Lições para a Felicidade
Versão para cópiaVIOLÊNCIA E PAZ
756. A sociedade dos homens de bem se verá algum dia expurgada dos seres malfazejos?
"A Humanidade progride. Esses homens, em quem o instinto do mal domina e que se acham deslocados entre pessoas de bem, desaparecerão gradualmente, como o mau grão se separa do bom, quando este é joeirado. Mas, desaparecerão para renascer sob outros invólucros (...) "
Entre os flagelos destruidores naturais que periodicamente assolam a sociedade, a violência se destaca em predominância, em face da sua ancestralidade no contexto antropossociopsicológico da criatura terrestre.
Os instintos remanescentes que lhe predominam em a natureza animal, constituem os fatores desencadeadores da agressividade e da crueldade, expressando-se em forma de violências de todo porte.
Conduta remota do ser primário que lutava pela posse e pela sobrevivência, em vez de superada, ainda se destaca na conduta terrestre em razão da ignorância e do mal que vicejam em toda parte. O ser humano é violento por constituição fisiopsicológica.
Ante o medo de ser agredido, toma-se agressor; buscando preservar a posse, arma-se de hostilidade; ansioso pelo alimento, pelo sexo e pelo repouso, faz-se reacionário. Não confiando nos demais indivíduos, que teme sem saber por que, busca apoio na força física e no ressentimento, a fim de preservar o que acredita pertencer-lhe ou se utiliza da agressão para tomar aquilo a que julga ter direito.
A violência quase sempre derrapa na crueldade, na insensibilidade em relação ao outro, à vítima que lhe tomba nas armadilhas covardes.
Não raro, o violento, após tomar o que deseja, descarrega a selvageria sobre aquele que lhe jaz impedido de reagir, maltratando-o, estuprando-o, violentando-lhe todos os valores da dignidade e da honra, quando não o mata de maneira hedionda, para dar vazão ao desequilíbrio que o vergasta.
Pior do que os flagelos naturais destruidores, calamitosos, embora necessários, a violência humana é barbárie cruel, que assusta e induz a atitudes igualmente perversas, como mecanismo de defesa ou de justificação para os crimes vergonhosos que lhe são consequência natural.
O homem violento é pior do que o animal selvagem, porque, enquanto este age por instinto, o ser humano se utiliza dos mecanismos da mente para tornar o seu ato mais ominoso e ensandecido.
Em razão dos conflitos emocionais que o aturdem, a sua é uma razão obscurecida pelo ódio, resultante, às vezes, de fatores psicossociais, socioeconómicos e sobretudo de ordem moral, bem típicos do estágio primário de evolução em que se encontra o Espírito.
Deslocado na sociedade, onde se encontra, temna como adversária. Invejoso da situação dos demais membros do grupo, que detesta, sem saber das razões que o dominam, considera-os inimigos em situação de iminente agressão, tomando-lhes a dianteira. E, em não poucas vezes, enlouquecido, diverte-se à custa daqueles que se atemorizam com o terror que lhes impõe. A violência é um horrendo estágio do processo da evolução.
A pessoa violenta é vítima de si mesma, cultivando transtornos emocionais e orgânicos que a vergastam incessantemente.
No estágio atual do planeta, a ocorrência dessa calamidade é compreensível, tendo-se em vista a tarefa que lhe cabe na educação dos seus habitantes.
Lentamente a violência cederá lugar à paz, quando, cansado do sofrimento que causa, o portador desse desequilíbrio, acoimado pela necessidade de mudança, dará início ao desenvolvimento do potencial de amor que dorme no seu mundo íntimo.
Entendendo que a força brutal não resolverá os problemas que o atormentam, passará a recorrer à paciência e à resignação ante as circunstâncias aziagas que o afligem, mudando de comportamento mental e, portanto, de atitude perante o seu próximo, a si mesmo e a vida.
Estando o planeta recebendo multidões de Espíritos primitivos que se encontravam retidos em regiões inferiores da Erraticidade, de modo que não prejudicassem o fenómeno do progresso, da cultura, da ciência e da tecnologia, agora têm a sua grande chance, ao mesmo tempo convocando à ação de benemerência para com eles, os mais adiantados que lhes experimentam a agudeza da perturbação.
Sem dar-se conta, estão trabalhando pelo progresso do próximo, pois que, dessa forma, o mesmo se sentirá convidado a servir e a amar aqueles que se tornam difíceis de ser afeiçoados, em face da agressividade de que são portadores.
Como é incessante a misericórdia de Deus, ao abandonarem o corpo e retornarem à vida espiritual, experimentarão o corretivo que a si mesmos se impõem pelos atos, renascendo para novos cometimentos sob injunções diferentes, nas quais a fraternidade os convocará à reparação e ao crescimento moral.
A paz, iniludivelmente, se apossará do planeta terrestre, e os seus habitantes fruirão de felicidade.
As transitórias aflições que atingem as vidas que se esfacelam na agitação da perversidade, cederão lugar à compreensão e ao bem que se instalarão por definitivo no orbe terrestre.
Esse estado interior de violência pessoal, que se expressa no somatório de mil outras, transformando-se em guerras horrendas e perversas, deve ceder lugar à pacificação que cada qual desenvolverá mediante o trabalho de construção do bem em si mesmo e da solidariedade em torno dos passos.
A violência das ruas, que alcança as Nações, tem início no desconcerto moral do indivíduo que, tocado pelas blandícias do amor, se modificará, embora a contributo do sofrimento, para que reine a harmonia em toda parte.
Se cada um, em particular, cuidar de transformar-se para melhor, envidando esforços para que a sua seja a contribuição do grão de trigo na gleba generosa, a violência baterá em retirada, tomando-se figura de museu que as futuras gerações contemplarão, a fim de entenderem como era o estágio passado de evolução em que se demoraram os seres superintelectualizados e pobremente moralizados.