As Chaves do Reino

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CAPÍTULO 20

AS CHAVES DO REINO DOS CÉUS - AS CHAVES DA MORTE E DO INFERNO

Se nos dispusermos a refletir sobre os conteúdos do Evangelho de Jesus, tendo, neste momento peculiar do progresso humano, as "chaves" que o Espiritismo nos disponibiliza, no campo material para justa análise e proveitoso cotejamento de dados, perceberemos a lógica e a irretocável harmonia dessa escala evolutiva, que reúne os elementos físicos e espirituais, "do átomo ao arcanjo", em perfeita sincronia de valores e propostas, no rumo da perfeição.

Pode-se dizer que uma "chave" representa a "síntese" de um processo de vida, nessa cadeia imensurável de Amor universal. Para se ter uma ideia acanhada dos mecanismos evolutivos que nos colhem, para ilustração de nossas almas, frente ao infinito de Deus, pensemos inicialmente, na Terra, que é um dos orbes constitutivos do Sistema Solar. Esse sistema, que é uma família de mundos, os quais gravitam em torno do Sol, está situado na constelação de Hércules, que, por sua vez, integra a Via Láctea, sendo que a própria Via Láctea está inserida numa constelação de galáxias. De modo que podemos imaginar filosoficamente, o movimento das espirais - desde o planeta Terra em circuito próprio de gravitação, definindo uma dessas espirais, a qual se abre para a grande espiral do Sistema Solar, encerrando uma espiral muito mais ampla dentro da constelação de Hércules, a qual, igualmente, expressa uma imensurável espiral, que se abre para a magnífica espiral da Via Láctea, e assim por diante –, como a sugerir a "infinitude" do poder de Deus.

Toda vez que nossa mente se abre (em razão e sentimento) para novos horizontes da vida universal, saímos de um circuito fechado, restrito (espiral elementar, como um ciclo de aprendizado dentro de certos limites) para outros domínios vibratórios da Criação. Isso significa que vencemos uma etapa da nossa espiral evolutiva, e avançamos para outras experiências mais ampliadas, que simbolizam o movimento espiraloide do Universo. Partimos de um ponto e descrevemos uma órbita, até a culminância daquele ciclo, sem fechar o movimento, mas "saindo" positivamente para formar outro ciclo de experimentação e vida, mais abrangente e promissor.

Analisando isso, podemos inferir com segurança o significado da afirmativa de Jesus a Pedro: "E eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus" (MT 16:19).

A proposta ilustrativa da espiral, definindo um ciclo de experiência e aprendizado, para potencialização do Espírito em termos evolutivos pode se dar de encarnação a encarnação, mas deve também ser compreendida como proposta de iluminação dentro de uma mesma existência física, pois a vinda de Jesus ao mundo diz respeito à capacitação intelecto-moral dos homens, para que eles operem no Amor revelado pelo Cristo, e efetivem o que está escrito: "Mas sobretudo, tende ardente amor uns para com os outros, porque o amor cobrirá a multidão de pecados" (I Pedro 4:8).

Estudando "A confissão de Pedro" (MT 16:13-23), verificaremos a posição mental dos discípulos do Mestre ante a indagação: "Quem dizem os homens ser o Filho do homem?". Na resposta dos seus seguidores nota-se a confusão do povo entre o Princípio da reencarnação e a ressurreição, até que, de si mesmo, Simão identifica "o Cristo, o Filho de Deus vivo". É essa capacidade espiritual do ex-pescador de Cafarnaum que Jesus afirma ser a "pedra", sobre a qual edificará a "Sua igreja" e contra a qual "as portas do inferno não prevalecerão".

Justifica-se, então, a encarnação do discípulo, que "acordou" o próprio Espírito então "sepultado" na carne, nos fluidos densos, donde deverá sair para a sua natureza divina e imortal, seguindo os passos do Mestre.

Como consequência dessa capacidade subjetiva e real, em termos morais-espirituais, triunfando dos jogos da matéria, que não é senão sugestão e "laço que prende o espírito", na definição doutrinária do Espiritismo, Pedro ouve da maior autoridade que já pisou na Terra que Ele lhe daria "as chaves do reino dos céus", ou seja, Simão alcançou por efeito de sintonia com o Criador, a "síntese" que fecha o ciclo das reencarnações preparatórias da emancipação moral da criatura humana, e passa a deter as "chaves" (conhecimento e prática) que lhe conferem autoridade e percepção abrangente da vida, para além dos domínios restritivos do mundo material - berço das almas que se ilustram para o infinito da vida cósmica.

Note-se a sabedoria do Cristo, assinalando ao discípulo então tomado por divina percepção de Sua missão no mundo: "[... ] tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus". As reencarnações, quando patrocinadas pela Luz Divina, com apoio decisivo das grandes revelações, que guardam, no plano físico, o papel de "acordar" ou "sustentar" nos reencarnantes disposições espirituais de maior nível, trazidas da vida espiritual para a Terra, são etapas de fixação de valores celestiais (virtudes) ou mesmo a expansão de potências já trabalhadas em outras etapas reencarnatórias, acrescidas dos estágios que os desencarnados fazem no Além, como "impregnação" vibracional de seu psiquismo - uma espécie de namoro com os valores transcendentes, passíveis de confirmação e pleno domínio apenas nos mundos materiais, através da reencarnação.

Desvinculando-se da sintonia que mostrava a Pedro estar diante do Cristo de Deus, ele teme pela morte do Senhor e exaspera-se, quando é repreendido: "Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo" (o discípulo deixa de compreender o plano divino para redenção da humanidade, e entra no circuito do interesse pessoal, filho do egoísmo). É diante disso que podemos nos valer de outra passagem do Evangelho, em MC 9:43: "E, se a tua mão te escandalizar, corta-a; melhor é para ti entrares na vida aleijado do que, tendo duas mãos, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga" (processos expiatórios em que a culpa e o remorso respondem pela instauração do inferno consciencial e da morte moral).

No livro Apocalipse, registra-se importante resumo desse processo de afirmação da Luz com sacrifício de si mesmo, para gáudio do progresso espiritual: "E o que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno" (Apocalipse 1:18). Quando Jesus, o Salvador por excelência, se deixa imolar sem apresentar nenhum "pecado" - por isso a imagem do "cordeiro" –, Ele ensina que o nosso passado deve ser morto, pois, na "ressurreição", o "Filho do homem" carrega a "essência" de todo o aprendizado, e tem o poder da vida, ou seja, "as chaves da morte e do inferno", afinal triunfou dos processos inferiores do egoísmo e do orgulho, refletindo o Pai e a Sua augusta vontade: "Quando levantardes o Filho do homem então conhecereis quem eu sou, e que nada faço por mim mesmo; mas falo como o Pai me ensinou" (JO 8:28).



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I Pedro 4:8

Mas, sobretudo, tende ardente caridade uns para com os outros; porque a caridade cobrirá a multidão de pecados.

1pe 4:8
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Apocalipse 1:18

E o que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno.

ap 1:18
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Mateus 16:13

E, chegando Jesus às partes de Cesareia de Filipo, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem?

mt 16:13
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Mateus 16:14

E eles disseram: Uns João Batista, outros Elias, e outros Jeremias ou um dos profetas.

mt 16:14
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Mateus 16:15

Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou?

mt 16:15
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Mateus 16:16

E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo.

mt 16:16
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Mateus 16:17

E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus.

mt 16:17
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Mateus 16:18

Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela;

mt 16:18
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Mateus 16:19

E eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.

mt 16:19
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Mateus 16:20

Então mandou aos seus discípulos que a ninguém dissessem que ele era o Cristo.

mt 16:20
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Mateus 16:21

Desde então começou Jesus a mostrar aos seus discípulos que convinha ir a Jerusalém, e padecer muito dos anciãos, e dos principais dos sacerdotes, e dos escribas, e ser morto e ressuscitar ao terceiro dia.

mt 16:21
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Mateus 16:22

E Pedro, tomando-o de parte, começou a repreendê-lo, dizendo: Senhor, tem compaixão de ti; de modo nenhum te acontecerá isso.

mt 16:22
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Mateus 16:23

Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim Satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens.

mt 16:23
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João 8:28

Disse-lhes pois Jesus: Quando levantardes o Filho do homem, então conhecereis quem eu sou, e que nada faço por mim mesmo; mas falo como o Pai me ensinou.

jo 8:28
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