Lições para a Felicidade
Versão para cópiaIMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO
"(...) Há um elemento, que se não costuma fazer pesar na balança e sem o qual a ciência económica não passa de simples teoria. Esse elemento é a educação, não a educação intelectual, mas a educação moral. (...) A desordem e a imprevidência são duas chagas que só uma educação bem entendida pode curar. (...) " (Comentários de Allan Kardec à resposta da questão 685-a.) A frágil criança que comove e desperta sentimentos nobres, convidando à carícia e ao enternecimento, é Espírito com formação ancestral rica de valores positivos e negativos a que a reencarnação faculta aprimoramento.
Atravessando os diferentes períodos do desenvolvimento mental e dos sentimentos que nela jazem, desvela, a pouco e pouco, as experiências anteriores que necessitam ser aprimoradas ou corrigidas conforme as tendências que apresenta.
Deixada a esmo, por não possuir o discernimento hábil em torno dos próprios conteúdos nem das possibilidades que se lhe encontram factíveis, segue a trilha dos hábitos perniciosos que lhe predominam em a natureza, tornando-se agressiva, aturdida, desconfiada e irresponsável. Os instintos, dos quais procedem as suas con quistas, ainda lhe sobrepujam na individualidade, prevalecendo as reações biológicas em vez das ações que resultam da razão e do equilíbrio.
Eis por que a educação exerce papel relevante na construção do caráter do cidadão, desde quando orientada a partir da infância, mediante a criação de hábitos formadores dos sentimentos e do caráter, que propiciam o saudável relacionamento social e o consequente crescimento moral espiritual.
Naturalmente a educação académica, convencional, abre portas para as atividades externas, propiciando os conhecimentos que equipam o ser para os enfrentamentos, para as conquistas da ciência e da tecnologia, para a adoção de doutrinas filosóficas e sociais, para o desenvolvimento das aptidões para a cultura, para a arte, para a crença religiosa... No entanto, é a educação moral que deve ser igualmente conferida, a fim de encarregar-se de desenvolver os sentimentos capazes de enfrentar e superar o egoísmo, a crueldade, a imprevidência, esses inimigos ferrenhos do progresso pessoal e coletivo da Humanidade.
A educação consegue modificar as estruturas negativas da personalidade, proporcionar campo para o crescimento dos impulsos morais edificantes, para guiar o pensamento no rumo dos deveres, oferecendo forças para que se expressem as aptidões nobres, que são herança divina jacente em todos os seres.
Pode-se perceber a importância da educação mesmo entre os animais irracionais; quando ao abandono, permanecem agressivos e destruidores, enquanto que, disciplinados e orientados, tornamse mansos, úteis e amigos das demais criaturas, da sua ou de outra espécie.
A educação integral, aquela que se apresenta nas áreas moral e intelectual, é a grande modeladora que tem por missão incutir hábitos saudáveis, roteiro de segurança, equilíbrio de comportamento e interesse pelas conquistas éticas que exornam o processo de evolução da Humanidade.
Quem não possui hábitos bons, tem-nos maus. Ninguém, porém, vive sem hábitos.
Animal gregário, o ser humano difere dos demais graças à razão, ao discernimento e às tendências para a beleza e a sublimação.
Pitágoras, o grande sábio grego, reconhecia o papel preponderante da educação, quando exclamou: - Eduquemos as crianças e não necessitaremos punir os homens.
A história da educação apresenta toda uma saga de experiências que surgem no oriente com a memorização dos textos dos livros sagrados, passando aos deveres domésticos, que cabia aos pais transmitir à prole.
Creta foi o Estado grego que logo percebeu a necessidade de cuidar dos jovens mediante a educação escolar, preparando-os para a cidadania, que significava desenvolver no aprendiz a consciência dos deveres para com a Pátria.
Atenas, por sua vez, orientava os seus jovens, após o dever exercido pelas mães e nutrizes, para o aprimoramento dos valores morais em favor da sociedade.
Roma deu prosseguimento à obra da educação conforme os padrões gregos, orientando crianças e jovens para a construção nobre dos grupos social e nacional.
Com Adriano, no entanto, o Estado romano assumiu a responsabilidade da educação orientada, quase sempre, para o conhecimento filosófico, estético, artístico, moral e de cidadania, em face do poder do Império espalhado pelo mundo, que necessitava de hábeis defensores.
A partir da Reforma, os Estados germânicos valorizaram sobremaneira a educação dos jovens, tomando obrigatória nas escolas públicas a alfabetização, a princípio na Saxônia, depois em Wúrtemberg, impondo o idioma nacional, ao invés do tradicional latim. Mediante a legislação de Weimar, em 1619, o ensino se tornou obrigatório para todas as crianças e adolescentes entre os
Surgiram, então, as reações da Contrarreforma, com os interesses religiosos em prevalência, a fim de preparar as mentes jovens para a manutenção dos seus postulados de fé, considerando os valores nobres da educação.
A seguir, alterou-se a paisagem da educação, graças a homens e a mulheres iluminados que apresentaram métodos mais eficazes para a formação da cultura e para o desenvolvimento moral dos educandos.
O educando, na infância, passou a merecer compreensão psicológica, sendo entendido como um ser em formação e jamais como um adulto em miniatura, criando-se os jardins de infância com Froebel, sendo ressuscitada a didática intuitiva sugerida por Comenius, agora baseada no conhecimento científico, passando a educação a ocupar papel preponderante nos Estados dignos e formadores de homens e de mulheres de bem.
Jesus, o Educador por excelência, permanece como o maior didata da Humanidade, por haver demonstrado ser a educação o mais seguro processo de desenvolvimento dos valores adormecidos na criatura.
Recusando o honroso título de bom, que Lhe foi conferido por um jovem que desejava segui-lO, elucidou que somente Deus é bom, mas que Ele era mestre, sim, porque toda a Sua trajetória constituía-se uma permanente lição de sabedoria, de amor e de saúde integral.
Jamais se exasperando, mesmo quando desafiado pela pertinácia e pusilanimidade dos Seus adversários, demonstrou que a ciência e a arte da educação são todo um processo de iluminação paciente e enriquecedor, que tem por meta essencial libertar o educando da ignorância por meio do conhecimento da verdade.
Afável e nobre, lecionou pelo exemplo, aplicando a metodologia compatível com o nível de entendimento e de consciência daqueles que O acompanharam.
Somente, portanto, pela educação moral, como esclarece Allan Kardec, será possível edificar o indivíduo saudável, responsável, capaz de edificar uma sociedade feliz.