Cristianismo e Espiritismo

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Nota 14

Sobre a sugestão ou a transmissão do pensamento No que se refere às teorias da telepatia, da transmissão do pensamento ou da sugestão, o Dr. Roman Uricz, chefe da clínica do Hospital de Bialy-Kamien, na Galícia, relata a seguinte experiência feita com uma adolescente de catorze anos, muito pouco instruída: "Tomei cem pequenos cartões brancos e neles escrevi os algarismos de 0 a 9; dez cartões com 0, dez com algarismo 1, outros dez com 2 e assim sucessivamente. Depois de bem misturados, apagou-se a luz e eu tirei do maço alguns cartões, colocando-os enfileirados, da esquerda para a direita, sobre a mesa.

Pedi então à Inteligência que escrevesse o número assim formado.

Obtida a resposta por escrito, acendia-se de novo a lâmpada e lia-se o número: a resposta sempre foi correta. Não podia ser isso leitura de pensamento, pois que nenhum de nós conhecia o número em questão... "Os conhecimentos da médium em aritmética são muito escassos, não tendo ela aprendido na escola de sua aldeia mais que as quatro principais operações. Poder-se-ia suspeitá-la de ser clarividente. "Para garantir-me contra essa possibilidade, combinei a seguinte experiência: na mais completa obscuridade, coloquei vinte cartões ao lado um do outro e pedi à Inteligência que me desse a raiz quadrada do número assim formado. A resposta foi dada em alguns minutos: 7. 501. 273. 011. Estava certa, porque o número formado pelos cartões era: 56. 269. 096. 785. 557. 006. 121 "Repeti doze vezes essa experiência. De três não obtive resposta; uma vez a resposta veio errada, mas oito vezes foi exata.

Semelhantes operações de aritmética estão absolutamente fora da capacidade do médium. Os resultados de minhas experiências não podem ser, portanto, atribuídos nem à transmissão de pensamento, nem à clarividência. " (Ver Revue Spirite, abril, 1
907) Por outro lado, a Sra. Britten, escritora espiritualista de nomeada, na 1nglaterra, cita uma experiência decisiva de Robert Hare, professor na Universidade de Pensylvânia, que foi muitas vezes referida, mas que ela narra como tendo-a ouvido pessoalmente do sábio professor. Experimentava ele, como tantos outros, com o único fim de descobrir o que a priori havia decidido não passar de abominável farsa. Depois de investigações prosseguidas durante longos meses, veio ele, por fim, a concluir que os fenômenos revelavam a existência de uma força até então desconhecida e que os ensinos transmitidos emanavam todos da inteligência, ou, por dizer diversamente, da transmissão de pensamento; é o que, contemporaneamente, foi apresentado como uma nova descoberta, a que deram o nome de telepatia.

Para neutralizar essa força, o professor inventou uma espécie de quadrante percussor, cujos movimentos eram influenciados por médiuns de efeitos físicos, enquanto uma agulha, acionada pelo poder mediúnico, indicava as letras do alfabeto colocado do lado da mesa, oposto ao médium, de modo que lhe fosse absolutamente impossível dirigir a agulha e não pudesse ver nem conhecer as comunicações ditadas. O quadrante era então influenciado pelo poder do médium, mas sem que este pudesse verificar a palavra soletrada, ficando também os assistentes na impossibilidade de dirigir a força que fazia mover o quadrante.

Foi no curso de uma série de experiências feitas por esse meio que um Espírito, que se dizia o primogênito do professor - um pequenino falecido aos dois anos de idade - vinha constantemente comunicar-se.

Posto que afirmasse haver-se tornado um homem, ele designava habitualmente pelo nome de Pequeno Tarley, pretendendo pronunciar Tarley em lugar de Charley, para dar, com essa designação infantil, uma prova da sua identidade.


Um dia em que o quadrante desempenhava lentamente a sua tarefa sob a mão de um poderoso médium, e o Pequeno Tarley se tinha anunciado, disse-lhe o professor:

– Pois bem, Pequeno Tarley, se és verdadeiramente tu que estás ai, pois que parece saberes tanta coisa, dize o que tenho eu em um pacote que está no bolso do meu casaco.

– Tens, pai - soletrou o Espírito –, em um pedaço de papel amarelo desbotado, um retalho do véu de renda amarela, ainda mais desbotado, que me foi retirado do rosto quando me achava deitado no pequenino ataúde.

– Pequeno Tarley - respondeu em tom de motejo o professor - vejo que muito pouco sabes, pois que nada de semelhante tenho no bolso.


Depois, voltando-se para as pessoas que formavam o círculo, disse-lhes gravemente:

– Vede, amigos, o que são as pretensas comunicações dos Espíritos, quando não há cérebro em que possam ler. É um sapatinho o que tenho no bolso; retirei-o, antes de fecharem o esquife, de um pé de meu filho morto e conservei-o cuidadosamente em uma gaveta durante um quarto de século, em memória do meu primogênito, com os seus brinquedos e outras lembranças do meu caro desaparecido. Confessai agora que esse Espírito se diverte conosco.

Dizendo essas palavras, tira do bolso um embrulho e desdobra, um após outro, um certo número de velhos pedaços de papel amarelo; chega finalmente ao último que continha... um véu de renda amarela; no envoltório, a falecida mãe escrevera que havia sido retirado de sobre o rosto do seu pequenino morto...

O professor errara, mas o Espírito não se tinha enganado.






FIM




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