Sabedoria do Evangelho - Volume 2

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CAPÍTULO 46

A DISCRIÇÃO

MT 7:6


6. Não deis o que é santo aos cães, nem lanceis vossas pérolas diante dos porcos, para que não suceda que as pisem aos pés e, voltando-se, vos mordam Um versículo apenas, com singelo aviso de prudência em nossas atitudes em relação às demais criaturas.

A frase, em forma de provérbio, tem o andamento próprio das frases sentenciosas (mâchál) dos livros de sabedoria, com o ritmo binário: isto é, repete-se o mesmo pensamento duas vezes, em conceitos sinônimos.

No hebraico aparece, outra assonância entre as duas sentenças, o que nos oferece a razão da escolha d "pérolas" para opor a "coisas santas". Com efeito, em hebraico, "santo" é qodesh, e "pérola" é qedasha.

Os comentadores, desde o início buscaram alegorias para os cães e os porcos, dizendo tratar-se dos pagãos, os infiéis, os apóstatas, os ímpios, os debochados, etc. Mais equilibrados, os primeiros cristãos (Didáché, 9:
5) atribuem à ideia de não ensinar o encontro místico da Ação de Graças (Eucaristia) a não ser aos que tivessem conseguido o "mergulho" (batismo), quando então se começava a disciplina dos arcanos e a iniciação gradual dos catecúmenos.

Realmente parece claro que Jesus não distinguiu povos nem raças, mas simplesmente estágios evolutivos em qualquer raça ou povo. Não é o local do nascimento nem o tipo de sangue, nem qualquer outra característica da formação do corpo material que poderá decidir a respeito do estágio evolutivo das criaturas. Mede-se a evolução pelo "espírito", não pela matéria. A comprovação evidente aparece num exemplo típico do próprio Evangelho, quando Jesus diz (MT 8:10 e LC 7:9) que "nem entre os judeus encontrou tão grande fé, quanto no centurião", pagão adorador de Júpiter. Doutra feita, para exemplificar o amor, opõe o apóstata samaritano ao "justo" levita e ao sacerdote israelita (LC 10:33), deixando-os em posição de inferioridade evolutiva, como carentes de amor.

O ensinamento, portanto, resulta bastante claro: antes de revelar-se a verdade a respeito da doutrina, verifique-se o grau de adiantamento de quem vai recebê-lo, pois poderá suceder que ainda sejamos perseguidos e mortos pelos que não estão em grau de entender o ensino. E isso de fato ocorreu a milhares de criaturas que pretenderam divulgar fatos e conhecimentos, para os quais a humanidade - mesmo representada pela nata de seus dirigentes espirituais - ainda não estava preparada. Recordemo-nos do "mártires" dos primeiros séculos entre os pagãos; dos arianos assassinados pelos cristãos romanos no século 4. º dos numerosos profetas (médiuns) que surgiram através dos séculos em toda a idade média, e que foram sacrificados nas fogueiras pelos próprios cristãos; e mais de Galileu, de Savonarola, de Giordano Bruno, de João Huss, de Joana d’Arc, e de tantos milhares que nem podemos enumerar.

Daí a necessidade de prudência na divulgação das realidades espirituais, que só devem ser reveladas aos que estão aptos a compreendê-las e, assimilando-as, vivê-las.

A admoestação taxativa vem esclarecer-nos, como de outras feitas ainda veremos, a razão que levou Jesus (a individualidade) a falar e a agir sempre por metáforas, por exemplos vivos que são verdadeiros símbolos, utilizando-se de alegorias, de parábolas, de comparações, sem jamais dizer claramente qual o segredo de seu ensinamento.

Daí constituírem os Evangelhos uma obra realmente iniciática, revelando sabedoria profunda, jamais podendo dizer-se que se trata de trabalho escrito por homens comuns. São, de fato, uma revelação do mais alto teor, inspirados intuitivamente, através dos aparelhos mediúnicos altamente sensíveis que foram os evangelistas, cada um captando a mesma inspiração de acordo com o seu próprio grau de evolução espiritual. Essa a razão de ser João - o místico - o de mais altos e largos voos, e também a causa de que muitos outros "médiuns", nessa ocasião, tenham captado a mesma inspiração, mas, por serem pouco evoluídos, tenham escrito textos fracos, hoje catalogados como " apócrifos". Só mesmo os quatro de maior sensibilidade psíquica conseguiram atingir a noúre mais elevada, que naquela época constituía a noosfera do planeta, em virtude da aproximação psíquica de Jesus.

Dessa forma, os Evangelhos podem ser compreendidos e interpretados em vários planos: 1. º o literal, como o lê a maioria da massa humana que dura há séculos, grandemente aproveitando as palavras sábias e os exemplos maravilhosos; 2. º o moral, que se eleva um pouco mais, verificando as consequ ências reais que ali aparecem em todas as frases, belas e cheias de sabedoria; 3. º o alegórico, que já entrevê ensinos mais profundos, lidos nas entrelinhas, quando se percebe que as palavras são representa ções de outros planos mais altos, exprimindo coisas diferentes do que exprimem textualmente as palavras; 4. º o metafórico, que dá um passo mais adiante, e que já muitos comentadores perceberam plenamente, divulgando seus conhecimentos.

Essas quatro interpretações referem-se todas à personalidade, em seus quatro planos.


Mas outras três existem, compreendidos pela individualidade; o 5. º, ou simbólico, que se vem manifestando aos poucos, de acordo com a evolução da humanidade que caminha sempre mais à frente; o

6. º, ou místico, que estamos tentando penetrar, apesar de nosso atraso, mas grandemente ajudados pelas Forças do Alto; e o 7. º o espiritual ou divino, que ainda não atingimos, em virtude de nossa defici ência evolutiva.

Na época atual, onde numerosos já são os elementos capazes de perceber esse aprofundamento, tornouse possível penetrar e até mesmo divulgar, como estamos fazendo, essas interpretações, sem que nos arrisquemos a ser perseguidos e assassinados, como no passado. Mas, não obstante, grande número de irmãos de ideal ainda não consegue aceitar o que dizemos e, por isso, recebemos a perseguição moral de diversos tipos de acusação; estas nos alegram, pois sabemos - disse-o Jesus - que seus discípulos seriam conhecidos pelas perseguições e acusações que sofressem, já que o discípulo não é mais que o mestre, nem o servo mais que seu senhor; e se o Senhor e Mestre foi acusado de "endemoninhado, seus discípulos também o seriam" (MT 10:24-25). Daí o medo que sentiríamos, se fossemos elogiados: não estaríamos mais figurando entre os discípulos de Jesus.

Voltando ao texto, encontramos a sabedoria do ensino: nem a todos os que revelam desejo de saber, pode dizer-se a realidade total; nem tudo o que se percebe pode revelar-se, senão a alguns. Quando escrevemos, porém, sabemos que os que não podem compreender totalmente, não o compreendem mesmo, por mais claro que tenha sido explicado. Por isso não hesitamos em publicar as ideias que nos são trazidas, a respeito de aspectos menos divulgados do Evangelho, porque tudo o que dizemos já foi sabido e vivido por milhares de criaturas, no oriente e no ocidente.

Nada de novo trazemos: apenas nova maneira de apresentar a Verdade Eterna, que jaz silenciosa há séculos, oculta nas letras materiais das Escrituras, reveladas pelo Cristo Cósmico ao coração da humanidade, através dos grandes Avatares, dos Manifestantes divinos, que vieram à Terra para ajudarnos a evoluir.



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Mateus 8:10

E maravilhou-se Jesus, ouvindo isto, e disse aos que o seguiam: Em verdade vos digo que nem mesmo em Israel encontrei tanta fé.

mt 8:10
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Lucas 7:9

E, ouvindo isto Jesus, maravilhou-se dele, e, voltando-se, disse à multidão que o seguia: Digo-vos que nem ainda em Israel tenho achado tanta fé.

lc 7:9
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Lucas 10:33

Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele, e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão;

lc 10:33
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