No turbilhão dos sentimentos desordenados e no galopar semfreio das paixões na atualidade, faz muita falta a afabilidade.

À medida que a criatura se distancia dos compromissos morais elevados, a benevolência para como próximo diminui, sendo substituída pela aspereza no trato e pela indiferença em relação aos valores éticos.

Como consequência, uma frieza emocional toma corpo nos seres humanos, escasseando as expressões de solidariedade e de amor nos corações.

Os impulsos primitivos empredomínio conturbam a razão, colocando os ideais em plano secundário com predominância da violência e do egoísmo.

A afabilidade é conquista do coração, que envolve o homem emhalo de paz, auxiliando-o a exteriorizar as superiores manifestações do Bem, que pode alterar as paisagens morais da Terra.

Quando escasseiam essas manifestações de envolvimento afável, aumentam a hediondez e o crime, que convulsionam as mentes e aterrorizam as emoções.

A afabilidade trabalha emfavor da harmonia e sempre se manifesta envolvente, confortadora.

Não nos referimos a essa exteriorização artificial e melíflua, usada para impressionar, portadora de objetivos inconfessáveis.

A máscara, que se coloca na face para disfarçar a realidade brutalizada da criatura primária, nunca poderá produzir as inefáveis irradiações da afabilidade real.

Constituída pelos elementos sutis da ternura e da compreensão das necessidades do próximo, expressa-se solidária e envolvente em todas as circunstâncias, semaguardar recompensa, não objetivando receber outra, que não seja a resposta do bem-estar daquele a quem é oferecida.

A afabilidade é como a luz suave e purificadora que se anuncia sem alarde e predomina semostentação.

Nas vidas dos homens e mulheres abnegados, que viveram e ensinaram o amor e a sabedoria a outras criaturas, a afabilidade caracterizou-lhes sempre o ministério.

Francisco de Sales e Einstein, Vicente de Paulo e Alfred Muset, Teresa d’Ávila e Maria Curie, Albert Schweitzer e Pasteur sempre se mantiveram afáveis nas atividades a que se entregaram, nas diferentes áreas em que se movimentaram.

A santificação e a glória da pesquisa científica, a aquisição artística e a ético-filosófica sempre exigem a afabilidade no trato, a doçura do sentimento, a perseverança no ideal, a fim de ser conseguida.

A afabilidade nasce na manifestação inicial do amor e cresce na sua experiênciação ao largo da existência.

Quanto mais se exercita, tanto mais se enriquece, nunca diminuindo, quando mais se oferece.

Um ser afável é um coração feliz.

Não reajas ante a arbitrariedade, contaminando-te com a ira e rebelando-te, assimtornando-te igualmente violento.

Devolve com afabilidade as agressões recebidas.

A força da não violência é energia que supera qualquer outra, modificando as estruturas íntimas de quem desencadeia a fúria.

Jesus, em todas as circunstâncias manteve-se benevolente, mesmo quando agredido, perseguido e traído.

Algumas vezes, não obstante convidado a agir com vigor, manteve a afabilidade, nunca descendo ao nível dos que se Lhe apresentaram como adversários.

Assim, tenta manter-te afável sempre, embora não sejas compreendido nem aceito de princípio.

A afabilidade real sempre termina por predominar. Não o duvides.