Sementeira da Fraternidade

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CAPÍTULO 57

A CRUZ

Parte 1
Antes de Jesus Cristo, a cruz era o instrumento de punição ao crime e ao banditismo, constituindo-se o supremo castigo. Ladrões de estradas, homicidas crueis, escravos de guerra, vítimas da intriga política, malfeitores de toda ordem experimentaram-lhe o suplício, resgatando com a vida os débitos da insânia.

 

O crucificado representava o trânsfuga da Lei punido pela Justiça, credor de escárnio e desprezo social.

 

Com Jesus, o réu sem crime, o instrumento infamante adornou-se de esperança e alento para toda Humanidade.

 

Não foi a cruz que honrou o Filho do Homem.

 

Foi o Cristo-Homem a nobilitar a Cruz.

 

Espada cravada na madre da Terra, simbolizou a Justiça, nem sempre reta e nobre.

 

Lenho saído do solo, rasgado em braços abertos, representou a ascensão difícil apontando o Céu.

 

Quantos lhe sofriam o jugo, desciam com a morte ao sepulcro de cinza, lama e pó.

 

Ele, entretanto, arrebentou as cadeias da morte e ressurgiu na vida triunfante alçando-se à Imortalidade.

 

Cruz e Cristo.

 

Antes fugia-se da Cruz, por significar maldição.

 

Depois busca-se a Cruz, por expressar glorificação.

 

A Cruz do Cristo, erguida à majestade da Sua vítima, é a esperança que liberta da morte e abre as portas da vida Eterna.

 

Há, todavia, duas cruzes: a do Mundo e a do Gólgota.

 

A cruz do mundo esmaga, embora se carregue sem a sentir. A cruz do Gólgota salva, apesar de conduzir cansaço e dor.

 

A primeira se apresenta leve, de início, e atira ao solo depois... A segunda, inicialmente pesada, torna-se, por fim, um leve fardo. Uma é cheia de atração, convida, recebe e mata... Outra é despida de artifício, sempre nua, mas oferece a vida.

 

A cruz do mundo engana com o seu lenho perfumado e seiva deliciosa, porquanto intoxica e aprisiona, envenenando depois.

 

A cru? do Gólgota é áspera, trescala os odores desagradáveis das enfermidades e aflições, mas, subitamente, toda se enflora e rescende o aroma do júbilo e da felicidade.

 

Todos carregam a cruz do mundo sem que se apercebam.

 

Quantos, entretanto, carregam a cruz do Gólgota, conhecem-lhe o valor.

 

Uma é feita de mentiras e revoltas. Outra é construída de santos anseios e resignação.

 

Uma passa e deixa amargura. Outra fica e defende de aflição.

 

* * *

 

Quando as agonias superlativas nos fustigarem a alma, paremos e examinemos a Cruz que segue conosco, porquanto, se uma é porta de liberdade, apesar de estreita — a do Gólgota —, a outra é passagem para a prisão, embora larga — a do mundo.

 

— "Tome a sua Cruz e siga-me" — disse o Mestre.

 

Conduzamos a Cruz —, ei-Lo aguardando.

 

Djalma Montenegro de Farias

 


Djalma Montenegro de Farias
Divaldo Pereira Franco

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Mateus 16:24

Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me;

mt 16:24
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