As Chaves do Reino

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CAPÍTULO 34

ISTO É O MEU CORPO - CINCO PÃES E DOIS PEIXES - O SANGUE DO NOVO TESTAMENTO

Jesus é "o pão que desceu do céu" (JO 6:41), qual um sol que vitaliza e uma chuva que fecunda os territórios íntimos das criaturas em aprendizado espiritual. Mas esse "pão", que guarda a expressão de poderoso nutriente moral, apresenta peculiaridades que interessam à evolução consciente. Por isso, o Mestre afirma: "[... ] e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo" (JO 6:51).

Se o Cristo deu-se em holocausto para exemplificação do que significa a entrega plena à vontade de Deus, esse testemunho, que ecoa como um brado de amor supremo pela história humana, apresenta outras facetas de beleza e dinamismo espiritual. É que o "pão" que alimenta forma um "corpo de carne", ou seja, toda a vida de exemplos e testemunhos do Mestre é esse alimento moral, e "materializa", para percepção do mundo inteiro, o "Amor do Pai", em pureza e eternidade.

É o "Verbo" que "se fez carne" (JO 1:14). Chamamos isso de "corpo doutrinário" do Cristo. É o estudo desse corpo (ensinos do Evangelho) e a "ingestão" dessa "carne" (alimento moral) que promoverão a nossa saúde espiritual e o nosso crescimento vigoroso, segundo a vontade de Deus: "Tomai, comei, isto é o meu corpo" (MT 26:26).

Tanto o pão quanto o sangue são símbolos de expressão sublime codificando as preciosidades do trabalho realizado pelo Espírito em contato com a matéria, através das reencarnações. No episódio da "Primeira multiplicação dos pães", esse símbolo, que mostra Jesus como o "pão que desce do céu", ganha expressivos contornos de sabedoria e beleza: "E, tomando ele os cinco pães e os dois peixes levantou os olhos ao céu, abençoou e partiu os pães, e deu-os aos seus discípulos para que os pusessem diante deles. E repartiu os dois peixes por todos" (MC 6:41). Aí identificamos movimentos libertadores, que nos edificam para a transformação moral, de que tanto carecemos: reconhecer que não importa o quanto temos, pois o que podemos apresentar para Deus, através do próximo, é sempre uma contribuição sagrada ("cinco pães e dois peixes"); levantar os olhos aos céus, manifestando consciência da fonte cósmica, que é Deus-Criador ("Pois não lhe dá Deus o Espírito por medida" - JO 3:34); abençoar o que oferecemos aos semelhantes, em nome de nossa consciência espiritual, sabendo que transferimos o que pertence legitimamente a Deus ("Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna" - JO 6:54), pois tudo o que é labor sacrificial do amor é reflexo da bondade do Pai; e, por fim, partir os pães, entendendo que de tudo o que oferecermos por amor e consciência aos semelhantes cada beneficiário somente irá se apropriar da parte que lhe couber segundo o degrau de sua evolução já conquistada.

Quando analisamos mais detidamente o significado do peixe, que é lembrado na narração da "Primeira multiplicação dos pães", temos de considerar que se trata de um componente biológico, remontando ao processo de vinculação com a matéria mais densa, então formalizada na Terra pelos elementos conhecidos da Natureza, como água, ar, terra etc. O peixe, em sua significação evolutiva, faz o papel de mediador entre as algas e bactérias existentes nos oceanos (estágios iniciais de manifestação do Princípio Inteligente) e a "saída" das águas na feição de répteis (avanço significativo dos Princípios Espirituais, coordenado pelos prepostos do Cristo, para formação do planeta em sentido dinâmico), para permitir o surgimento das aves e dos mamíferos terrestres. O peixe possui as guelras, e sobrevive completamente entregue às águas, de onde retira o oxigênio e a própria alimentação.

Essa "entrega" nos dá uma ideia muito expressiva sobre como viver da vontade de Deus, que a tudo criou e a tudo rege com perfeição.

Muitas vezes nos indispomos com situações e pessoas, numa espécie de bloqueio emocional, eclipsando nossa mente, que não mais retira do Cosmos o "oxigênio" e o "alimento" de natureza espiritual, para nutrição e euforia de nossa vida íntima.

O "pão da vida", conforme Jesus explicita, é a essência que está no alimento (não se trata aqui da forma didática, mas sim do conteúdo o que nutre essencialmente). Não nos esqueçamos disso. O pão guarda uma imagem fecunda, que nos remete à ideia do trabalho constante, do sacrifício que edifica e projeta, e que vai desde o preparo do campo, a semeadura, os cuidados, a colheita, o armazenamento o beneficiamento, a fabricação, o forno etc. "Eu sou o pão da vida" (JO 6:48) é o símbolo da transferência informativa de tudo o que nos aguarda nas linhas programáticas da evolução espiritual. Metabolizar esse "pão" implica alimentar-se de seus nutrientes (as lições do Cristo) e, se dermos muito valor aos peixes - daí serem apenas dois peixes e cinco pães, para que os valores do espírito estejam em vantagem no campo da matéria, que está simbolizada no peixe –, nós continuaremos achando que Jesus veio à Terra apenas para curar o paralítico e o cego e para resolver as nossas dificuldades existenciais mais primárias. Os que entendem assim estão colocando mais peixe do que pão em sua existência. Estarão sendo multiplicados os peixes, e não os pães, numa ordem inversa de progresso.

Já o símbolo do sangue é associado ao vinho, porque o sangue é que faz o papel de canalizar, de conduzir todos os recursos extraídos do pão (metabolização do alimento e condução desses valores para todo o organismo). O vinho é produto da videira, que tem relação com a vinha e com a uva, a qual deve ser massacrada, sendo, assim, imagem do testemunho pessoal e do sacrifício em prol da evolução, transformando sempre.

Desse modo, sem o sangue, o pão nos intoxicaria, pois não seria metabolizado. Ele não circularia, para beneficiar o cosmo orgânico. O sangue é a dinâmica, o trabalho, o contexto em que somos situados na vida, para as experiências de crescimento: "Porque isto é o meu sangue, o sangue do Novo Testamento, que é derramado por muitos para remissão dos pecados" (MT 26:28).

Quando analisamos o "sangue do Novo Testamento", temos o dever de observar Jesus, puro e imaculado, carregando sobre Si as misérias humanas, para testemunhar o quilate de Seu Amor, revelando o Amor de Deus. E, ao dizer que Seu sangue "é derramado por muitos, para remissão dos pecados", o Mestre assinala que o sacrifício pessoal em nome do Amor é caminho de libertação e iluminação para os que seguem chumbados ao chão terreno, em processos de culpa, remorso revolta, inconformação: "Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?" (Hebreus 9:14).



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João 6:41

Murmuravam pois dele os judeus, porque dissera: Eu sou o pão que desceu do céu.

jo 6:41
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João 1:14

E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.

jo 1:14
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Hebreus 9:14

Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?

hb 9:14
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João 3:34

Porque aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus; pois não lhe dá Deus o Espírito por medida.

jo 3:34
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João 6:51

Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo.

jo 6:51
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Mateus 26:26

E, quando comiam, Jesus tomou o pão, e, abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, e disse: Tomai, comei, isto é o meu corpo.

mt 26:26
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Mateus 26:28

Porque isto é o meu sangue, o sangue do Novo Testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados.

mt 26:28
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João 6:48

Eu sou o pão da vida.

jo 6:48
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Marcos 6:41

E, tomando ele os cinco pães e os dois peixes, levantou os olhos ao céu, abençoou e partiu os pães, e deu-os aos seus discípulos para que os pusessem diante deles. E repartiu os dois peixes por todos;

mc 6:41
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João 6:54

Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia.

jo 6:54
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