Vivendo Com Jesus
Versão para cópiaA Sublime Revolução
Tratava-se, inegavelmente, de uma revolução jamais acontecida.
Aquele Homem especial rompia todos os limites impostos pela prepotência e pelo abuso do poder.
A Sua presença agitava as massas ansiosas e inquietava os governantes injustos e exploradores.
Estava começando a batalha árdua, que se prolongaria pelos próximos anos, aumentando a geopolítica do país, governado por descendentes de estrangeiros que abominavam as tradições locais, desprezavam as raízes espirituais em que se firmavam as convicções religiosas e sociais, infelizmente desrespeitadas nesse período.
Israel aguardava um condutor que a libertasse do nefando jugo romano, concedendo-lhe favores extraordinários e facultando-lhe a preservação do orgulho de raça denominada eleita por Deus em detrimento de toda a humanidade.
Os séculos de escravidão na Babilônia e no Egito, as humilhações defluentes das lutas inglórias com outros povos que o sitiaram por demorados períodos, quais as lutas perversas com os filisteus, o cerco promovido pelos assírios, a subserviência a déspotas que o envileciam, de forma alguma lhe ampliaram os horizontes do entendimento em relação a Deus e às Suas leis soberanas.
O narcisismo doentio produzira o morbo da degradação moral e os seus profetas, em razão das abominações praticadas pelos governantes e sacerdotes hipócritas, silenciou as vozes espirituais por quase quatro séculos, de modo que pudesse perceber a necessidade de reconsiderar as convicções vigentes e as expectativas em torno do Messias...
O orgulho que cega é o responsável pela perda de sentido em relação à grandeza moral, abrindo espaço para a presunção e a soberba, que se encarregam do exterior, sem a menor contribuição para a realidade íntima do ser.
Desse modo, embora as demonstrações exuberantes do Rabi galileu, a empáfia dos representantes do povo e dos seus ministros espirituais, os israelitas esperavam um vândalo impiedoso que vingasse as gerações transatas que estorcegaram nos longos cativeiros e na humilhação sem nome.
O templo de Jerusalém espelhava a alma israelita: imponente, majestoso, ornados de peças muito valiosas, ostentando o poder temporal e as dádivas transitórias que lhe foram acrescentadas por Herodes, O Grande, onde se realizava, porém, o hediondo comércio dos Divinos bens...
Por isso, não ficaria, mais tarde, pedra sobre pedra que não houvesse sido derrubada pelos conquistadores igualmente impenitentes...
O bafio pestilencial do ódio, da discriminação em classes poderosas e desventuradas, tornava-o um reduto de infâmias e exploração da ignorância dos simples e ingênuos, através dos lamentáveis holocaustos de gratidão a Deus, ou de súplicas materiais para atender as necessidades transitórias.
A mensagem espiritual desaparecera completamente, e as cerimônias complicadas somente eram apresentadas aos dominadores vitimados pela luxúria e pela exorbitância dos cri-mes a que se entregavam...
O Mestre iniciara o Seu ministério conforme anunciaram os antigos profetas.
A Sua voz cantava o hino das bem-aventuranças, convocando as vidas à abnegação, ao dever, à pureza de sentimentos.
De imediato, como celeste Taumaturgo, Ele começou a demonstrar o poder de que se encontrava investido, diminuindo as imensas cargas de aflição que pesavam sobre os ombros vergados dos sofredores e infelizes.
Ele era uma aragem perfumada e balsâmica na ardência dos desesperos que dominavam as existências a se estiolarem nas enfermidades degenerativas, nas provações inomináveis.
Unindo às palavras os atos de amor e de misericórdia, Ele renovava o solo dos corações com a palavra consoladora e com a diminuição das mazelas dilaceradoras.
Tocadas nas fibras mais íntimas, as multidões seguiam-nO ansiosas e dominadas pela esperança.
Tudo nele era diferente. O Seu amor superava todas as expressões conhecidas até então.
Atendia os leprosos e os ladrões, as meretrizes e os viciados, com a mesma complacência com que a outros libertava da cegueira, da surdez, da paralisia, da loucura... Mas não con-cordava com as suas condutas equivocadas, sempre os convi-dando a uma radical mudança da forma de viver.
Os demônios temiam-no e obedeciam-Lhe à voz, embora, algumas vezes, tentassem inutilmente enfrentá-lo.
Dúlcido como o sândalo penetrante, era também enérgico, quando necessário, estabelecendo os parâmetros seguros para a existência feliz.
A Sua revolução tinha por meta a conquista do Reino dos Céus.
Diferente de tudo quanto ocorrera antes e jamais voltaria a suceder, a revolução não destruía vidas, erguia-as; não derramava o sangue dos lutadores, estancava-o naqueles que se encontravam feridos...
Nada solicitava, jamais pedia o que quer que fosse a alguém.
Ele viera para dar, para doar-se, para servir como jamais outrem assim procedera.
(...) E todos fascinavam-se com o Seu comando, deixando-se arrastar pelo seu verbo flamívomo e incorruptível.
Mas Israel anelava pela revolução armada, aquela que vítima, que destroça, que destrói. Era natural que O não reconhecesse, ou melhor, que O detestasse e, por isso, os Seus sicários políticos e religiosos tramaram a Sua morte.
Não havia lugar para Ele na história daquele povo belicoso e sofredor.
As classes em que se dividia a população bem demonstravam o nível de indiferença e de crueldade que sustentava as contínuas intrigas, traições e lutas intestinas...
O dia raiara banhado por suave temperatura, enquanto as boninas arrebentavam-se em flores, e o perfume da primavera rociava a Natureza nos braços gentis da brisa do amanhecer.
Às margens do lago de Genezaré, em Cafarnaum, as pessoas aglomeravam-se, aguardando o prodígio do Seu incomparável amor.
A Sua mensagem fora levada por incontáveis regiões à volta de Israel, e de toda parte vinham vê-lo os necessitados e os curiosos. A todos Ele distendia as mãos fulgurantes de luz e ricas de bênçãos.
As rosas miúdas e simplórias confraternizavam com as de Sharon, quando Ele reuniu os Seus discípulos e, em particular, num tom coloquial feito de ternura, disse-lhes:
— Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai. (Mateus
A conquista interna do Reino dos Céus deveria produzir os frutos da compaixão e da caridade em todos aqueles que O amassem. Teriam que possuir os dons de curar, de libertar do Mal, de arrancar das sombras da catalepsia aqueles que fossem considerados mortos...
A revolução teria que prosseguir, mesmo quando Ele já não estivesse aqui.
A gratuidade em todas as ações seria o selo de identificação do vínculo com Ele.
Transcorreram dois mil anos, e a Sua revolução prossegue convidando à doçura, à humildade, ao respeito pelo próximo e à caridade sob todos os aspectos considerada.
É necessário criar-se condições para que a revolução do amor prossiga engalanando a sociedade com a paz legítima, a iluminação interior e â fraternidade sem jaça.
O seu enunciado de amor continua a ecoar na convulsão dos tempos:
—Eu vos mando...
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Mateus 10:8
Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios: de graça recebestes, de graça dai.
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