Lampadário Espírita

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CAPÍTULO 34

Bem e mal sofrer

Afasta a nuvem cinzenta do pessimismo e da queixa, enquanto a dor se demora contigo, concedendo ao sol da esperança a oportunidade de fulgir ante os teus olhos acostumados às sombras das recriminações.

Enquanto não te disponhas ao combate contra a autopiedade e a autoflagelação por morbidez, ninguém poderá fazer nada por ti.

Observa o voo ligeiro da ave colorida, o desabrochar de uma flor, a vitória da germinação de uma semente, o canto de delicado filete d’água na frincha da rocha, o triunfo da árvore, o milagre do pão, o deslumbramento do nascente, o ritmo da vida nos insetos, nos animais, em toda parte, e encontrarás as mãos divinas agindo, produzindo, zelando...

A inteligência e o dom do raciocínio não te foram concedidos através das múltiplas etapas da evolução para que somente reclames, amaldiçoes, azorragues...

Não lances invectivas contra isto ou aquilo, antes faze algo para corrigir seja o que for que não esteja certo. Se o dever que reclamas nos outros se corporificasse em teus atos, outros possívelmente aprenderiam contigo otimismo e ação, produzindo para melhorar todas as coisas que podem e devem ser melhoradas.

Quando te entregas ao desânimo e o espalhas, conspiras contra a ordem natural, o equilíbrio e o progresso da vida. É pernicioso mal sofrer, malbaratando a oportunidade de aproveitar bem a lição do sofrimento.

Procuras sofismar quanto ao bem e ao mal, tentando fugir á responsabilidade.

O bem é tudo quanto estimula a vida, produz para a vida, respeita e dignifica a vida.

O mal é toda ação mental, física ou moral que atinge a vida perturbando-a, ferindo-a, matando-a.

Se cultivas os cogumelos do pessimismo, respiras, evidentemente, em clima de sombras morais e umidade psíquica asfixiante.

Inadvertidamente enfermas e por irresponsabilidade laboras e colaboras no mal.


* * *

Tens nos olhos duas estrelas engastadas no céu da face. Põe-nos a derramar a claridade da visão feliz pela senda por onde segues, apesar de estares sofrendo.

Utiliza as mãos no algo produzir, embora sob acúleos de dores.

Ouve em derredor! Há mutilados esperando tuas mãos e teus pés, cegos do corpo e cegos da razão, necessitados dos teus olhos e da claridade do teu discernimento, mais sofredores do que tu próprio.

Acalma o vozerio agitado da tua mente alvoroçada pela revolta, ou desperta-a, adormentada que se encontre nos tecidos da comodidade, da preguiça ou do cansaço de sofrer, e escutarás, sim, mil vozes, algumas tão debilitadas pela fraqueza que será mister um grande esforço para identificá-las, chorando e rogando socorro baixinho às fortunas que possuis no corpo e no espírito e teimas por desperdiçar, ignorando-as.

Não te revoltes no crisol das dores, mesmo que sejam dores reais. A dor chega para que o espírito triunfe sobre ela, ao invés de ser por ela esmagado.

Mas se tuas legítimas aflições forem muito grandes e esmagadoras, evoca Jesus, quando na via dolorosa, esmagado sob a cruz, e no entanto aconselhando e advertindo as "mulheres piedosas de Jerusalém", ou cravejado, logo depois, no madeiro de infâmia, convocando dois estranhos e desafortunados salteadores, neles semeando as esperanças do Reino de Deus, instantes antes do "momento extremo", e refaze as tuas forças, reconsidera a situação, recompõe os "joelhos desconjuntados" e avança, confiante, cantando a certeza de que, após a partida libertadora, uma madrugada sublime te alcançará, fazendo-te ditoso por fim, vitorioso com o bem.

NOTA — Tema para estudo: L. E. — Parte 3a — Cap. I — O bem e o mal.

Leitura complementar: E. — Cap. V — Instruções dos Espíritos: Bem e mal sofrer. — Item 18.



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