No Rumo da Felicidade

Versão para cópia
CAPÍTULO 33

FINADOS

A morte, não obstante as valiosas conquistas do pensamento contemporâneo, continua ceifando esperanças e alegrias, ao tempo emque semeia angústia e dor.

Multimilenário ponto de interrogação a respeito do destino dos seres que arrebata do corpo, prossegue incompreendida, detestada por aqueles que da existência somente aos gozos aspiram, sendo anelada pelas pessoas que sofrem e não dispõemda resignação nem do equilíbrio para enfrentar as vicissitudes naturais do processo evolutivo.

Desse modo, indiferente a tudo, penetra nos lares abastados e nas choças miseráveis, dali retirando os seres, demonstrando a transitoriedade do carro orgânico, sem que, apesar disso, muitos homens e mulheres se resolvam por adotar uma conduta compatível coma sua destinação espiritual.

Através de mecanismos mentais de alta habilidade, erigemse escolas de conceituação materialista, em vãs tentativas de reduzir o ser real ao amontoado de moléculas que se transformam, resultando em novos corpos e elementos outros diferenciados.

Esse recurso de negação só objetiva liberá-los das responsabilidades morais, dos compromissos de reparação dos erros, embora não possam fugir de si mesmos nem da expiação a que são conduzidos pela Vida.

Curiosamente, mesmo entre os espiritualistas de algumas doutrinas religiosas, traindo o conceito hedonista que neles jaz de maneira inconsciente, denominam os que desencarnaram como finados, qual se lhes houvesse ocorrido a desintegração, o aniquilamento.

A morte não consegue destruir a vida, essa é a verdade.

Há, em tudo e todos, o hálito divino que organiza a forma e a sustenta.

Quando ocorre o fenômeno da morte física, o Espírito se liberta e volve à realidade de onde procede.

Vive de tal maneira que possas desencarnar a qualquer instante, sem aflição nem desequilíbrio.

A existência física, por mais longa, é sempre breve na ampulheta do tempo.

Cada momento que utilizas do corpo, é período que mais te aproxima da desencarnação.

Não fosse assim e o significado existencial desapareceria.

Sendo impossível à matéria emconstante transformação a indestrutibilidade, o seu é umtempo limitado na forma como se apresenta. Construída pelo Espírito que a equipa dos elementos necessários ao aprimoramento, gasta-se, à medida que funciona, alterando-se na razão direta em que se desenvolve.

Aprende a utilizá-la, consciente da sua fragilidade e da função para a qual foi elaborada, pensando em abandoná-la no momento próprio com carinho e gratidão.

Ampara-a, a fim de que te seja útil e duradoura, certo, no entanto, que a deixarás, seguindo adiante...


* * *

Ninguém fina, desintegra-se, como se iludem os negadores.

A vida estua além do túmulo.

Os teus mortos prosseguem, apesar de invisíveis aos teus olhos.

Se fizeres, porém, um grande silêncio, em prece, lograrás percebê-los e ouvi-los.

Envolve-os sempre nas memórias queridas, nas vibrações de carinho e eles se beneficiarão com as tuas mensagens.

Estando felizes, eles te ajudarão, apoiando-te nos projetos nobres e amparando-te nas horas difíceis.

Ama-os sempre, recordandoos nas tuas orações, que lhes fazemmuito bem.

Prepara-te, no entanto, para a própria desencarnação, de que não te poderás furtar.

... E no dia de finados, ao recordá-los, reparte dos teus sentimentos algumas parcelas de amor, distribuindo-as com os sofredores do mundo emhomenagem a eles, ao invés de lhes ofereceres os mimos habituais da vaidade, que os não alcançam mais.


Por fim, recorda-te que, emvisita ao túmulo do seu querido Mestre, por encontrá-lo vazio, Maria de Magdala, surpresa e temerosa, saindo do recinto emsombras, reviu-O nimbado de claridades sublimes, chamando-a suavemente:

—Maria! Sou eu!



Este texto está incorreto?