As Chaves do Reino

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CAPÍTULO 2

SERVO - FILHO - SERVIDOR

Quando, por efeito das experiências primevas, na infância da humanidade, ocorreram as primeiras noções de justiça, as Tábuas da Lei formalizaram, de modo universalista, os princípios que passariam a reger o mundo íntimo das criaturas e suas relações sociais. Expressivo passo em favor do progresso inteligente dos seres nessa fase, que culminaria nas pregações de João, o Batista, símbolo da plena observância da Lei. Daí a referência de Jesus a ele, quando diz que "entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João Batista" (MT 11:11; LC 7:28). Quer dizer, dos que conquistaram mérito por efeito dos labores pelas reencarnações regidas pela Lei de Causa e Efeito, João se destacava. Encontraremos assim, a figura do "servo", aquele que, por resultante de regras rígidas e ameaçadoras, cumpre o seu dever, embora sem consciência do significado moral dessas experiências: "Já vos não chamarei servos porque o servo não sabe o que faz o seu senhor" (JO 15:15).

Alargando o potencial de suas percepções através das vidas sucessivas que guardam a expressão simbólica de um arado a tornar maleável e fecunda a terra psíquica das criaturas, passível de muita produção avulta o entendimento das almas, quando alcançam a relativa maturidade de suas faculdades inteligentes, permitindo-lhes sentir a vida em novos prismas, tanto quanto libertar suas antigas concepções acerca de Deus e do Universo das antigas "amarras" dogmáticas e sistêmicas, segundo culturas e imposições então ultrapassadas, sem utilidade prática, graças à ampliação da compreensão íntima dos seres (evolução da ideia religiosa, qualificação da leitura pessoal da vida e de seus objetivos).

Como o planeta torna-se, de modo globalizado, um território de expiações e provas a partir daquela fase do Decálogo, vamos perceber que, com o aporte daquele contingente oriundo de Capela, na constelação de Cocheiro (vinda dos Espíritos degredados de outro orbe para a Terra), estabelece-se a diversidade de caracteres morais, o que se deve considerar para bom entendimento de como se processa a referida "maturidade" psíquica, que não é um fenômeno geral, porém de viva influência sobre o todo. É que, com os capelinos situados aqui, surgem os viciados, os inconformados, os violadores das leis, de modo que, além dos simples, simbolizados nas lições do Evangelho por "cachorrinhos" ("Mas Jesus disse-lhe: Deixa primeiro saciar os filhos; porque não convém tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos" - MC 7:27), existem também os "porcos": "[... ] nem deiteis aos porcos as vossas pérolas; não aconteça que as pisem com os pés, e, voltando-se, vos despedacem" (MT 7:6).

Assim, em meio a Espíritos simples, sem muitas aquisições intelectuais e morais (expressão dos autóctones, aborígines), e outros já comprometidos com a Lei (contingente oriundo de Capela), muitos se capacitaram e se emanciparam dessa condição de "servo" por dever e por temor (circuito mental mais fechado, quando se aprende, de fora para dentro, na base dos impactos), passando à condição de "filhos" e, por esse motivo, "herdeiros" do Grande Pai (abertura psíquica para temas morais e éticos, quando se estabelecem novos padrões de interpretação e vivência).

No entanto, se o despertamento mental autoriza o reconhecimento de Deus por Criador e Pai, somente a partir da real entrega de si mesmo à vontade do Supremo Senhor é que ocorre a graduação para a condição de "servidor". É que, mesmo alcançando a concepção mais ampliada de filho de Deus, a criatura pode mostrar-se refém dos mesmos interesses pessoais que o dominavam anteriormente, por imposição do egoísmo (efeitos dos condicionamentos adquiridos no tempo e que operam a indução à rotina): "Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço" (Romanos 7:19). Observamos isso de modo claro e bem explícito na "Parábola do filho pródigo", quando o filho, aparentemente leal ao pai, reclama seus direitos, ao perceber a generosidade do genitor com o filho desertor, que retorna: "Mas respondendo ele, disse ao pai: Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos" (LC 15:29).

Assim, o amor tende a qualificar-se na sabedoria, pois o discernimento como expressão do bom senso, é evidente depuração do sentimento maior.

Identificam-se, portanto, o "servo", como produto do domínio da Lei de Justiça (seu trabalho é realizado pela imposição, de fora para dentro, pelo temor); o "filho", como fruto da consciência da Lei de Amor vigente na Criação (surge geralmente pelo mecanismo da saturação, quando a individualidade, já exausta da escravização conceitual e de mera sobrevivência, começa a questionar, a cotejar informações, a deduzir logicamente e a sentir a amplitude da vida com seus movimentos evolutivos); e o "servidor", por expressão da consciência cósmica, então proposta essencial da Verdade revelada pelo Consolador Prometido por Jesus, quando se insere, pela adesão do sentimento, às propostas mais generosas e sábias do contexto em que se move, raiando pela desativação da resistência e da má vontade conectando, com isso, a moral evangélica, que é a expressão mais pura da Lei.



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Lucas 15:29

Mas, respondendo ele, disse ao pai: Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos;

lc 15:29
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Lucas 7:28

E eu vos digo que, entre os nascidos de mulheres, não há maior profeta do que João Batista; mas o menor no reino de Deus é maior do que ele.

lc 7:28
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Marcos 7:27

Mas Jesus disse-lhe: Deixa primeiro saciar os filhos; porque não convém tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos.

mc 7:27
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Mateus 7:6

Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas; para que não as pisem, com os pés, e, voltando-se, vos despedacem.

mt 7:6
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Romanos 7:19

Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço.

rm 7:19
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Mateus 11:11

Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele.

mt 11:11
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João 15:15

Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor, mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer.

jo 15:15
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