Vivendo Com Jesus
Versão para cópiaTormentosa expectativa
Desde quando era criança que ele sentia ser portador de algo extraordinário.
Muitas vezes pensou tratar-se de algum tipo de alucinação.
Sonhava interiormente com algo difícil de explicar.
Tudo, porém, parecia conspirar de maneira oposta, pois que nascera em um lar gentil, sendo seu pai Zacarias, um sacerdote respeitado e cumpridor dos deveres religiosos, fiel seguidor da tradição.
O seu nascimento ocorrera de maneira especial, porquanto seus pais oravam sempre rogando que Deus lhes concedesse um filho. No entanto, já desenganados da progenitura, seu pai tivera uma visão maravilhosa, quando fora colocar o incenso no vaso, no altar do templo, aparecendo-lhe um anjo que lhe anunciou a chegada de um filho, mesmo com a idade avançada em que ambos se encontravam e a esterilidade de sua mulher Isabel. Deus ouvira as suas preces e recompensava-os com a dádiva requerida.
A sua infância transcorrera entre as flores do campo e os deveres do lar, sob o carinho dos genitores e as reflexões em torno do Livro Sagrado.
Fascinava-o as narrativas de Elias, Isaías e de outros profetas a respeito do Messias que deveria vir para modificar as estruturas do mundo do seu tempo, concedendo a Israel a liberdade anelada e dificilmente conseguida.
À medida que crescera, mais se lhe fixara na mente a predestinação, e mesmo quando adormecido, vivenciava sonhos especiais com a presença de seres angélicos e mensageiros fulgurantes de luz apontando-lhe o futuro...
Resolvera, por fim, meditar, abandonando o relativo conforto do lar, as convenções sociais e humanas, retirando-se para o deserto. No silêncio dos areais inclementes de sol e nas noites frias nas cavernas, vivendo frugalmente, procurava vencer o impositivo do corpo a fim de poder entrar em contato com as fontes geradoras de vida, e então descobrir qual era o ministério que deveria exercer.
Sob o regime de austeridade e as lutas gigantescas para vencer os impulsos e necessidades da matéria, João permaneceu fiel ao seu propósito, meditando e procurando entender a grandeza daquele que viria após ele para a renovação da Terra.
O profeta Isaías afirmara:
(...) Voz do que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas (Mateus
E ele deu-se conta que a mensagem referia-se a ele, a quem não se achava digno de atar os cordéis das Suas sandálias.
Agigantando-se a ideia nos refolhos da consciência, não teve dúvida, e porque a corrupção, a indiferença pelas criaturas pobres e sofredoras confraternizasse com a hediondez e o crime, ele resolveu-se por atender ao chamado, ao labor para o qual nascera.
Mesmo no deserto, deu início à sua grandiosa missão.
Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus (Mateus
— conclamava com voz eloquente.
As pessoas que iam vê-lo e ouvi-lo ficavam atordoadas, pois que não conseguiam entender exatamente qual era esse Reino dos Céus.
Conheciam o reino de Herodes, torpe e indiferente ao destino do povo que governava como fazia de igual maneira o representante de César.
O soldo nesse mundo está assinalado pela traição, pelo deboche, pelos interesses vis, pela busca do poder e total egoísmo gerador de sobrevivência no meio hostil em que todos se odeiam fraternalmente, sorrindo e lutando por tomar-lhes o lugar, desde que seja mais rendoso.
A que reino ele se referiria? - pensavam os seus ouvintes.
A sua voz trombeteava a necessidade do arrependimento real e profundo, que significa a mudança do comportamento vicioso, assumindo outro de características diferentes.
Deveria ser de tal maneira significativo que, mais tarde, deveriam banhar-se nas águas do rio Jordão, simbolizando a purificação externa, após a interior, assumindo nova identidade, tornando-se seres inteiramente diferentes do anterior, homens novos.
Ele próprio não sabia quem seria o Messias, cabendo-lhe, somente, anunciar a Sua chegada, na condição de preparador dos caminhos, abrindo clareiras na mata escura das consciências atormentadas do seu tempo.
E ele desincumbia-se do labor com fidelidade total.
À primeira vista, era um homem estranho, com vestes exóticas, constituída por peles de animais cobrindo-lhe as áreas pudendas e parte do tórax, com uma corda tosca atada à cintura.
Impressionava pela grandeza de que se revestia e causava temor.
Continuava no seu desiderato sem saber quando teria o encontro com Aquele a quem amava sem conhecer, por quem daria a vida se fosse necessário.
Tudo, porém, aconteceu repentinamente. Numa certa manhã encantadora de sol, quando a multidão se apinhava à margem do rio, e ele ministrava as suas orientações, batizando, ergueu a cabeça e o viu.
Ele destacava-se no povaréu, tranquilo, com um leve sorriso bailando na face, caminhando na sua direção.
Emocionou-se e tremeu de contentamento, porque os seus olhos contemplavam o Messias, que se lhe acercou, abrindo passagem com gentileza no meio da massa.
Tudo aconteceu rapidamente, porquanto o Estranho - e era seu primo em segundo grau - prosseguiu sorrindo e preparou-se para receber o batismo. Sentindo-se sem os requisitos exigíveis para tanto, ele recusou-se e pediu-lhe:
—Eu careço de ser batizado por ti, e vens tu a mim?
Selava com a humildade o seu discurso de anunciação do Profeta. Mas Ele, bondoso e sábio retrucou:
—(...) Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça... (Mateus
Passados esses momentos gloriosos, ele sentiu que a sua tarefa estava em pleno êxito e que poderia tranquilizar-se.
As lutas, porém, eram ásperas, e ele não silenciava diante do crime nem da ostentação, enquanto o sofrimento lapidava a alma do povo.
Herodes Ântipas mantinha relacionamento matrimonial com a própria cunhada, que tomara do seu irmão, e ele passou a invectivar a conduta do governante odiento.
Sempre que possível exprobrava o seu comportamento moral e anunciava o fim do seu reinado, em face da chegada de uma Era de Justiça e de Amor.
Quando as circunstâncias se tornaram severas demais, mesmo para o seu temperamento forte e a sua austeridade, ele desejou ter certeza se o Messias era Jesus, porquanto todos comentavam os Seus feitos, enviando-Lhe dois discípulos para que Lhe interrogassem.
Os jovens foram e viram o que o Mestre fazia, acompanharam-Lhe o ministério por alguns dias e retornaram com as boas notícias, mas ele já estava encarcerado por ordem do governante arbitrário que o desejava silenciar com a prisão.
Nenhuma prisão pode sufocar a Verdade, mesmo quando esmague aquele que lhe é o portador.
Maskerus era a fortaleza da maldade, onde se encontrava Herodes Antipas e sua corte devassa.
Vítima davilania de Herodíades, que pediu à filha Salomé a cabeça do profeta; após um festim de embriaguez e de sensuali-dade, ele foi decapitado, depois de ter cumprido com o seu dever.
Mas a sua voz continuou milênios afora, conclamando ao arrependimento, à renovação, por estarem chegando os terríveis dias do Senhor.
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Mateus 3:13
Então veio Jesus da Galileia ter com João junto do Jordão, para ser batizado por ele.
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Mateus 3:15
Jesus, porém, respondendo, disse-lhe: Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça. Então ele o permitiu.
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Mateus 3:14
Mas João opunha-se-lhe, dizendo: Eu careço de ser batizado por ti, e vens tu a mim?
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Mateus 4:17
Desde então começou Jesus a pregar, e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.
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Mateus 3:2
E dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.
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