTULO 31

Beneficência e promoção humana

Desse modo, a beneficência cristã iniciou a grande saga do auxílio fraternal a todos os indivíduos, sem qualquer preconceito em relação à sua origem, crença, comportamento, recurso, todos considerados irmãos em necessidades, filhos do mesmo Pai Altíssimo.

Auxiliada, nos primeiros tempos, por Tiago e João, a construção modestíssima albergava com o mesmo carinho todos aqueles que tinham sede e fome de misericórdia e de amor.

À medida que foi aumentando o número dos aflitos, sempre em grande quantidade em todas as épocas, foi realizada a primeira aplicação técnica do serviço social, sendo selecionados sete membros da igreja primitiva para os labores imediatos, o atendimento das mazelas complexas, enquanto os primeiros servidores se dedicariam ao trabalho de iluminação espiritual.

Na suprema ignorância que se deriva da intolerância religiosa o Sinédrio, que reunia a opulência e o desvario dos rabinos, não entendendo a grandeza do Mestre, investiu várias vezes contra o seu santificado labor, tentando destruí-lo ou impedi-lo de funcionar dentro dos padrões da misericórdia e da compaixão.

Quando Paulo visitou a Casa do Caminho, em um dos períodos mais difíceis de sua manutenção, face ao imenso número de aflitos e os poucos recursos, o que a submetia ao talante do farisaísmo que lhe oferecia algumas migalhas, O Apóstolo dos gentios teve a extraordinária inspiração de elevá-la a Núcleo de promoção humana, sugerindo que os pacientes melhorados e aqueles que se curavam contribuísse com o seu esforço em favor da sua manutenção, aprendendo também a ajudar o seu próximo.

Ao mesmo tempo, propôs que fossem convocados servidores remunerados que pudessem desempenhar o papel de auxiliares, desse modo, dispondo de recursos para uma vida digna, enquanto outros ali trabalhando aprenderiam uma profissão relevante para a aquisição de melhor status social.

Visitando as igrejas que fundara anteriormente, o bravo servidor de Jesus passou a solicitar o auxílio de todas elas, em benefício da Casa do Caminho, ao mesmo tempo estimulando a criação de outros núcleos socorristas, em idênticos moldes aos aplicados em Jerusalém.

Quando hoje o serviço social promove o indivíduo, socorrendo-o e lhe oferecendo os meios de preservação dos valores de que necessita para uma vida honorável, as lições de bondade dos que se encarregam da promoção humana, infelizmente pouco aplicadas, devem ser mantidas, de forma que ninguém se sinta humilhado pela situação em que chega à instituição ou em que se encontra na sociedade.

Por aquela Casa passaram antigos políticos, que um dia foram poderosos, e mais tarde reduzidos à penúria, mulheres de alta situação anterior atiradas à mais dolorosa condição de miséria, como tem ocorrido em todas as épocas.

Isto porque a existência humana apresenta sinuosidades inesperadas e aqueles que hoje se encontram no poder, amanhã poderão ser jogados no charco e no abandono, da mesma forma que pessoas outras de alta postura econômica e social resvalam pelos abismos da decadência e da necessidade, tombando, anônimas, nos porões do sofrimento inenarrável.

A beneficência é a mãe generosa da promoção do ser humano, haurida nos ensinamentos de Jesus e vivenciada pelos Seus servidores ao longo destes dois mil anos, dedicando-se alguns à educação, outros aos cuidados médicos, mais outros à velhice abandonada, às crianças em orfandade e, por fim, grande número ao alimento, ao vestuário, ao medicamento, à solidariedade da palavra gentil e fraternal...

Nunca faltará na Terra após Jesus, o concurso da Sua bondade convidando os Seus discípulos ao ministério do amor em ação, da alegria em ajudar e promover o seu irmão, forma superior de promover a si mesmo.

Quando o Mestre se instala em um coração, o primeiro movimento desse indivíduo, agora esclarecido, é o de auxiliar o seu próximo, por entender que o significado existencial mais poderoso é amar, servindo sempre e sem cessar.

Os tratadistas do serviço social e os da promoção humana, em suas cátedras onde elaboram os planos de eficiência psicológica e de aplicação racional, provavelmente nunca desceram aos abismos da miséria em que mergulham os desvalidos para conviver com eles e compreender-lhes melhor as necessidades indescritíveis.

Se já ouviste o chamado de Jesus, não te olvides do irmão da retaguarda que te olha com expressão de profundo sofrimento, necessitando de tua bondade. Talvez esteja no lar, na posição de familiar rebelde ou maldoso, no local de trabalho como adversário soez, no grupo social como aflito-afligente ou simplesmente nas vascas da agonia e da miséria de qualquer natureza, esperando a tua quota de amor.

Lembra-te de servir e de ajudar, não te preocupando muito com as técnicas, mas agindo de imediato, isto porque a caridade quando é muito discutida, o socorro chega sempre atrasado.



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