As Chaves do Reino

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APRESENTAÇÃO

O REINO E SUAS CHAVES - EVANGELHO DE JESUS E DOUTRINA ESPÍRITA, EM SUA ESSENCIALIDADE E, correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías e disse: Entendes tu o que lês? E ele disse: Como poderei entender, se alguém me não ensinar? E rogou a Filipe que subisse e com ele se assentasse.


AT 8:30-31

Atendendo ao convite amigo da Casa fraterna que publica esta obra escrevemos estas linhas como preito de gratidão ao Grupo Espírita da Bênção, educandário no qual temos encontrado acolhimento e instrução, consolo e direcionamento, buscando também cumprir o elevado dever da cooperação, ao identificarmos neste livro as excelsas anotações da Esfera Superior, que vem nos trazendo as propostas maiores de renovação e regeneração. Longe de nós, todavia, a capacidade ou a pretensão de ensinar algo aos nossos irmãos que têm em mãos estas páginas. O Mestre por excelência de nossas almas é Jesus, Senhor indiscutível de nossas vidas, que faz e educa em nome do Amor e da Sabedoria, que fluem de Deus, nosso Pai.

Em todas as épocas, mensageiros inúmeros percorrem o mundo em nome do Cristo, transmitindo Suas lições de amor e se esforçando pela vivência do Seu Evangelho. Dentre esses, vários merecem o nobre título de "professor", por sua competência didática e esmerada dedicação a tudo o que se refere à educação das criaturas. Muitos de nós tivemos a grata oportunidade de conviver e estudar com um deles, Honório Onofre de Abreu - o autor espiritual deste livro –, que, quando encarnado de maneira exemplar e escorreita, dedicou-se ao aprofundamento da compreensão do Evangelho de Jesus, utilizando para isso o recurso primoroso das "chaves" apresentadas pela Doutrina Espírita. E agora o querido professor comparece mais uma vez à baila das perquirições e reflexões daqueles que procuram ter "olhos de ver" e "ouvidos de ouvir" oferecendo a mancheias os frutos de suas pesquisas que prosseguem para gáudio nosso, no plano espiritual em que se movimenta.

Segunda vez o valoroso benfeitor recorre às sublimes possibilidades da mediunidade, encontrando novamente no concurso fraterno do médium Wagner Gomes da Paixão o aparelhamento dócil e preciso para a exposição adequada dos conteúdos que iluminam e fazem discernir, consolando e orientando. Em março de 2016, veio a lume o livro O Evangelho por dentro - estudo interpretativo do Evangelho de Mateus à luz da Doutrina Espírita, em que o autor espiritual perpassa o texto de Levi com rara coerência e lucidez, demonstrando como interagem e se relacionam, de forma ampla e coesa, as Três Revelações Divinas. Percebe-se, através da leitura de O Evangelho por dentro, que os Princípios Fundamentais da Doutrina Espírita, hoje largamente abordados no âmbito de estudo do Consolador, já se encontravam presentes (e não poderia ser de outro modo) nos textos constantes do Antigo e do Novo Testamento, aguardando a disposição dos aprendizes de boa vontade, que viessem lhes compulsar as claridades.

Desta feita somos brindados com esta obra sutil, mas profunda; sintética, porém ampla - As Chaves do Reino. Quando encarnado seu autor destacou-se pela explanação em torno dos Princípios Fundamentais da Doutrina Espírita. Se o "Princípio" é o fundamento o alicerce, o ensinamento, considerado em seu sentido universal e eterno, a "chave" se apresenta como o recurso que permite ampliarnos a visão e dar objetividade à compreensão do "Princípio", agora em um contexto específico, operacional. Cita-se, por exemplo, a "Reencarnação". Este Princípio Fundamental já se encontra exarado no Antigo e no Novo Testamento, mas talvez possamos não divisálo adequadamente, faltando-nos os necessários "olhos de ver". Com o auxílio das "chaves", temos qualificada a percepção, e passamos a identificar tal ensinamento numa fala de Caim ("Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua face me esconderei"), ou numa figura do Apocalipse ("E os reis da terra, e os grandes, e os ricos, e os tribunos, e os poderosos, e todo o servo, e todo o livre se esconderam nas cavernas e nas rochas das montanhas").

O autor apresenta tamanha competência e versatilidade no trato com esses textos, que consegue perlustrar os conteúdos dos Princípios Fundamentais usando somente, em sua grande maioria, as anotações do Antigo e do Novo Testamento. Para fazer isso, ele se apropria de várias expressões, termos, palavras, que apresentam um sentido próprio dentro dessas citações bíblicas (as mencionadas "chaves"), e demonstra como se vinculam a outras referências, permitindo, com o devido aprofundamento que a Doutrina Espírita propicia, uma melhor percepção dos "Princípios" dentro dos textos, libertando ainda mais da letra o espírito, ao possibilitar voos maiores rumo ao infinito da compreensão em torno do ensinamento espiritual.

Dessa forma, As Chaves do Reino apresenta-se como uma sequência natural de O Evangelho por dentro, considerando-se que um possível roteiro de estudo do Evangelho de Jesus baseia-se no conceito de que o reconhecimento dos "Princípios" deve ser o nosso objetivo, e a utilização das "chaves" é a nossa metodologia. A fundamentação dessa proposta encontramos na obra do Espírito Emmanuel, que, através do médium Francisco Cândido Xavier, desenvolveu com maestria uma série de comentários em torno da interpretação do Evangelho publicados em vários livros. O Espírito Honório Abreu retoma esse processo, já utilizado por ele mesmo quando encarnado, para nos mostrar como esquadrinhar o texto, à procura de sua essência.

Um trabalho como este solicita, a quem se dedica a debruçar-se sobre as narrativas bíblicas, "sintonia" com os métodos da "instrução" a qual propõe disciplina nos estudos, gosto pela leitura dos textos envolvimento com a pesquisa e o cotejamento de referências. Mas aponta também para a necessidade inadiável de "afinidade" com a meta final de todo propósito evolutivo - a "educação" –, que se expressa pela iluminação de si mesmo, através da abertura de mente e sentimento, com o consequente amadurecimento do senso moral.

Neste ponto de nossas reflexões, sentimo-nos como o eunuco etíope da anotação de Lucas, nos Atos. Torna-se imprescindível nossa receptividade à revelação espiritual, pois os benfeitores "correm" assim como Filipe no episódio citado, à procura de mentes férteis para a necessária fecundação psíquica, de ordem superior. Tal postura de alma foi encontrada no eunuco, que "lia o profeta Isaías", assentado em "seu carro" (a sua posição evolutiva), como quem busca, nos textos a instrução de que tanto precisa.

Constantemente somos perguntados se temos entendido o que lemos como convite à reflexão e ao discernimento, ao esforço e à renúncia.

O eunuco demonstrou estar com o campo da mente amanhado para a semeadura, ao dizer que não poderia entender, a não ser que alguém o ensinasse. Em seguida, "rogou a Filipe que subisse e com ele se assentasse", da mesma forma que Jesus, na passagem inolvidável da "Pesca maravilhosa", entra no barco de Pedro e começa a orientar a multidão. A partir daí, abunda o ensinamento superior, fecundando a terra íntima da criatura.

É oportuno considerar que o episódio narrado conclui-se com a solicitação do etíope para que parassem "ao pé de alguma água" e que ele fosse batizado, expressão inequívoca da vontade firme daquele que compreendeu sua necessidade evolutiva, buscando o mecanismo das experiências humanas para o seu crescimento. E, se através da água avia-se o renascimento, o recomeço em novas bases, a transformação moral do ser o capacitará a perpassar a renovação pelo fogo do conhecimento superior e da prática da abnegação e da caridade, tal qual ensina-nos o Mestre e Senhor.

Desejando aos amigos um real aproveitamento nos estudos e na vivência do Evangelho de Jesus, compartilhamos com alegria, através desta obra, o recurso abençoado das "chaves" que o Espiritismo apresenta ao coração humano, ainda aflito e carente de consolo e iluminação não nos esquecendo de João, o qual, ao pregar o arrependimento no deserto da Judeia, anunciava que, para nós, "é chegado o Reino dos Céus".


LEONARDO LARA RIBEIRO


Em nome da equipe do Departamento Editorial do Grupo Espírita da Bênção.


Mário Campos, Minas Gerais, 10 de junho de 2016.



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