Trigo de Deus

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CAPÍTULO 13

A CONSCIÊNCIA DE CULPA

A noite esplendente estava ajaezada de diamantes estelares, que lucilavam ao longe em poema de incomparável harmonia.

Jesus huscara o Monte das Oliveiras para meditar, preparando-se para enfrentar a urdidura traiçoeira da habilidade farisaica.

Fie conhecia a criatura humana e suas infinitas fraquezas.

Ao dedicar-se à iluminação das consciências humanas, sabia que os largos milênios de ignorância não podiam ser erradicados em um momento, ao impacto das emoções apressadas.

Qjiornem quando avança no vício, por largos anos, se desejaabandoná-lo, a trilha exige-lhe período quase equivalente para a desintoxicação, a liberação dele.

Desse modo, o diálogo com as criaturas astutas, era-Lhe penoso, em razão de defrontar enfermos morais gíãvesTdísTarçados em apóstolos da saúde, criminosos de consciências ultrajadas, apresentando-se como fiéis servidores da ordem, do bem e da justiça.

Quando ainda sopravam os ventos frios do amanhecer, Ele descera à cidade de Jerusalém e demandara o Templo. (Nota
1) A Sua fama antecedia-0 em toda parte.

As multidões ávidas seguiam-nO ou antecipavam-nO, onde quer que se apresentasse.

Aproximavam-se já os dias das Suas grandes dores, e o fermento da intriga aumentava o volume das hostilidades contra Ele.

Buscavam, os Seus inimigos gratuitos, esses permanentes adversários do progresso, motivos para O incriminar, ajustando a inveja e as acusações vis, aos hediondos programas arquitetados contra o Seu amor.

Os homens pequenos, os pigmeus, odeiam os gigantes. Incapazes de os enfrentar, usam da artimanha e da fraude, da mentira e da pusilanimidade, para atingir as metas que perseguem.

O Templo regurgitava. Era o orgulho da raça, e a presença do Nazareno provocava especial interesse na curiosidade geral.

Após comentar o texto aberto livremente ao público, Ele saiu ao átrio, e ali, sob os raios dourados do Astro-rei, prosseguiu entretecendo comentários sobre a Lei, como se aguardasse um acontecimento grave.

Subitamente, o alarido interrompeu-Lhe a alocução, e os fariseus astuciosos, atirando uma mulher desprotegida ao chão, no círculo natural de curiosos, deram início às acusações da torpeza humana.

A pobre havia sido flagrada em adultério vil e merecia a lapidação. Porque Ele pregava o amor, qual a atitude que se deveria tomar?

Tal era a interrogação geral, hábil e perversa.

Narra João, que o olha£ misericordioso do Mestre penetrou-lhe a alma ferida e, por sua vez, propôs que ela fosse apedrejada por aqueles que estivessem isentos de pecados.

Como resultado, todos se foram, inveterados pecadores que eram, ficando a ovelha tresmalhada e o Seu pastor abnegado.

Porque ninguém a punira, também Ele a dispensou, propondo-lhe que não retornasse ao erro, essa geratriz de tantos martírios.


* * *

O adultério era e prossegue na condição de grave crime, passível, à época, de punição severa até a morte da ré, por apedrejamento.

Condenava-se a mulher fragilizada pelo erro, sem examinar-se, a responsabilidade do cônjuge ou a culpa daquele que delinquira e a levara ao deslize.


Á pobre criatura, a partir daquele instante, deu rumo novo à existência, após ouvir o Mestre generoso, no silêncio daquele dia, quando asr sombras dã noite se abateram sobre a Terra. (Nota
2) Oj

>arceiro infeliz, porém, não foi levado à praça do julgamento, da condenação, aquele revel que a derrubara jio abismo.

Os conceitos arbitrários de justiça humana eximiram-no da humilhação, e, pervertido, ele prosseguiu nos hábitos infelizes de torpes conquistas.

O gavião voraz salta de uma para outra vítima indefensa, deixando-as, insaciado, ao abandono, destroçadas...

Tornara-se, desse modo, um herói entre os amigos venais, que lhe exaltaram a virilidade, a capacidade de sedução.

Passados os breves dias de recordação do infausto acontecimento, continuou no curso danoso da sensualidade alucinada.

Os anos, porém, transcorreram rápidos para a sua licenciosidade.

Havendo destruído um lar e despedaçado os sentimentos atingidos, esqueceu a dimensão do próprio crime, sem conscientizar-se dele.

A culpa, no entanto, urde, nas telas do infinito, os meios de reparação, e ninguém foge de si mesmo.

Dez anos transcorridos da cena dolorosa, na praça do Templo, o antigo sedutor encontrava-se vencido por dermatoses sifilííicãs que o retiraram do "Livro dos 5ivos", sendo, por fim, expulso da cidade sob suspeição de lepra...

Após vagar sem rumo, alquebrado quão infeliz, passou a recordar-se das suas vítimas, quando, quase desfalecente, foi recolhido na Casa do Caminho, na est rada de Jope.

Ali recebeu das mãos caridosas de Simão Pedro o tratamento adequado e o apoio moral para a exulceração íntima.


Ouvindo falar de Jesus, não pôde fugir ao fascínio do Mestre e o pranto de arrependimento tomou-o com frequ

̈ência.

Numa noite, quando se sentia reanimado, ante a paciência e gentileza do ex-pescador, narrou-lhe o drama íntimo com imensa dor na alma, agora que pensava de forma diferente.

Pedro recordou-se da cena imorredoura e comoveu-se também.

A saudade de Jesus volveu-lhe aos sentimentos, e, após escutar a confissão do culpado desconhecido, buscou diminuir-lhe o peso do fardo moral, falando-lhe do futuro e das possibilidades de redenção.

Referiu-se à Sua negação, ele que amava o Amigo, e, não obstante, ali estava em reabilitação...

PedindcLpara ser admitido como servidor arrependido, o antigo conquistador, que deixara pegadas de sombras pelo caminho, recomeçou a redenção atendendo os 3:11. (Nota da Autora espiritual) (Nota
2) Vide "Encontro de reparação", no livro Pelos Caminhos de Jesus, Editora Alvorada. (Nota da Autora espiritual)



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Marcos 5:27

Ouvindo falar de Jesus, veio por detrás, entre a multidão, e tocou no seu vestido.

mc 5:27
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