Trigo de Deus

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CAPÍTULO 16

A AUTORIDADE DE JESUS

A Galileia era, então, região de temperatura amena, em razão das águas do seu lago ou mar.

As cidades, incrustadas quase às suas margens, pareciam pérolas engastadas entre tufos de tamareiras, laranjais, oliveiras, latadas em flor...

Tiberíades, Cafarnaum, Magdala, Cesareia de Filipe, Betsaida, algumas’ dessas cidades, desfrutavam de notoriedade e ergúiam-se com certa majestade, ostentando ruas pavimentadas entre palácios e mansões elegantes, luxuosas, que denotavam poder e ociosidade.


O mar coalhava-se de barcos, pela manhã e à tarde, colorindo-se com velas enfunadas aos ventos, quais manchas diversificadas sobre o dorso das águas tranqu

̈ilas.

Pela situação geográfica, a quase duzentos e vinte metros abaixo do nível do Mediterrâneo, aquele mar era subitamente sacudido por tempestades violentas, que o vergastavam, ameaçadoramente.

Piscoso, contribuía para a manutenção da vida em suas praias e cercanias.

No lado oposto a Cafarnaum, Decápolis ou dez cidades gregas, algumas em decadência e quase abandonadas, atraíam a atenção dos galileus humildes.

Era uma região relativamente pobre, de pouca erudição, com uma Sinagoga, em Cafarnaum, e, os que ali nasciam e viviam, eram desdenhados pelos oriundos da Judeia, orgulhosa e fria.

Certamente ingênuos, e até mesmo supersticiosos, sem maior tirocínio sobre a Tora e as demais Leis de Israel, os galileus criam e amavam, sem muita exigência ou qualquer dificuldade.

Respeitavam os códigos estabelecidos, e o povo, em geral, vivia com dignidade, singeleza.


* * *

Jesus amava a Galileia e os seus filhos.

Afirmava, em Cafarnaum, que aquele era "o Seu povo".

Ali exerceu o Seu ministério em clima de doação total e ternura.

A paisagem, rica de beleza e cor, as criaturas, sem atavios e sinceras, trabalhadoras e destituídas das ambições aviltadoras tocavam-Lhe os sentimentos sublimes.

Por isso, ao convocar o Colégio, reuniu onze discípulos galileus e apenas um da Judeia, Judas, de Kerioth, aquele que O trairia.

A mente, astuta e perquiridora, inquieta e desconfiada, desarmoniza o sentimento, que se torna suspeitoso, levando à perturbação e insegurança.

Entre os discípulos, Judas se destacava, por não lograr entrosamento emocional nem comportamental com aqueles filhos da terra, como, às vezes, eram ironicamente tratados.

A presença dEle dava-lhes dignidade, erguia-os do anonimato e da pequenez para as cumeadas de um futuro inimaginável, irisado de bênçãos.

Seu verbo, rico de sabedoria, arrancava do cotidiano lições de ímpar significado, emulando-os à conquista de valores antes desconsiderados, que os tornariam eleitos.

De Suas mãos escorriam energias que recuperavam os corpos e as mentes em desalinho, e os prodígios que operava produziram impactos profundos nas massas, que se viam atraídas, seguindo-0 em número crescente.

A verdadeira autoridade é a do ser em si mesmo, que vem de Deus.

Não se utiliza da violência, não se impõe.

Irradia-se e todos a sentem.

Respeita-se, desconhecendo-se as razões.

Portadora de estranha quão peculiar força, predomina e convence.

Faz-se mais complexa diante dos Espíritos perturbadores, dos seres aturdidos, imundos moralmente, que a ninguém respeitam. Na sua hediondez agridem e agridem-se, violentos. Blasfemam e estertoram sem equilíbrio. Fúrias estimuladas pela perversidade, enfrentam quantos se lhes antepõem ao avanço torpe.

A autoridade de Jesus transcendia ao conhecido.

Sempre testada, jamais foi ultrapassada.

Exteriorizava-se ante a simples presença dEle, de Sua voz, de Sua vontade soberana, de Seu amor...

Várias vezes vemos Jesus diante dos Espíritos obsessores, desafiado pela alucinação e perversidade.

A Sua é sempre a atitude do Terapeuta amoroso, que não se agasta, nem reage, socorrendo sempre.


Narra Marcos

* que, em Cafarnaum, no início do Seu ministério, entrando Ele, na sinagoga, ali estava um homem, com um Espírito impuro, que começou a gritar: — "Que tens que ver conosco, Jesus de Nazaré? Vieste para nos perder? Sei quem Tu és: O Santo de Deus!".

A estupefação fez-se geral. Os Espíritos conheciam-nO, sabiam da sua procedência e tarefa.

Patenteava-se a realidade do mundo causai, espiritual, de onde todos procedemos.

Percebendo-lhe a astúcia, Jesus repreende-o, dizendo-lhe: — "Cala-te e sai desse homem. " Não havia outra alternativa. Nenhuma discussão inútil, nenhuma perda de tempo.

Com poucas palavras e autoridade, encerrava o acontecimento.

Surpreendido, o Espírito imundo depois de sacudir (a vítima) com força, dando um grito saiu, desligou-se.

Os presentes, espantados, perguntaram-se, uns aos outros: — "Que é isto? Eis uma nova doutrina e feita com tal autoridade que até manda nos Espíritos imundos, e eles obedecem-Lhe!"

— E a sua fama — concluiu o evangelista — espalhou-se por toda a província da Galileia.

Era a Doutrina nova do amor que chegava à Terra, com tons de ternura e libertação.


Logo mais, prossegue Marcos —

* ao cair da tarde, quando o Sol se pôs, trouxeram-Lhe todos os enfermos e possessos, e a cidade inteira estava reunida junto à porta. Curou muitos enfermos atormentados por diversos males e expulsou muitos demônios; mas não deixava falar os demônios porque sabiam quem Ele era.

A notícia deve ser apresentada no momento próprio.

As pessoas necessitam ver para crer. Primeiro os atos, depois as palavras.

Não havia, nem há necessidade de pressa.

Há um ciclo para que tudo aconteça.

A precipitação põe a perder os melhores projetos humanos.

É sabedoria saber esperar. (Nota) Jesus era sábio.

Não curou todos enfermos, naquele entardecer, nem deveria fazê-lo.

Há leis que regem o mérito e o demérito de cada pessoa, de cada paciente. São as de causa e efeito, que Ele jamais violaria.

Para muitos enfermos, a mais útil terapia seria, e ainda é hoje, a continuação da enfermidade, que lhes evita problemas mais graves, danos maiores.

Tampouco afastou todos os Espíritos de suas vítimas.

Há injunções que elucidam as obsessões e respondem pelos seus oportunos mecanismos, que constituem necessidade de reparação emocional na economia espiritual da Vida.

Jesus conhecia as causas profundas de tais alienações e era parcimonioso, justo.

A autoridade de Jesus permanece na memória dos tempos e dos povos.

A região da Galileia recorda-0 diante do seu mar piscos 32:34 (Nota da Autora espiritual) (Nota) Marcos 23:28 (Nota da Autora espiritual)



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Marcos 1:23

E estava na sinagoga deles um homem com um espírito imundo, o qual exclamou, dizendo:

mc 1:23
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Marcos 1:24

Ah! que temos contigo, Jesus nazareno? Vieste destruir-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus.

mc 1:24
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Lucas 4:34

Dizendo: Ah! que temos nós contigo, Jesus Nazareno? vieste a destruir-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus.

lc 4:34
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Lucas 4:40

E, ao pôr do sol, todos os que tinham enfermos de várias doenças lhos traziam; e, pondo as mãos sobre cada um deles, os curava.

lc 4:40
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Marcos 1:32

E, tendo chegado a tarde, quando já se estava pondo o sol, trouxeram-lhe todos os que se achavam enfermos, e os endemoninhados.

mc 1:32
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Mateus 12:10

E, estava ali um homem que tinha uma das mãos mirrada; e eles, para o acusarem, o interrogaram, dizendo: É lícito curar nos sábados?

mt 12:10
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Marcos 3:1

E OUTRA vez entrou na sinagoga, e estava ali um homem que tinha uma das mãos mirrada.

mc 3:1
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