Sabedoria do Evangelho - Volume 8

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CAPÍTULO 20

ENVIO A PILATOS

MT 27:1-2


1. Tendo-se feito manhã, tomaram conselho todos os principais sacerdotes e os anciãos do povo contra Jesus, para condená-lo à morte.

2. E algemando-o (o) conduziram e entregaram ao procurador Pilatos.

MC 15:1


1. E logo de manhã, reunindo o conselho, os principais sacerdotes com os anciãos do povo e os escribas e todo o Sinédrio, algemando Jesus o levaram e entregaram a Pilatos.

LC 23:1


1. E levantando-se, todo o grupo deles conduziu Jesus a Pilatos.

JO 28:28


28. Conduzem, então, Jesus de Caifás para o Pretório; era de madrugada; e eles não entraram no Pretório para que se não contaminassem, mas comessem a Páscoa.



O sinédrio não contava com a prerrogativa de executar sentenças de morte. Daí precisar recorrer à autoridade romana, que podia ratificá-la ou recusá-la. Mister, pois, ser bem fundamentada a acusação: para mais impressionar, mantiveram o prisioneiro algemado.

Pilatos pertencia à família Pôncia, e foi o 5. º Procurador romano na Judeia, funcionando desde o ano 23 d. C., e conservando-se nesse posto até o ano 36. Como Procurador, detinha poderes civis e militares, mas dependia do Legado na Síria.


No início de sua gestão, Pilatos usara o dinheiro do qorban para a construção do aqueduto de Ethan, e esse gesto provocou uma revolta dos judeus, reprimida com um massacre (Flávio Josefo, Ant JD 18,

3, 2 e Bell. Jund...2, 9, 4). Nos momentos difíceis procurava comtemporizar, a fim de fugir à responsabilidade e ver se conseguia agradar simultaneamente às duas partes. Mas acima de tudo buscava agradar a Tibério. Nos Evangelhos é dado a Pilatos o título de hêgemôn, "chefe", o mesmo atribuído ao Legado na Síria (LC 3:2) e ao próprio Imperador (LC 3:1). O título exato da função que desempenhava seria epítropos, palavra que não aparece nos Evangelhos.

Pilatos é citado com frequência por Philon e Flávio Josefo; todavia, a não ser aí, o nome desse Procurador não aparece registrado entre os escritores clássicos profanos, a não ser em Tácito (Anales, 15:
44) onde lemos: auctor nominis ejus (chrestiani) Chrestus, Tibério imperitante, per Procuratorem Pontium Pilatum supplicio erat adfectus, ou seja: "o autor desse nome (cristão) Cristo (no original Cresto) fora submetido ao suplício sob o Procurador Pôncio Pilatos, sendo imperador Tibério". Esse trecho, posto em dúvida por vários autores, como uma interpolação de cristãos, foi provado ser genuíno por Kurt Linck, no "De Antiquissimis 5eterum quase ad Jesum Nazarenum spectant testimontis", (na pág. 61).

O Pretório era a residência do Pretor e, por exceção, dos Governadores romanos, desde que aí se instalasse o tribunal (bêma), que consistia num estrado sobre o qual se colocava a sella curulis. Três locais podem ter sido utilizados ad hoc naquela manhã de sexta-feira: a) o palácio de Herodes, conhecido como a Torre de David, na porta de Jaffa; b) o Tribunal civil (melkcmeh), no vale do Tiropeu; c) a Torre Antônia, ao norte da esplanada do Templo.

A presunção geral pende para o último deles, onde o Procurador permanecia quando se afastava de sua residência oficial em Cesareia, ao passar em Jerusalém os dias dos festejos pascais.

Flávio Josefo (Bell. JD 5. 5.
8) diz que o local ficava enquadrado por quatro torres; sua área era de 1. 800 m2, sendo construído com grandes pedras, sendo-lhe, pois, bem aplicado o nome de lithóstrotos (de lithos, "pedra" e strônymi, "pavimentar"), como o denomina João (João 19:13), dizendo que em hebraico se chama Gábbatha ("lugar elevado, eminência"), de Gabâ; segundo Strack e Billerbeck, (o. c. t. 2, pág.
572) o termo é Gabbahhta, "fronte calva".

Preferem o primeiro sentido Edersheim, Schurer, Sanday. Guthe, Zahn, Abel, Durand Lagrange (cfr. Abel. "Jerusalem Nouvelle", pág. 565-567). Mas as descobertas de 1932-1933 vieram dar muita força ao segundo.

A concordância dos quatro Evangelistas é total, quando assinalam a sexta-feira, dia 14 de nisan como véspera da celebração da Páscoa, que começaria nesse dia às 18 horas, donde não quererem os judeus entrar no Pretório para se não contaminarem legalmente.


Segundo os cálculos astronômicos de J. K. Fotheringam ("Journal of Theologic Studies", 1911, pág. 120-127) e de Karl Schoch (Bulletin, 1928, pág. 48-57) entre os anos 28:34, o 14 nisan foi sextafeira no ano 30 (a 7 de Abril) e no ano 33 (a 3 de abril). Num desses dois anos ocorreu a crucificação (cfr. J, Levie, "La date de la Mort de Jésus", in "Nouvelle Revue Theólogique", t. 40, 1933, pág. 141-

147).

Pilatos tenta salvar Jesus da condenação, procurando negociar a clemência dos judeus em favor do réu, declarando-o "não culpado" e reenviando-o a Antipas, propondo, inclusive salvá-lo com a concessão da "graça pessoal".

Mas o ódio dos sacerdotes nada aceita, ameaçando o procurador de denunciá-lo a Roma. Daí dizer Jesus que Pilatos era "menos culpado" do que o Sinédrio (JO 19:11). Em vista disso levantam-se muitos para desculpar Pilatos (cfr. Renan, "Vie de Jésus"; Jackson et Lake, "The Reginnings of Christanity", pág.
13) embora os autores antigos o apresentem como duro contra os judeus (cfr. Fl. Josefo, Bell. JD 2:9-2, e Philon, "Leg. ad Caium", 38).

Em vista da impossibilidade em que se encontrava o Colégio Sacerdotal, oficialmente constituído, de submeter o candidato às provas máximas, que exotericamente seria a morte física, a Lei providenciou sua entrega ao poder civil, aproveitando-lhe o desinteresse dos chefes pela condenação desse "réu", para que a execução não fosse aplicada com sumo rigor, exigindo-se-lhe a verificação da "morte".

Nos mínimos pormenores comprovamos que jamais é abandonada a criatura humana, pois a Lei, através de Seus executores, prima em cuidar de todas as minúcias, escolhendo a dedo as personagens rigorosa e cuidadosamente selecionadas, para que se evitem erros e desvios prejudiciais à meta almejada.

Por esse motivo é que Pilatos, por ser displicente, foi conduzido àquele posto, tendo ao lado exatamente aquela esposa, que pudesse interceder em benefício de Jesus, abrandando ainda mais o ânimo do Procurador e tirando-lhe qualquer veleidade de perseguição.

Assim, encontrava-se Jesus nas mãos de um Colégio Sacerdotal cheio de ódio mortal, mas impotente na ação, e de um procurador romano que tinha poderes para agir, mas não desejava condenar à morte, tudo fazendo para libertá-los: era, pois, a figura ideal, que levaria o candidato à iniciação de seu grau até o ponto exato, e não aquém (libertando-o) nem além (exigindo a morte física real).

Não têm razão os que atribuem o sacrifício de Jesus a um "complat" de maldade, exclusivamente dependente da vontade humana: trata-se de uma necessidade vital, governada pela Vida e pelas Inteligências diretoras da Humanidade, que colocaram nos postos-chaves criaturas capazes de cumprir exatamente as determinações superiores.

Assim vai o candidato a caminhar passo a passo, até a consumação do sacrifício que lhe abrirá, de par em par, a porta de acesso ao posto supremo de Chefe do Sexto Raio, no Governo da Humanidade.



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Mateus 27:1

E, CHEGANDO a manhã, todos os príncipes dos sacerdotes, e os anciãos do povo, formavam juntamente conselho contra Jesus, para o matarem;

mt 27:1
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Mateus 27:2

E manietando-o, o levaram e entregaram ao presidente Pôncio Pilatos.

mt 27:2
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Marcos 15:1

E, LOGO ao amanhecer, os principais dos sacerdotes, com os anciãos, e os escribas, e todo o sinédrio, tiveram conselho; e, ligando Jesus, o levaram e entregaram a Pilatos.

mc 15:1
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Lucas 23:1

E, LEVANTANDO-SE toda a multidão deles, o levaram a Pilatos.

lc 23:1
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Lucas 3:2

Sendo Anás e Caifás sumos sacerdotes, veio no deserto a palavra de Deus a João, filho de Zacarias.

lc 3:2
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Lucas 3:1

E NO ano quinze do império de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos presidente da Judeia, e Herodes tetrarca da Galileia, e seu irmão Filipe tetrarca da Itureia, e da província de Traconites, e Lisâneas tetrarca da Abilínia.

lc 3:1
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João 19:13

Ouvindo pois Pilatos este dito, levou Jesus para fora, e assentou-se no tribunal, no lugar chamado Litostrotos, e em hebraico Gábata.

jo 19:13
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João 19:11

Respondeu Jesus: Nenhum poder terias contra mim, se de cima te não fosse dado; mas aquele que me entregou a ti maior pecado tem.

jo 19:11
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