Roteiro de Libertação
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OBSESSÃO DESAFIO DO MOMENTO
Sem qualquer desconsideração pelas conclusões das ciências especializadas a respeito, cumpre aos estudiosos dos problemas mentais aceitar o desafio das circunstâncias e apurar melhores observações, sem ideias preconcebidas, nos admiráveis contributos oferecidos pelas doutrinas parapsicológica e espírita, numa tentativa de detectar as reais psico patogêneses das referidas distonias.
Nenhum investigador sensato, que se haja dedicado à penetração do labirinto das reações mentais do homem, que negue a intercorrência de fenômenos que escapam à classificação de Kraepelin, no passado, e dos modernos psiquiatras, neurologistas e psicólogos da atualidade.
O campo vasto a joeirar não é acessível aos simplistas, nem aos apaixonados aprioristicamente.
Com a constatação, em experiências científicas incontestáveis, da telepatia, da pré e da retrocognição, da psicocinesia, expressivos resultados podem ser colhidos na aplicação desses fatos, quando da anamnese da terapêutica dos enfermos mentais.
A paranormalidade desbravou as terras desconhecidas do inconsciente freudiano e adentrou-se pelo superconsciente, ensejando mais ampla compreensão desse ignoto mundo da mente. Extrapolou os limites de tempo e de espaço, facultando dados inimagináveis para a saúde mental e para o comportamento psicossocial do homem.
No capítulo da paranormalidade humana, as excelentes percepções mediúnicas demonstraram a supervivência da mente à morte física, afirmando ser o Espírito e não o cérebro o agente do pensamento.
A individualidade e a personalidade, que pareciam condenadas ao aniquilamento com a dissociação e transformação celular, no estado de cadaverização orgânica, transpuseram os limites do túmulo, volvendo à vida com perfeita identidade de valores e caracteres.
Em consequência, a telepatia entre os chamados mortos e os vivos fez-se natural, probante da sua realidade num intercâmbio tranquilo e corriqueiro quanto à produzida entre os homens, consciente ou inconscientemente.
Da espontânea transmissão mental de ideias e aspirações, o fenômeno produziu efeitos não esperados na área da atividade mental.
A incidência de um agente em larga escala telepática produziu, no sujet ou médium, no caso, uma dependência psicológica — como ocorre em determinados comportamentos psicoterapêuticos com alienados e histéricos — que pode ser analisada quanto aos resultados salutares ou perniciosos, conforme a procedência moral e o estado emocional do indutor espiritual.
Nada mais lógico: o efeito retratando a qualidade e a constituição da causa...
A obsessão tornou-se a decorrência normal desse intercâmbio psíquico, por pulularem, no mundo extrafísico, mais agentes distônicos — pelas frustrações, desequilíbrios morais e emocionais, que se permitiram quando no corpo somático — do que portadores de harmonia, de virtudes, como é comum entre os próprios homens. Como esses indutores são os homens mesmos desvestidos da matéria, não há por que nos surpreendermos ante o acontecimento.
Negar-se, porém, o fato, pura e simplesmente, sem exame meticuloso, além de constituir uma atitude radical de intolerância e de preconceito, é uma reação anticientífica, portanto, incompatível com as conclusões a que chegaram os Órgãos 1nternacionais, que se ocupam da Saúde Mental.
Há sensitivos e paranormais em toda parte, senão a própria generalidade das criaturas que são as portadoras dessas faculdades parapsíquicas.
São comuns as obsessões psiquiátricas entre os homens, graças às compulsões afetivas do amor e do ódio, da simpatia e da antipatia, da inveja, do ciúme...
Sucedem, a cada passo, predomínios mentais entre personalidades fortes sobre pessoas mais fracas, estabelecendo lamentáveis processos de alienação.
Intercambiam, de mente a mente e com reciprocidade, as ondas e vibrações que instalam distúrbios ou geram estímulos edificantes, por ser o homem um organismo de complexidade eletrônica sob o governo da consciência que independe dele.
Cessada a ação orgânica, liberam-se as forças psíquicas e prossegue o quadro de intercomunicação, de constrição, de obsessão...
É óbvio que não generalizamos, na obsessão, toda a patologia das enfermidades mentais. No entanto, desejamos insistir que a obsessão tem um vasto campo de ação perniciosa, alienante, na personalidade humana.
Em todo e qualquer processo de loucura, neurose, psicose ou similar, o próprio Espírito é um enfermo, imprimindo, na organização psicofísica de que se utiliza, as destinos que lhe procedem de outras vidas.
Tais distonias, fixadas no Espírito pelo mecanismo da reencarnação, lesam os centros cerebrais, produzem disritmias, dão origem a focos, geram distúrbios perfeitamente estudados pela psiquiatria, pela neurologia, pela psicologia...
Graças aos títulos de merecimento de cada Espírito este renasce em clima de segurança ou desequilíbrio familial, sob injunção perturbadora ou não da libido, portando fobias e recalques, traumas e complexos que, não obstante possam surgir na vida fetal e infantil, não raro ressumam do seu inconsciente espiritual como mecanismo punitivo, para corrigir-se dos desvios morais que se facultou durante a vida anterior...
A reencarnação é, desse modo, um fator causal de alienações que merece, igualmente, aprofundada investigação, estando, ainda, quase virgem no seu contexto psiquiátrico, desafiador.
O homem - Espírito é o construtor de si mesmo, da sua vida, legatário das suas ações, que estabelecem as necessidades evolutivas conforme as realizações a que se aplique.
Afastar essa hipótese sem um cuidadoso estudo, apenas por parecer absurda, embora a eclosão e confirmação dos fatos em toda parte, é um risco muito grave, pela razão de relegar-se a própria compreensão do homem e da vida na sua profundidade e valor ao descaso, ao desinteresse.
A ciência mesma tem demonstrado que tudo quanto parece impossível ou improvável numa época faz-se realidade insofismável noutra.
A alienação por fator obsessivo é muito mais genérica do que se pensa, aguardando que parapsicólogos, psiquiatras, psicólogos, neurologistas e analistas unam-se aos espiritistas em estudos, debates honestos e francos, objetivando-se libertar a criatura humana de mais um dos seus flagelos: a obsessão.
CARNEIRO DE CAMPOS
Milão, Itália, 13/09/80
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