Vivendo Com Jesus

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CAPÍTULO 9

Mãos Mirradas

Marcos 1:6 Enquanto a balada do Evangelho derramava alegrias nas mentes ingênuas e nos corações sofridos das massas, as multidões se acotovelavam e se empurravam para vê-lo, toca-lo, estarem perto dele.

Todos aqueles que tinham dificuldades e problemas, viam em Jesus o Seu libertador, e nele depositavam sua confiança, sua ansiedade.

Ele passeava o olhar compassivo e em todos infundia ânimo e esperança, confortando-os com ou sem palavras, mediante a irradiação do Seu psiquismo e da Sua ternura incomparáveis.

Simultaneamente, porém, a noite que predominava nos corações dos opressores e governantes impiedosos, dos do-minadores de um dia, dos religiosos presunçosos e ricos de in-veja, dos cobiçosos, de todos aqueles que somente desfrutavam de primazias e honras, temendo perdê-las, preparava o caldo de cultura do ódio para infamá-lo, para o pegarem em alguma contradição, cujas armadilhas estabeleciam com cinismo e sofisma. bem urdidos.

Mas Jesus os conhecia e se fazia inalcançável às suas tricas farisaicas hediondas e venais.

Aumentava o número daqueles que se beneficiavam com o Seu socorro, e crescia a onda que se propunha afogá-lo nas suas águas torvas e iníquas.

A sinagoga era lugar de orações e recitativos da Lei, de unção, de companheirismo... Mas também de encontros para a sordidez e para vingança, para a sedição e para a perversidade.

Ali se refugiavam o orgulho e a presunção, que a governavam, ditando regras de bom proceder para o povo necessitado. Entre eles, os que se permitiam todos os privilégios, tornavam-se conhecidos pelas suas mesquinharias e fraquezas, pelos seus comportamentos vis e perturbadores, que sabiam disfarçar diante daqueles que os ouviam e respeitavam, embora eles não se respeitassem a si mesmos, pois que se isso ocorresse, impor-se-iam outra conduta moral.

Assim sendo, e sempre que Lhe era possível o fazia, Jesus entrou de novo numa sinagoga. Havia ali um homem que tinha a mão paralisada...

A multidão que ora O seguia já não era somente de galileus e de sírios, mas também de judeus de Jerusalém, de Tiro, de muitas partes, atraída pelo Seu verbo e pela Sua força de libertação.

Lá fora, na paisagem irisada de luz, as anêmonas balouçavam nas hastes frágeis, e violetas miúdas derramavam perfume nos rios do vento que O conduzia por toda parte.

A astúcia dos adversários esperava que Ele se propusesse a curar no sábado, a fim de terem motivo para prendê-lo por desacato à Lei que estabelecia o repouso nesse dia.

O Mestre conhecia-lhes a intimidade dos sentimentos ultores e a vileza moral em que se debatiam. Por isso mesmo, não os temia, antes se compadecia da sua miséria espiritual.


Jesus disse ao homem que tinha a mão mirrada:

— Levanta-te e vem para o meio.

Convidar para o centro é dignificar o ser humano, que vive atirado na margem, ignorado, desrespeitado e esquecido. Essa é uma forma de restituir a identidade da criatura que merece respeito e carinho.


Ante o espanto natural e a possibilidade de Ele ferir os costumes legais, ouviram-no interrogar:

— (...) E licito no sábado fazer bem, ou fazer mal? Salvar a vida, ou matar? E eles calaram-se.

A pusilanimidade deles não corria risco de perdê-los, tomando uma definição. Esses cruéis perseguidores são de sentimentos elevados mortos, quais sonâmbulos com ideias fixas no ódio e na incúria.

Ficar calado é assentir sem comprometer-se, tendo chance de assumir outra posição, aquela que seja mais conveniente.


Passeando à volta de si um olhar sem cólera sobre eles, en-tristecido pelo endurecimento de seus corações, disse ao homem:

— (...) Estende a tua mão. E ele a estendeu, e foi-lhe restituída a sua mão, sã como a outra.

Nesse episódio, a paranormalidade do Mestre é novamente evidente. Ele tem o poder de restaurar os tecidos, influenciando o campo modelador da forma física, trabalhando nas células com a sua mente extraordinária.

A mão mirrada é também símbolo que encontra respaldo nas pessoas que nunca abrem o coração para ajudar, dando-lhe movimento de fraternidade. Ela fica mirrada por falta de ação dignificante e operosa, perdendo a finalidade para a qual foi elaborada pelo Pensamento Divino.

O encontro real com Jesus permite que retome a sua forma, tornando-se igual à outra, àquela que não foi atingida pela circunstância punitiva.

Depois de se retirarem — deixando-os boquiabertos e invejosos — os fariseus deliberaram com os herodianos contra Jesus acerca dos meios de matá-lo.

Os pigmeus morais, impossibilitados de crescer espi-ritualmente para alcançar os missionários do Bem e do Amor, arquitetam planos para destruí-los, ignorando que não se ani-quilam valores humanos com artimanhas que jamais alcançam a realidade dos seres.

Esses perseguidores são almas mirradas, sem ideais nem nobreza, perdidos no tempo e que naufragaram no egoísmo, debatendo-se nas suas malhas sem conseguir libertação. Pertencem a todos os tempos e caminham ao lado dos constru-tores da dignidade humana a fim de prová-los, de os submeter ao seu cadinho purificador. Transformam-se em testes de resis-tência para homens e mulheres que anelam pelo mundo melhor e se doam a essa causa.

São duros de coração, que não se enternece, nem se comove. O órgão vibra e impulsiona o sangue, mas nada tem a ver com a emotividade, com os sentimentos de beleza e de fraternidade. Terminam por tornarem-se carcereiros de si mesmos, enjaulando-se nas celas da indiferença que os entorpece e mata.

Jesus os defrontará com mais assiduidade, porém, sem atribuir-lhes qualquer significado ou considerar-lhes a distinção que se permitem, aumentando neles o ódio e a perseguição.

Eles passam, e a vida os esquece, mas não se olvidam de como agiram, de como são e do quanto necessitam para a reedificação.

Há muitas mãos mirradas na sociedade dos dias atuais. Perderam a função superior e estiolaram as fibras que as consti-tuem no jogo apetitoso dos interesses inferiores. Encontram-se no centro dos grupos, experimentam destaque, mas não são atuantes no Bem nem na compaixão, para receber aqueles que eles mesmos expulsaram do seu convívio e ficaram na marginalidade.

Agora constituem o grupo dos antigos fariseus e herodianos que sempre as usavam para perseguir e matar. Trouxeram-nas internamente mirradas, embora o exterior seja normal e atraente. Estão imobilizadas no cimento em que se encarceraram, aguardando Jesus, para chamá-los ao meio e curá-los.



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Veja mais em...

Marcos 1:6

E João andava vestido de pelos de camelo, e com um cinto de couro em redor de seus lombos, e comia gafanhotos e mel silvestre.

mc 1:6
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Marcos 3:5

E, olhando para eles em redor com indignação, condoendo-se da dureza do seu coração, disse ao homem: Estende a tua mão. E ele a estendeu, e foi-lhe restituída a sua mão, sã como a outra.

mc 3:5
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Mateus 12:13

Então disse àquele homem: Estende a tua mão. E ele a estendeu, e ficou sã como a outra.

mt 12:13
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Marcos 3:3

E disse ao homem que tinha a mão mirrada: Levanta-te e vem para o meio.

mc 3:3
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Marcos 3:4

E perguntou-lhes: É lícito no sábado fazer bem, ou fazer mal? salvar a vida, ou matar? E eles calaram-se.

mc 3:4
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